"Chegará o tempo em que os homens sentirão vergonha de ser honestos" (Ruy Barbosa)
Talvez muita gente tenha lido apenas a manchete da matéria sobre a privatização da Eletrobrás, cujo martelo poderá ser batido amanhã, se o Senado votar a MP que trata da matéria, como está na pauta de votação.
O aumento que virá com a privatização poderá fazer muitos terem que fazer o que faziam os mais velhos como eu, que ainda vivi no tempo da lamparina, do candeeiro, do aladim e do petromax, esse último somente para quem podia. Era mais chique.
A reunião que discutiu o assunto foi conduzida pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que disse ter certeza que quem vai pagar a conta da privatização da Eletrobras, se ela ocorrer, será o consumidor final. Isso porque a estatal vende energia a R$ 65 por 1 mil Megawatts-hora (preço de custo), o que deixará de ocorrer após a privatização.
- Essa MP afeta toda a sociedade brasileira. A modelagem proposta descomissiona as principais usinas da base, permitindo que cobrem R$ 140 em vez de R$ 65. Então é evidente que o custo extra será repassado ao consumidor final. E isso é agravado pela criação de reservas de mercado em algumas fontes. Se segurarem as tarifas no primeiro ano, não conseguirão no segundo - alertou.
Nelson Hubner, que foi ministro das Minas e Energia entre 2007 e 2008, valeu-se de exemplos dos EUA e do Canadá para comprovar sua visão de que o Brasil deve passar por um "tarifaço", caso o controle da Eletrobras passe à iniciativa privada. Outro fator que contribuirá para isso, segundo ele, é que o controle dos recursos hídricos brasileiros também passará ao capital privado, caso a MP passe como está.
- No Canadá, a região de Quebec, onde o controle dos recursos hídricos é estatal, o preço da energia chega a ser um terço de outras regiões do país. Nos EUA, 73% da energia hídrica é estatal. Só o Exército controla 20%. Os estados americanos com a energia mais cara são os da fronteira norte com o Canadá e a California, que são controlados por companhias privadas - exemplificou.
Se for desse jeito que está escrito na matéria que tem como fonte a Agência Senado, sentiremos muita saudade das nossas atuais faturas de energia elétrica.
Não privatizar talvez seja difícil. Ou agora, ou algum dia vai acontecer. Quem sabe, dependendo do resultado da votação de amanhã, se ela de fato ocorrer, no caso de não ser aprovada a privatização, o que parece pouco provável, o governo bem que poderia adiar por algum tempo, enquanto a economia brasileira se recupera mais do baque que sofreu com a pandemia.
Existe sempre tendência de qualquer serviço melhorar quando é privatizado. Isso é fato. Basta olhar para o exemplo da telefonia no Brasil pós Telebrás, que ocorreu por meio de leilão em 29 de julho de 1998 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, sendo a maior privatização ocorrida no Brasil até então, arrecadando R$ 22,058 bilhões pelos 20% das ações em poder do governo na época.
O que mais se discute no caso atual da Eletrobrás é o momento da provável privatização, em que o poder aquisitivo da maior parte da população foi bastante diminuído em consequência da pandemia.
Se de fato a Eletrobras passar para a iniciativa privada nos próximos meses, porque a aprovação no Congresso é somente uma das etapas do processo, vai ser uma paulada muito forte na costa dos contribuintes, e que ninguém duvide, que as ligações clandestinas, o famoso “gato”, vai miar por todos os lados do Brasil.
Em Itaituba, onde “gateiros” exercem sua “profissão” com muita desenvoltura, sob a luz do dia, subindo em postes, com carro equipado para fazer o serviço e tudo mais, o mercado de “trabalho” deve ser ampliado, porque os “profissionais” que atuam nos dias atuais não vão dar conta da demanda.
E aí, a conta deverá ficar mais salgada para quem, como eu, que chova ou faça Sol, paga sua fatura todo mês, porque recuso-me a fazer “gato”, seguindo o exemplo dos meus pais, porque para mim, quem rouba energia, rouba qualquer coisa, basta ter oportunidade.
E o que eu e você, que se dá ao trabalho de ler esse texto, e que também se sacrifica para pagar sua conta mensal ganhamos com isso? O título de OTÁRIOS, dado pelo meu e pelo seu vizinho, que liga a central de ar às sete da noite e desliga às sete da manhã, e fica no ar-condicionado na maior parte do final da semana.
Jota Parente
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