A Polícia Federal avança sobre mais um nome de auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na investigação dos atos antidemocráticos. Trata-se de Max Guilherme Machado de Moura, ex-policial do Bope do Rio de Janeiro, atualmente assessor especial no gabinete pessoal do presidente.
A PF apura a ligação do PM com perfis nas redes socais que estimularam as manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
Os demais foram os assessores especiais Tércio Tomaz Arnaud, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, apontados como integrantes do chamado "gabinete do ódio", além do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Iniciado a partir de um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o inquérito busca elucidar a ligação de apoiadores do presidente com as manifestações que pediam fechamento da corte e do Congresso.
A PF tem feito progressos na coleta de informações sobre a organização e o patrocínio desses atos, ocorridos seja em ambiente virtual, seja nas ruas do país –um deles, no mês de abril em Brasília, em frente ao QG do Exército, contou com a presença de Bolsonaro.
Evidenciada pelos interrogatórios das últimas semanas, uma das linhas de apuração é tentar esclarecer o envolvimento de assessores diretos do presidente.
O nome de Max Guilherme foi mencionado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, encarregada do inquérito, nos interrogatórios do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), de Tércio e de José Matheus, nos dias 10 e 11 do mês passado.
Os três foram questionados sobre a relação que mantêm com Max Guilherme.
Filho do presidente, Carlos respondeu que o "conhece, uma vez que o mesmo trabalha com o presidente de República, [mas] que não tem relação profissional com Max".
José Matheus também disse conhecer "Max, da assessoria do presidente, mantendo apenas uma relação profissional com ele".
Além de perguntar se conhece Max, a delegada quis saber de Tércio se "criou alguma página ou publicou algum conteúdo para Max".
Tércio respondeu que "conhece Max, uma vez que ele trabalha na assessoria pessoal do presidente da República", mas que não se recorda de ter criado alguma página ou publicado conteúdo em redes sociais.
"Max aparentemente não tem domínio das redes sociais e acredita que ele tenha redes sociais de uso pessoal", consta do depoimento de Tércio.
Sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro e ex-integrante do Bope, Max Guilherme foi designado para atuar na segurança de Bolsonaro em novembro de 2018, ainda durante o governo de transição do então presidente eleito. Após a posse, ele passou a integrar o gabinete pessoal do presidente.
Ele acompanha Bolsonaro em compromissos oficiais. Na semana passada, esteve com o presidente em Mato Grosso e no Rio de Janeiro, de acordo com a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto.
Recentemente, Bolsonaro o admitiu no quadro suplementar de agraciados da Ordem do Mérito da Defesa.
No ano passado, um número atribuído ao nome do sargento da PM foi identificado pelo Ministério Público em uma lista de contatos de Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Queiroz é apontado como o operador do esquema da "rachadinha" no gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Por meio da assessoria de imprensa da Presidência, a reportagem enviou perguntas a Max Guilherme, mas não houve respostas até a publicação deste texto.
A PF apura crimes previstos na Lei de Segurança Nacional, de 1983, entre eles "fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social" ou "incitar à subversão da ordem política ou social ou à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições". As penas podem chegar a 4 anos de prisão.
No mês passado, a Folha de S.Paulo antecipou detalhes do depoimento de Carlos Bolsonaro, prestado uma semana antes no Rio de Janeiro.
O filho 02 do presidente disse que não é "covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação".
O vereador admitiu relação com contas pessoais de Bolsonaro nas redes sociais. Ele disse ainda que não participa da política de comunicação do governo.
O "gabinete do ódio", tutelado por Carlos, é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista. A existência do grupo foi revelada pela Folha de S.Paulo em setembro de 2019.
A polícia tenta desvendar se há participação do "gabinete do ódio" na produção e disseminação de material para turbinar as manifestações em Brasília.
Dois dos assessores especiais da Presidência apontados como integrantes do "gabinete do ódio" reforçaram a existência do vínculo.
Tércio Arnaud e José Matheus disseram à delegada que horas antes de prestarem depoimento se reuniram com o vereador, conforme também mostrou a Folha de S.Paulo. Na véspera, Carlos havia sido interrogado.
Carlos e os dois auxiliares de Bolsonaro no Planalto rechaçaram a existência do grupo e negaram qualquer envolvimento com os atos antidemocráticos.
Na linha de tentar esclarecer o envolvimento de auxiliares do presidente no caso, a PF também intimou o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Cid foi questionado sobre a comunicação eventualmente mantida com blogueiros apoiadores do chefe do Executivo.
Ele disse que na maior parte o trabalho envolve solicitações de intermediação de contato vindas de congressistas e ministros, mas também de pedidos de apoiadores em geral.
A PF questionou se ele faz relatório desses contatos. Cid afirmou que "em razão da dinâmica do dia a dia e da grande quantidade de demanda de mensagens não é viável a confecção de relatório ou documento similar".
Em uma dessas comunicações, Allan dos Santos, responsável pelo site Terça Livre, defendeu a necessidade de uma intervenção militar
Fonte; Folhapress
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