Nina Gomes é a mais nova Agente Verde do órgão, que concede o selo aos que se mobilizam em prol do meio ambiente e praticam boas práticas de descarte do lixo
RIO — “Catar plástico, limpar o lixo da praia, brincar na areia e fazer castelinhos”. É assim que Nina Gomes, de quatro anos de idade, sempre em tom lúdico e por vontade própria, tem feito a diferença e inspirado pessoas a se conscientizarem pelas causas ambientais no Rio de Janeiro. A garota foi recém nomeada Agente Verde da Comlurb, selo concedido pelo órgão àqueles que se mobilizam em prol do meio ambiente e praticam boas práticas de descarte do lixo, sendo a terceira e mais jovem pessoa a receber tal condecoração, que já foi concedida ao ator Mateus Solano e ao cantor Jorge Vercilo.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que Nina se destaca por suas ações de sustentabilidade. Aos três anos de idade, a menina ganhou o prêmio Tatuí de Ouro, do Instituto Ecológico Aqualung, por ter sido a criança mais jovem a ajudar a fazer a limpeza na praia de Copacabana. A ação rendeu um vídeo que viralizou nas redes sociais, incentivando outras pessoas a praticarem o ato e a repensarem nas próprias ações. A menina também já participou de outras ações ambientais da Comlurb, como um mutirão de limpeza na Praia de São Conrado e outra de conscientização pelo fim do descarte de plástico no oceano na Mureta da Urca.
— A Nina representa muito bem o selo de Agente Verde e mostra que podemos fazer a diferença para o meio ambiente e o planeta desde pequeno. Com tão pouca idade, já participou de duas grandes ações ambientais da Comlurb. Confiamos muito nos pequenos — diz Flávio Lopes, presidente do órgão. — Esperamos contar com a Nina em várias ações da Comlurb no futuro e esperamos que a parceria renda frutos e influencie outros pequenos e grandes a aderirem às boas práticas ambientais.Apesar de ainda muito jovem, Nina já compreende certas questões importantes relacionadas ao meio ambiente e demonstrou o desejo de ser “ambialista” (ambientalista) quando crescer. Até os coleguinhas de escola aprendem, pois a garota faz questão de compartilhar com eles os seus conhecimentos. Ao GLOBO, ela ensinou que jogar lixo na praia é errado pois, nas palavras dela, “a baleia, o golfinho e o peixinho comem” e podem acabar sendo prejudicados por isso.
Incentivada desde muito cedo, Nina é motivo de orgulho para o pai, o biólogo marinho Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano. É com ele que a garota se aventura, desde o primeiro ano de vida, em mergulhos e ao ar livre, aprendendo pouco a pouco a importância de um ecossistema equilibrado e os impactos ambientais causados pelo homem. Para Ricardo, a educação ambiental tem que começar o quanto antes, sendo fundamental na formação de crianças e futuros adultos conscientes.Aos três anos, a menina ganhou o prêmio Tatuí de Ouro, do Instituto Ecológico Aqualung, como a criança mais jovem a limpar praia de Copacabana Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
— É muito importante que essas crianças tenham um contato com a biodiversidade e também com os problemas, como saber que o plástico está causando a morte de animais marinhos — afirma Ricardo. — Eles têm esse poder de sensibilizar, de tocar o coração. Essa geração de agora já está mais consciente e já sabe da importância do meio ambiente para a nossa vida.
Nina nasceu enquanto o biólogo terminava as filmagens do documentário Baía Urbana, em que filmava a vida resiliente no fundo da Baía de Guanabara. O filme foi exibido na primeira conferência do oceano da ONU, em 2017, e foi também um divisor de águas para o ambientalista. Foi a partir daquele momento que Ricardo afirma que passou a repensar na herança que deixaria para a filha e para a geração a que ela pertence.
— Eu me enganei por muito tempo achando que a herança que deveria dar a minha filha fosse dinheiro ou um apartamento. Isso não vale nada. A herança para esses jovens é um meio ambiente e um oceano saudável — diz Ricardo.
O biólogo também acredita que o contato com a natureza, desde cedo, é imprescindível para a conscientização. Segundo ele, é necessário que os pais tenham a iniciativa de, vez ou outra, tirar as crianças do “meio concreto” e apresentar a elas um pouco da natureza ao redor.
— Os pais precisam levar esse conhecimento para as crianças, porque a gente só preserva aquilo que a gente conhece.
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