SÃO PAULO — Dois dias após o país ter chegado a 500 mil mortes na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou pela primeira vez sobre a marca. Ele participou de uma cerimônia de formatura da Escola de Especialistas de Aeronáutica na manhã desta segunda-feira em Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Na ocasião, o presidente promoveu ataques à imprensa.
Desde sábado, quando o Brasil chegou a meio milhão de óbitos em consequência da Covid-19, o presidente não toca no assunto em suas redes sociais. No Twitter, ele fez dez publicações nos últimos três dias; nenhuma para abordar a tragédia: postou sobre operações da Polícia Federal, inauguração de obras, comentário sobre a perseguição da polícia a um criminoso em Goiás e até ironias às manifestações contra seu governo que foram realizada pelo país.
— Lamento todos os óbitos, lamento. Muito. Qualquer óbito é uma dor na família. E nós, desde o começo, o governo federal teve coragem de falar em tratamento precoce. E alguns até dizem, né? Como está sendo conduzida essa questão, parece que é melhor se consultar com jornalistas do que com médicos — declarou Bolsonaro, quando questionado se iria se pronunciar sobre as mortes.
Defendido pelo presidente, o chamado "tratamento precoce" não tem comprovação científica nem é recomendado por especialistas e autoridades sanitárias. Diversos estudos comprovaram que o uso de remédios como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina não previnem a Covid-19 e podem levar sérios riscos à saúde do paciente.
Agressão a repórter
Após a solenidade, durante a qual Bolsonaro havia tirado a máscara ao posar para fotos e cumprimentar os formandos, o presidente se irritou ao ser questionado pela imprensa sobre ter sido multado pelo governo de São Paulo pela ausência de proteção durante uma manifestação na capital paulista.
Nesse momento, Bolsonaro tirou a máscara e mandou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba, "calar a boca" e se recusou a respondê-la. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que acompanhava o presidente, também retirou a proteção. Novamente perguntado sobre o assunto, por repórter da CNN Brasil, ele passou a defender o chamado "tratamento precoce" para a Covid-19, que não tem comprovação científica.
Fonte: O Globo
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