‘Perdoa-lhes, Senhor, pois eles não sabem o que fazem’ (Lucas 23:34). Mas Bolsonaro sabe muito bem o que diz e para quem fala. Quando ele afirma, sem rir ou baixar os olhos, que a economia brasileira é a que está se recuperando melhor, mesmo com 13 milhões de desempregados, quebradeira geral, déficit monstro e recessão, está falando para pessoas que não têm ideia do que acontece em outros países, não têm base para comparação. E, mesmo assim, acreditam nele e saem repetindo o bordão. Ele confia na ignorância de sua base e não liga de ser debochado, desmentido e chacoteado pelos que sabem das suas mentiras mal contadas. Esses não vão votar nele mesmo, então não o interessam.
Ele se diz o grande vitorioso sobre a epidemia, mesmo com o Brasil em segundo lugar nas mortes, repetindo que a cloroquina evitaria muitas delas, que os culpados são os governadores e prefeitos, e o STF, que lhes deu autoridade para instituir o isolamento, que, como ele diz, é para os fracos. Assegura para seu rebanho que, sem o isolamento, haveria menos contaminações e mortes — o único governante ou médico do mundo a dizer isso. Nem Trump ousou tanto. Ele vira piadas, escrachos e memes, mas não liga, aposta sempre na ignorância, talvez por ser ele mesmo de ignorância cavalar — que não se confunde com burrice ou ingenuidade. A inteligência a serviço do mal provoca mais danos que a burrice.
Jair não é burro nem ingênuo e está desenvolvendo uma mistura explosiva de pastor evangélico e militar latino-americano, com um discurso populista-nacionalista, baseado em verdades fictícias, sempre sem provas concretas, e mentiras conscientes que só vão gerar mais ignorância. A vantagem de mentir para ignorantes é que ninguém o contesta.
Quando
contestado, como no único debate de que participou, ele foi o pior
de todos: mostrou que não sabia nada, que não sabe responder, só
dar ordens. Nos outros debates, se tivessem acontecido, seria
massacrado até pelo Cabo Daciolo. Mas essa sorte não se repetirá
em 2022.
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