Veja - Em
tempos normais, o pronunciamento do presidente da República, no dia
em que o país celebrou mais um aniversário de sua independência,
teria merecido no Jornal Nacional mais do um resumo de quando nada
porque ele exaltou o golpe militar que implantou no país uma
ditadura de 21 anos.
Mas os tempos não são normais, como
o presidente também não é. Mas os tempos não são normais, como o
presidente também não é. Jair Bolsonaro tentou aplicar uma
pegadinha na Globo, e ela não caiu. Na parte do discurso que se
referia ao golpe, chamado por ele de revolução de 64, Bolsonaro
valeu-se de trechos de um editorial do jornal O Globo publicado em
1984.
Segundo Maurício Stycer, colunista da Folha de S.
Paulo e autor da descoberta, o editorial, assinado por Roberto
Marinho, dono do jornal, começava assim:
“Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generelizada.
Em sua fala de ontem, transmitida em cadeia nacional de rádio e televisão, Bolsonaro disse:
“Nos anos 60, quando a
sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros,
identificados com os anseios nacionais de preservação das
instituições democráticas, foram às ruas contra um país pela
radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção
generalizada”.
Não foi a primeira vez que Bolsonaro
provoca a Globo. A primeira foi em agosto de 2018 quando era
candidato a presidente. Em entrevista à GloboNews, ele citou o mesmo
editorial. Levou como resposta que o jornal “O Globo” revira sua
posição sobre o golpe cinco anos antes, e que como golpe o tratava
desde então.
A resposta da Globo à pegadinha foi sutil,
embora tenha sido mais incômoda para Bolsonaro. Por mais de 60
segundos, o Jornal Nacional mostrou imagens do panelaço ouvido em
todas as regiões do país no exato momento do discurso presidencial.
Quem dá recebe, quem pede tem preferência.
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