Uma em cada três famílias argentinas, 31,6% das famílias que representam 42% da população, está em situação de pobreza. Visto de outro ponto de vista, apenas 58% das pessoas não são pobres. Pior ainda: entre os que estão abaixo da linha da pobreza, 7,8% das famílias, o que significa 10,5% da população, são indigentes.
No segundo semestre de 2020, a renda familiar total média das famílias pobres era de 29.567 pesos, enquanto a cesta básica, que é usada para definir a linha de pobreza, atingiu 50.854 pesos. A distância entre a renda e a cesta básica também aumentou, o que significa que não só há mais pessoas pobres, mas os pobres estão mais longe de reverter sua situação.
Entre as crianças (de 0 a 14 anos), a pobreza sobe para 57,7 por cento, de modo que no país há mais pessoas dessa idade que são pobres do que aquelas que não são. Um ano atrás, esse número era de 52,3%. A pobreza também aumentou acentuadamente na faixa etária de 15 a 29 anos, de 42,5% para 49,2%. Entre 30 e 64 anos, o avanço foi de 30,5 a 37,2 por cento.
A divisão regional mostra que nos subúrbios de Buenos Aires, a pobreza atingiu 51% da população e a indigência, 15,2%. Há um ano, a pobreza naquele distrito era de 40,5% e a indigência, 11,3%. No segundo semestre de 2018, a pobreza nos subúrbios de Buenos Aires (capital e arredores) era de 35,9%. Também superou a média de pobreza nas grandes cidades do país: Grande Mendoza (44 por cento), Grande Resistência (53,6), Grande Tucumán-Tafí Viejo (43,5) e Concórdia (49,5).
O aumento da pobreza é explicado por rendas que são superadas pela evolução dos preços dos alimentos e serviços básicos. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, os empregos registrados perderam 222 mil vagas ao longo de 2020. Presumivelmente, o impacto entre os não registrados foi muito maior.
No mesmo período, o capítulo de alimentos e bebidas subiu 42,1%, com aumentos especiais em carnes e derivados, frutas, verduras e legumes. Por isso, a cesta básica, que define a linha da pobreza, avançou 45,5% em 2020. O governo congelou as taxas dos serviços públicos e, portanto, o aumento da cesta básica foi um pouco mais moderado, 39,1%.
O tipo de recuperação econômica que ocorre quando as restrições da pandemia são eliminadas não tem efeito sobre a pobreza de renda, que permanece nos mesmos níveis da quarentena mais estrita e da queda máxima da atividade. A intensificação da pobreza continua a se aprofundar, o que é atestado pela constatação de que aumentou a distância entre a renda que aqueles que vivem na pobreza e aquela de que precisam para sair dessa condição.
A recuperação do emprego baseia-se na informalidade, no trabalho autônomo e no emprego sem registro. O emprego formal permaneceu inalterado e ainda é 324.000 posições mais baixas do que em 2019.
Para o Instituto do Pensamento e Políticas Públicas fica evidente que a premissa adotada pelo governo no Orçamento 2021 de eliminar os reforços em matéria de política social (entre eles a Renda Familiar Emergencial, IFE) enquanto a retomada da atividade faria desnecessário, não está sendo cumprido.
Rever essa decisão e resgatar a discussão sobre a necessidade de universalizar a renda da população em situação de informalidade e desemprego parece fundamental. Tanto para conter a situação social quanto para reavivar o mercado interno enfermo.
2020, então, houve uma retração do emprego e uma forte deterioração do poder de compra das pessoas que mantiveram seus empregos. Isso ocorreu em um contexto de pandemia, mas também de fortes controles de preços e congelamento em muitas áreas, algo que este ano não continuará nessa magnitude.
Os dados mostram ainda que as medidas oficiais de contenção do impacto da pandemia, embora tenham permitido que a situação não se agravasse ainda mais, são claramente insuficientes para conter a retração do já muito deteriorado tecido social, afirma o pró-governo Página12.
A incidência histórica da pobreza na Argentina tem um piso difícil de perfurar: nos últimos 30 anos a taxa de pobreza medida pela renda nunca foi inferior a 25%, aponta o Centro de Implementação independente.
