O plano em questão teria como um dos mentores o apenado Orismar Santana de Souza, que está em prisão domiciliar desde o dia 18 de abril de 2020 por 90 dias, por conta de uma decisão judicial, sendo que o citado interno possui relevante poder aquisitivo e poder de fogo para implementar uma ação nesse sentido.
Ainda não foi descoberto o modo que os internos irão utilizar para implementarem a fuga em análise, “mas o certo é que eles cogitam desde a tomada de refém de algum funcionário da unidade, seja dentro do presídio ou em via urbana, ou até mesmo algum dos seus familiares, de modo a forçar suas saídas por uma chantagem, mas também cogitam a utilização de um grupo armado para adentrarem à unidade e retirarem os presos mencionados”, diz a inteligência do Sistema Penal em um relatório obtido com exclusividade pelo Portal Ver-o-Fato.
De acordo com relatório, também chegou ao conhecimento do Sistema Penal que os advogados Flávio Albucar e Alessandro Campos seriam os intermediadores das comunicações com os presos citados, e que os dois “seriam possíveis membros ou empregados da facção criminosa Comando Vermelho (CV)”.
Refém e direitos
Outro relatório da inteligência prisional, obtido pelo Ver-o-Fato, informa que presos da Central de Triagem Metropolitana III (CTM III) receberam no dia 07 de abril deste ano, um “salve” (ordem), por intermédio do advogado Gustavo José Ribeiro da Costa, no sentido de “tomar um agente penitenciário de refém e reivindicar supostos direitos que, segundo os próprios presos, estariam lhes sendo cerceados”.
Segundo os dados coletados, os presos envolvidos na ação teriam, a princípio, não aceitado obedecer a ordem, pois a possibilidade de êxito seria mínima, uma vez que a unidade atua com rigorosos protocolos de vigilância aproximada. Com isso, aguardariam a próxima visita social para justificar o não acontecimento da desordem.
Os presos envolvidos no “planejamento da ação delituosa em comento” são Patrick William Silva de Oliveira, mentor de toda ação e que recebeu o “salve” por intermédio do advogado; Valdei de Souza Lima, Geovane Almeida Chagas e Rodrigo dos Santos Pinheiro, que estaria responsável em tomar de refém o agente prisional.
O Ver-o-Fato abre espaço à manifestação dos três advogados cujos nomes aparecem citados nos relatórios de inteligência do Sistema Penal para que eles se manifestem sobre as acusações.
“Vou processar”, ameaça presidente da OAB
Na busca pelo contraditório, o Ver-o-Fato entrou em contato com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA), Alberto Campos, que reagiu mais uma vez com indignação sobre as denúncias contidas no relatório do Sistema Penal. Ele disse que até agora a Seap não comunicou o caso à OAB e nem pediu a manifestação da entidade sobre providências contra os dois advogados de Itaituba.
“Caso a Seap não peça a abertura de inquérito policial sobre a suposta participação desses advogados no episódio, nós iremos tomar medidas judiciais contra a Secretaria e contra o governo do Estado por estarem divulgando falsamente atos imputados a advogados que estão no exercício da profissão”, prometeu Campos.
Ele disse que o advogado “não participa de crime organizado, não integra comando nenhum, apenas exerce a profissão, advogando alguns acusados que estão participando desse tipo de organização criminosa”. Disse que o advogado faz defesa técnica, não participa da prática do crime, e como parte dessa profissão ele precisa comparecer ao presídio para dar ciência aos seus clientes do que está fazendo, seja pelos honorários que recebe ou pela defesa gratuita”.
O presidente da OAB afirmou que não aceita informes e relatórios colhidos “nos porões de cárceres”, acrescentando que isso “é prática antiga, da época do regime militar” e que hoje “vivemos num estado democrático de direito”. Frisou ainda que se vierem denúncias fundamentadas à OAB contra advogados ele irá tomar providências.
Campos anunciou que convocou para esta quinta-feira, 10, uma reunião extraordinária da OAB, que terá a presença de presidentes das subseções do interior do estado, além do procurador nacional de Defesa de Prerrogativas do Conselho Federal da entidade, Alex Sarkis, e do presidente nacional da Comissão de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia, Alexandre Ogusuku.
“Vamos nessa sessão virtual deliberar sobre que medidas tomaremos contra essas condutas que vem sendo adotadas pela Secretaria do sistema penitenciário”, resumiu o presidente.
Fonte: Ver-o-fato
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