Bolsonaro quer embaixador Luis Fernando Serra para lugar de Ernesto no Itamaraty
Após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, entregar o cargo nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro decidiu convidar Luis Fernando Serra para ocupar a pasta.
Serra é embaixador do Brasil na França e é visto como uma pessoa mais "pragmática" que Ernesto Araújo, o que facilitaria a relação com países estratégicos como China e Estados Unidos. Bolsonaro já tomou sua decisão.
Mas a nomeação de Serra, agora, depende da vontade do próprio diplomata, que teria que estar disposto a trocar Paris por Brasília.
Serra conheceu o presidente quando atuava na embaixada da Coreia do Sul, em fevereiro de 2018, na pré-campanha de Bolsonaro ao Planalto. Na ocasião, em visita ao país asiático, o então deputado federal conversou com Serra sobre tecnologia e ensino e diz ter sido "muito bem recebido" pelo diplomata, que tem um perfil que difere da postura bélica adotada por Ernesto Araújo, o que agradaria ao Congresso.
O Palácio do Planalto já sondou senadores sobre o nome de Serra, para saber se seria bem recebido. Em 2019, ele foi aprovado em sabatina no Senado para ocupar o cargo na França.
— Ernesto subiu numa mureta, puxou a corda e pulou. Cometeu suicídio político. É natural que Bolsonaro queira colocar alguém de direita. O que é preciso é alguém sensato, que saiba conversar, independente da posição ideológica — disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO). O parlamentar é aliado de Bolsonaro no Congresso e não demonstra resistência ao nome de Serra, apesar de afirmar não ter sido consultado pelo Planalto.
No entanto, entre parlamentares seu nome ainda nao é consenso. Ele sofre resistência até mesmo no Itamaraty por ter a postura considerada semelhante a de Ernesto Araújo. A avaliação é que a troca não significaria a mudança necessária na política externa.
Serra é próximo do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e o desempenho dele à frente da embaixada em Paris agradou a Bolsonaro. Em setembro de 2019, o embaixador cancelou a participação em um evento com acadêmicos na capital francesa que faria uma homenagem a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. Em maio do ano passado, o embaixador saiu em defesa de Bolsonaro e acusou o jornal francês Le Monde de distorcer fatos, após o diário publicar um editorial criticar o presidente por negar a gravidade da pandemia e politizar a crise sanitária.
“Há algo de podre no Brasil”. (Folha)
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