quinta-feira, março 25, 2021

A entrevista corajosa de Pazzuelo e o "rouba, mas faz" que assola o país

Por ter falado o que falou numa entrevista como a de ontem, na saída do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello mostrou que não tem medo da verdade, muito menos, de falar a verdade.

         O presidente Jair Bolsonaro colocou Pazuello no Ministério da Saúde com um objetivo muito claro: dar um basta na sangria do dinheiro público que existe há muito tempo nessa pasta e em outras. E também para tentar se virar como ministro.

         A primeira parte ele cumpriu bem. Quanto à segunda, deixou muito desejar, porque como disse certo político itaitubense, “não era sua praia”. Mas, não foi só por isso.

         O agora ex-ministro disse que no final do ano passado houve uma verdadeira procissão de pessoas mandadas ao ministério com pedidos de políticos. Queriam dinheiro vivo, um presentinho de final de ano, na maior desfaçatez, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O nosso dinheiro, porque governo não tem dinheiro.

         Pazzuelo falou, também, dos movimentos internos para derrubar o ministro, feito por médicos do ministério. Uma pouca vergonha sem tamanho.

         A corrupção foi institucionalizada neste país. E não é de hoje. Tem muita gente que aceita e vota em candidatos conhecidos como “rouba, mas faz”, prática que começou lá atrás, nos anos 1950, com Ademar de Barros, que fez escola.

         Mesmo com as “rachadinhas” da vida e outras traquinagens dos seus filhos, penso que o presidente Jair Bolsonaro tinha intenção de dar um basta na roubalheira no Brasil, porém, do jeito dele, no peito e na marra.

         Em vez de aumentar sua força política, como faz qualquer político quando assume cargo de comando no Poder Executivo, o presidente possou a tripudiar quase todos os políticos do país, incluindo os governadores de estado.

         Voltando ao general Eduardo Pazzuelo, seu grande erro foi aceitar todas as imposições de Bolsonaro, incluindo a cloroquina que o então ministro teve que engolir.

         Ele é um homem, que no Exército Brasileiro, tem um currículo de dar inveja até a muitos outros generais. Ele manchou um pouco sua até então impecável biografia, para ser agradável ao chefe, que ferrou com ele, que saiu sem deixar saudades.

         Em Brasília, presidente Bolsonaro, tem muito pouca gente interessada em acabar com a roubalheira geral que assola o país. Pazuello e seus pares militares das três forças são exceções.  Eu apoio o combate ao saque, o pior de todos comandado pelo Partido dos Trabalhadores, mas, fiquei velho esperando por isso, sem ver bons resultados. O Brasil é assim. Infelizmente.

         É pouco para sua estatura, mas Pazuello daria um ótimo secretário geral de qualquer ministério com grande orçamento. O secretário geral é quem toca, de fato, um ministério, porque ele é quem sabe de tudo.

         Enquanto isso, enquanto o eleitor brasileiro não entender que, se votar em ladrão, vai ser roubado, segue a procissão com os baús cheios de ouro e prata que os súditos da nação encheram para deleite da corte.

         Jota Parente

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