sábado, outubro 03, 2020

"O estupro é o único crime em que a vítima é quem sente vergonha', diz Ana Paula Araújo, que lança livro sobre violência sexual no Brasil


Eu não conheço uma mulher que não tenha passado por algum episódio de abuso", afirma Ana Paula Araújo.

Ao perceber que a violência sexual faz parte da vida de todas as mulheres, a jornalista decidiu mergulhar em uma investigação para tentar fazer um retrato do que permite que essa realidade se perpetue no país que registra  um estupro a cada onze minutos.

Depois de quatro anos de trabalho e mais de uma centena de entrevistas, ela lança, em 5 de outubro, o livro "Abuso: a cultura do estupro no Brasil", pela Globo Livros.

Seja um estupro mais violento ou pequenos abusos no dia a dia, dentro do transporte público, as piadinhas absurdas, aquele tio que se aproveita para passar a mão na hora de um abraço, o abuso sexual é um fantasma na vida de todas nós.

Ou a mulher já passou por isso e tenta superar o trauma ou está sempre com medo, desviando dessas situações — afirma a jornalista, que define a cultura do estupro como "um conjunto de crenças machistas que validam o estupro e a violência sexual."

Ao longo de quatro anos, nos intervalos da sua rotina como apresentadora do Bom Dia Brasil, as coberturas da Copa do Mundo, na Rússia, e as eleições presidenciais de 2018, Araújo revisitou casos emblemáticos de violência sexual e entrevistou mais de uma centena de pessoas, entre  sobreviventes de estupro, familiares, médicos, juristas, especialistas em segurança pública e em transtorno de estresse pós-traumático, que é uma das sequelas mais comuns entre as vítimas, e até mesmo os próprios estupradores condenados, que conversaram com ela de dentro da prisão.

O livro conta com pesquisa do também jornalista Marcos Di Genova, que acompanhou Araújo nas viagens.

O estupro é o único crime em que a vítima é quem sente vergonha', diz Ana Paula. O estupro é o único crime em que a vítima é quem sente vergonha', diz Ana Paula Araújo, que lança livro sobre violência sexual no Brasil. (O Globo)

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