LISBOA — Depois do medo, o relaxamento. Essa transição, tanto da população portuguesa quanto do governo do país, criticado por relutar em tomar medidas, é um dos motivos apontados para explicar por que Portugal passou de exemplo ao caos no combate à pandemia de coronavírus. Na última semana, foi o país com mais novos casos diários (1.083,6) e mortes (18,2) por milhão de habitantes, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Na Europa, o Centro Europeu de Controle de Doenças revelou que o país também está na frente no ranking, com 1.429,43 casos de Covid-19 por cem mil habitantes e 247,55 óbitos por milhão de habitantes em 14 dias.
—Falhamos no coletivo, porque achávamos que só acontecia com os outros. Assim como no Brasil, também temos negacionistas que dizem que o governo exagera. E o governo poderia antecipar medidas. Ao menos as autoridades admitiram ter feito uma avaliação desalinhada com a realidade — explicou o médico Adalberto Campos Fernandes, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) e ex-ministro da Saúde, substituído em 2018 pela atual ministra, Marta Temido.
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