Milhares de cubanos foram às ruas da cidade de Havana no l domingo (11), em um raríssimo protesto contra o governo e contra a crise social, marcada pela escassez de alimentos, de remédios e de energia elétrica.
Observadores locais afirmam que foram os maiores atos no país desde 1994, quando manifestantes denunciaram a crise econômica provocada pela dissolução da União Soviética. De lá pra cá, o turismo ganhou força, Fidel morreu, Raul Castro saiu do poder e indicou um sucessor. No entanto, a ditadura não acabou, e fazer oposição continua sendo ilegal em Cuba.
Ainda no domingo, em pronunciamento na televisão, o presidente Miguel Días-Canel disse que os protestos são uma provocação de infiltrados dos Estados Unidos e convocou os "revolucionários" e "comunistas" a darem uma resposta e defenderem o regime, que perdura desde 1959.
Já na segunda, após a detenção de um número incerto de opositores e com cortes no acesso à internet dos cubanos, Díaz-Canel reconheceu a gravidade da crise, ampliada pela pandemia da Covid-19. O presidente, porém, afirmou que a situação de penúria no país é indissociável à pressão exercida pelos Estados Unidos, que mantém o embargo econômico à ilha há mais de 50 anos.
Em resposta, o secretário de Estado da Casa Branca, Antony Blinken, afirmou que é um "erro doloroso" do governo cubano acreditar que os americanos têm alguma relação com as manifestações.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ainda que o governo cubano não use a força para calar a oposição, e saudou os protestos como atos memoráveis contra um regime autoritário. O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Maurício Santoro analisa o que levou os cubanos a irem às ruas contra o governo e a crise. Santoro avalia ainda até que ponto os protestos revelam a fragilidade do atual presidente, após décadas de controle dos irmãos Castro, e o papel dos Estados Unidos para o agravamento da situação na ilha.
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