Mortes crescem 9%, mas 97% das novas internações são de pessoas não vacinadas, segundo autoridades; Los Angeles volta a tornar uso de máscara obrigatório em espaços fechados
Os casos de Covid-19 voltaram a crescer nos Estados Unidos, impulsionados pela variante Delta e por uma campanha de vacinação que perde fôlego apesar da abundância de doses. O país viu um aumento de 121% nos novos diagnósticos e de 9% das mortes em 14 dias, concentrados em regiões onde a imunização está abaixo da média nacional, mas não restrita a elas.
Hoje, em média, 28,3 mil americanos são infectados e 280 morrem diariamente por causa da doença. Os novos diagnósticos cresceram em todos os 50 estados nas últimas duas semanas, mais que dobrando em 22 deles. Há surtos localizados em parte do Sul, do Meio-Oeste e em condados com baixas taxas de vacinação.
Em regiões do Missouri, onde apenas 40% da população receberam as duas doses, não há mais leitos de hospital, e autoridades pedem centros de tratamento adicionais. No Arkansas, as novas infecções diárias passaram de menos de 200 por dia, no início do mês, para mais de mil.
Em Los Angeles, o condado mais populoso dos EUA, o governo anunciou que vai voltar a exigir o uso de máscaras em espaços fechados a partir de sábado, independentemente de as pessoas estarem ou não vacinadas. A decisão veio após a cidade registrar mais de 1,5 mil casos na quinta, pouco mais de um mês após a Califórnia, onde 51% da população já tomou as duas doses, suspender todas as restrições e medidas de distanciamento ainda em vigor.
A vacinação, contudo, faz com que o cenário atual seja bastante diferente do visto no ápice da pandemia, em janeiro, quando 250 mil americanos eram diagnosticados diariamente. Ao menos 55,8% da população dos EUA já tomaram uma dose da vacina anti-Covid, enquanto sao 48,3% os totalmente vacinados — seja com as duas injeções da Moderna e da Pfizer-BioNTech ou com a dose única da Janssen.
'Pandemia dos não vacinados'
Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), 97% das novas internações, que aumentaram 26% na última quinzena, são de pessoas ainda não inoculadas. Em uma coletiva nesta sexta, a diretora do órgão, Rochelle Walesnky, disse que a Covid-19 está se tornando, em território americano, "uma pandemia dos não vacinados".
As três vacinas aplicadas no país, apontam testes preliminares, são eficazes contra a cepa Delta, cerca de 60% mais contagiosa e responsável por 57,6% dos novos casos no país. Se, em abril, os EUA chegaram a vacinar, no entanto, uma média de quase 3,4 milhões de pessoas por dia, hoje aplicam apenas 530 mil injeções diárias.
Não se trata de uma escassez de doses, como em boa parte do planeta. O que faltam são braços dispostos, e nem mesmo prêmios em dinheiro vivo, sorteios ou cervejas e donuts gratuitos vêm sendo suficientes para levá-los aos postos de vacinação.
Até hoje a Casa Branca não conseguiu bater a meta anunciada pelo presidente Joe Biden em maio, que almejava aplicar ao menos uma dose em 70% da população adulta até 4 de julho: apenas 67,9% dos americanos com mais de 18 anos foram vacinados. Em 12 dias, a taxa avançou apenas 0,9 ponto percentual.
Nesta sexta, Biden sugeriu que a culpa é das plataformas de mídias sociais, nas quais circula desinformação sobre a pandemia e vacinas.
— A única pandemia que temos é entre aqueles que não foram vacinados. Eles [as redes sociais como o Facebook] estão matando pessoas — disse o presidente americano ao ser questionado por jornalistas antes de deixar a Casa Branca.
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