A decisão do minstro Luiz Edson Fachin, do STF, da qual ainda cabe decisão pela PGR, que restabeleceu os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pegou todos de surpresa, tanto lulistas, quanto bolsonaristas, e mesmo os que ficam no meio do fogo cruzado entre os fanáticos da esquerda e os fanáticos da direita.
Para quem acompanha o trabalho desse ministro de forma desapaixonada, trata-se de um homem sério, contra o qual há discordâncias de parte de quem se achou prejudicado por alguma de suas decisões, mas, para por aí.
Essa decisão muda de forma radical a disputa pela cadeira de presidente da República Federativa do Brasil, ano que bem, porque Lula não é Hadad. É peso pesado na política.
Lula já provou, fartamente, que se derem câmera e microfone ele sabem muito bem o que fazer, pois, costuma encantar muitas plateias dizendo o que muita gente quer ouvir.
Seu exército de admiradores ainda é muito grande, constituído de um povo que não medirá esforços para ver seu líder voltar a comandar o país.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro parte para a agressão, Lula, usando a linguagem do futebol, bate colocado, procurando acertar o alvo, que são os seus reais adversários, como é o presidente.
O ex-presidente, se vier mesmo a ser candidato, terá muitos problemas a resolver. Um deles é Ciro Gomes, que já foi seu aliado, mas, atualmente afirma que se o manda chuva do PT for presidente, o ex-governador do Ceará também o será, apenas com o objetivo de tirá-lo do segundo turno da eleição presidencial.
Além dessa pedra no sapato, a roubalheira comandada pelo Partido dos Trabalhadores, com o apoio de siglas como MDB e PT, os maiores parceiros do PT no maior assalto já perpetrado aos cofres públicos no Brasil, ainda está recente. E apesar de se afirma que brasileiro tem memória curta, ainda vai demorar muito para esse fato cair no esquecimento.
Eu não gosto do modo como o presidente Jair Bolsonaro se comporta. Como diria Romário, calado ele é um poeta. Talvez seja melhor assim, pois, como ele tem pavio muito curto, a gente fica sabendo quem ele é de fato.
Repito que embora o presidente tenha saído muito pior do que encomenda, há pontos positivos que continuam pesando a seu favor, como a diminuição da roubalheira do dinheiro público. Isso não é pouco. Num país onde o dinheiro da Educação e da Saúde enriqueceu centenas da ladrões de colarinho branco, respaldados por votos populares, é alentador saber que essa sangria, se não parou, ao menos diminuiu muito.
O atual mandatário do país é do tipo que, se não tem problema, ele cria um. Seu negacionismo da covid-19 poderá lhe custar caro na eleição. O desleixo com que ele tem cuidado da pandemia o tornou um dos governantes mais criticados do mundo. E os números estão aí para comprovar.
As quase 270 mil mortes por covid, no Brasil, que ainda vão aumentar bastante, serão um fardo pesado para ele carregar na campanha, por causa da sua absoluta falta de habilidade para se comportar como um verdadeiro líder, alguém que conduza uma crise monumental como a que passamos, com equilíbrio.
Se na eleição de 2022, Lula e Bolsonaro estiverem frente a frente, certamente essa será a polarização. Eu não votaria, jamais, em nenhum dos dois. Todavia, olho para um lado, olho para outro e não vejo opções convincente.
Isso se deve ao vácuo que acontece na política brasileira, que não tem revelado novas lideranças. Então, temos que nos contentar com isso que está colocado aí no tabuleiro, porque não se fabricam novos líderes como se fossem artigos de produção em massa.
Estamos pobres, muito pobres de opções. E a velha política que Bolsonaro prometeu acabar, continua firme e forte, porque não se muda um sistema político arraigado com todos os seus vícios, por toque de mágica, e quem não se rende a ele, é tragado e dura pouco. Que o diga Fernando Collor de Melo.
Por fim, lembro que a decisão de hoje acertou o coração de duas pessoas: o do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, a quem cabe dizer que, além da queda, o coice, pois ele quase virou vilão, e o presidente Jair Bolsonaro, que ganha um opositor de peso, caso o pleno do STF não reforme essa decisão monocrática do ministro Edson Fachin, uma vez que a PGR vai recorrer, pois, Aras reza na cartilha de Bolsonaro.
Quanto a Moro, para que não me entendam mal, na minha modesta avaliação, acho que ele acertou mais do que errou. Ele levantou o pano que cobria uma roubalheira que vinha de muitos e muitos anos, mas, que o PT aprimorou, quase esgotando os cofres do país.
É tudo que nos resta nessa festa.
Jota Parente
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