Agora que ficou definitivamente provado que a política externa do Brasil é tudo, menos política, e que o chanceler é tudo, menos chanceler, o governo Bolsonaro vai ter de arrumar alguma desculpa para manter no cargo o pateta olavista. Perdão pelo pleonasmo.
As desculpas, como a gente já se acostumou a ouvir, não precisam fazer sentido. É tipo fritar hambúrguer para virar embaixador nos Estados Unidos, ou ser terrivelmente evangélico para merecer uma indicação ao Supremo Tribunal Federal. A desculpa é livre, mera formalidade quando o secular conceito da cara de pau não existe mais.
É o método de quem diz que não disse o que disse e apaga vídeos e fotos como se apagasse junto as bobagens que comete. Sobre isso, um chiste. Não parece que a capacidade de expressão do presidente está mais rudimentar a cada aparição?
É o que dá a pessoa só se comunicar com os aduladores do cercadinho. Nunca a necessidade de um exercício argumentativo, nunca uma contraposição fundamentada, nunca a citação de qualquer livro que não sejam as sagradas escrituras. O vazio, o vazio.
Voltando ao chanceler, que um dia comparou Bolsonaro a Jesus Cristo, talvez um dos problemas para sumir com um colaborador tão dedicado seja onde pôr tamanha inépcia.
Existem milhões de profissionais mais qualificados para qualquer cargo em que decidam enfiar o borra-botas. Assim como existem milhares de candidatos infinitamente mais capazes para ocupar o lugar que ele ainda degrada.
Mas não se pode perder a esperança. Alguém com o rabo muito preso conseguiu asilar o Vai, Traub no Banco Mundial. É a única explicação possível. Vai que um coitado com a batata assando consiga realocar o chanceler também?
Arruma uma boca bacaninha para ele ou o que você fez em algum verão passado vai surgir nas redes com todos os detalhes mais sórdidos.
Até a entrega desta coluna, mesmo com sua vergonhosa atuação nas tratativas das vacinas, o chanceler continuava firme no posto. Se o governo precisar de desculpas para justificar o injustificável, aqui vai uma: ele é ótimo contando piadas de português. De povos asiáticos, também. Só que quem ri por último são os indianos e os chineses.
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