Segundo premier Jean Castex, decisão foi tomada diante da piora da pandemia no território brasileiro; Colômbia, Peru e Portugal são outros países que suspenderam voosO premier da França, Jean Castex, anunciou nesta terça-feira a suspensão por tempo indeterminado de todos os voos que tenham como origem ou destino o Brasil. A decisão, afirmou o chefe do governo de Emmanuel Macron, deve-se à extensão da Covid-19 no território nacional, hoje epicentro da pandemia no planeta.
— Tomamos conhecimento de que a situação está piorando e decidimos suspender todos os voos entre a França e o Brasil até segunda ordem — disse Castex, que foi aplaudido durante a sessão no Parlamento.
O premier ressaltou que viajantes brasileiros já precisavam apresentar um exame PCR negativo para o vírus antes do embarque e no desembarque. Quando chegassem à França, as normas sanitárias obrigavam, ainda, que os passageiros respeitassem uma quarentena de 10 dias.
Vários especialistas médicos franceses vinham pedindo há dias que o governo suspendesse todo o tráfego aéreo com o Brasil. Há um temor especial da variante P.1, que hoje toma o território brasileiro, mais contagiosa e possivelmente mais letal do que a versão do vírus responsável pelos surtos do ano passado.
As medidas vêm em meio a alertas sobre o "surto infernal" que assola o território nacional, como caracterizou Bruce Aylward, conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS), em uma entrevista coletiva na segunda-feira. Dos países que fazem fronteira com o Brasil, apenas o Paraguai mantém as fronteiras abertas — apesar da pressão interna para que elas sejam fechadas.
Uma série de outros países também suspendeu os voos com origem no Brasil, incluindo Peru, Colômbia, Portugal e a Espanha. Outros, como o Chile, a Argentina e o Uruguai, suspenderam os voos procedentes do exterior como um todo. A maioria dos países, incluindo a China e todas as 27 nações da UE, hoje mantém restrições ao ingresso de pessoas procedentes do exterior, seja exigindo teste e quarentena, seja limitando a entrada a residentes e cidadãos. Essas restrições gerais também afetam o Brasil.
Há um mês, o ministro da Saúde da França, Olivier Veran, disse que cerca de 6% dos casos de Covid-19 no país eram causados pelas variantes brasileira e sul-africana. A que predomina hoje no território francês é a cepa britânica B.1.1.7, que sobrecarrega os hospitais de Paris e levou o governo a acirrar as restrições de circulação dentro no país.
No último dia de março, o presidente Emmanuel Macron anunciou a ampliação de uma quarentena até então em vigor apenas em partes da França para todo o país. Os franceses fecharam o comércio não essencial, escolas e creches. Proibiram também o deslocamento a uma distância de mais de 10 quilômetros e mantiveram um toque de recolher, em vigor desde 2020, das 19h às 6h.
Os casos no país já dão sinais de queda, diminuindo 9% nas últimas duas semanas. As mortes, por sua vez, aumentaram 36% — contraste natural diante do ciclo da doença, que costuma levar até 14 dias para se manifestar. Segundo dados do Ministério da Saúde francês, o país hoje soma 5,12 milhões de casos de Covid-19, com 99,2 mil mortes. (O Globo)
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