Entre as crianças (de 0 a 14 anos), a pobreza sobe para 57,7 por cento, de modo que no país há mais pessoas dessa idade que são pobres do que aquelas que não são. Um ano atrás, esse número era de 52,3%. A pobreza também aumentou acentuadamente na faixa etária de 15 a 29 anos, de 42,5% para 49,2%. Entre 30 e 64 anos, o avanço foi de 30,5 a 37,2 por cento.
A divisão regional mostra que nos subúrbios de Buenos Aires, a pobreza atingiu 51% da população e a indigência, 15,2%. Há um ano, a pobreza naquele distrito era de 40,5% e a indigência, 11,3%. No segundo semestre de 2018, a pobreza nos subúrbios de Buenos Aires (capital e arredores) era de 35,9%. Também superou a média de pobreza nas grandes cidades do país: Grande Mendoza (44 por cento), Grande Resistência (53,6), Grande Tucumán-Tafí Viejo (43,5) e Concórdia (49,5).
O aumento da pobreza é explicado por rendas que são superadas pela evolução dos preços dos alimentos e serviços básicos. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, os empregos registrados perderam 222 mil vagas ao longo de 2020. Presumivelmente, o impacto entre os não registrados foi muito maior.
No mesmo período, o capítulo de alimentos e bebidas subiu 42,1%, com aumentos especiais em carnes e derivados, frutas, verduras e legumes. Por isso, a cesta básica, que define a linha da pobreza, avançou 45,5% em 2020. O governo congelou as taxas dos serviços públicos e, portanto, o aumento da cesta básica foi um pouco mais moderado, 39,1%.
O tipo de recuperação econômica que ocorre quando as restrições da pandemia são eliminadas não tem efeito sobre a pobreza de renda, que permanece nos mesmos níveis da quarentena mais estrita e da queda máxima da atividade. A intensificação da pobreza continua a se aprofundar, o que é atestado pela constatação de que aumentou a distância entre a renda que aqueles que vivem na pobreza e aquela de que precisam para sair dessa condição.
A recuperação do emprego baseia-se na informalidade, no trabalho autônomo e no emprego sem registro. O emprego formal permaneceu inalterado e ainda é 324.000 posições mais baixas do que em 2019.
Para o Instituto do Pensamento e Políticas Públicas fica evidente que a premissa adotada pelo governo no Orçamento 2021 de eliminar os reforços em matéria de política social (entre eles a Renda Familiar Emergencial, IFE) enquanto a retomada da atividade faria desnecessário, não está sendo cumprido.
Rever essa decisão e resgatar a discussão sobre a necessidade de universalizar a renda da população em situação de informalidade e desemprego parece fundamental. Tanto para conter a situação social quanto para reavivar o mercado interno enfermo.
2020, então, houve uma retração do emprego e uma forte deterioração do poder de compra das pessoas que mantiveram seus empregos. Isso ocorreu em um contexto de pandemia, mas também de fortes controles de preços e congelamento em muitas áreas, algo que este ano não continuará nessa magnitude.
Os dados mostram ainda que as medidas oficiais de contenção do impacto da pandemia, embora tenham permitido que a situação não se agravasse ainda mais, são claramente insuficientes para conter a retração do já muito deteriorado tecido social, afirma o pró-governo Página12.
A incidência histórica da pobreza na Argentina tem um piso difícil de perfurar: nos últimos 30 anos a taxa de pobreza medida pela renda nunca foi inferior a 25%, aponta o Centro de Implementação independente.
Durante este período, o PIB per capita cresceu menos de 1% ao ano, um cenário “não propício para alimentar um processo sólido de redução persistente da pobreza”. No mesmo período, os indicadores de pobreza (sempre medidos pela renda) caíram em quase todos os países latino-americanos nos anos 2000 e também nesta década, embora a taxas menores.
Rodolfo Koé Gutiérrez é jornalista econômico argentino, analista associado ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE, www.estrategia.la)
* Originalmente publicado em Estrategia.la
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