Já foi relatado em edições anteriores que nossa partida de Itaituba, no dia 7 de outubro de 2008 foi muito conturbada, por conta da superlotação do barco motor Joana D’Arc. Ate a
Os
No quilômetro 385 uma nuvem negra
avisou-nos que a chuva estava chegando. Eu tinha capa, mas, decidi não usar; o
Jadir ainda não tinha comprado a sua. A chuva era certa, mesmo porque estava
chovendo bastante naqueles dias por aquelas bandas. Mesmo assim, decidimos
encarar. Só não nos arrependemos amargamente porque estávamos determinados a
chegar a Boa Vista naquele dia. Não foi nada fácil, pois a não ser por alguns
pequenos intervalos, a chuva só nos largou por volta de oito a noite. Às nove
da noite, quando finalmente chegamos à capital do Estado de Roraima, já não
chovia. Também, não precisava, pois não havia um só item, uma só peça de roupa
em nossas mochilas que não estivesse completamente molhada.
José Maria, empresário muito bem de
vida, que nos anos oitenta trabalhou em Itaituba, com o então poderoso
empresário Zé Arara, foi nos receber no terminal rodoviário, local que
acertamos para nos encontrar. Fomos muito bem recebidos e tivemos uma estada
magnífica
O vento lateral que sopra do Monte
Roraima pode passar de setenta quilômetros algumas vezes foi um companheiro à
parte e que exigia cuidados. Com motos leves (eu na XTZ 125 e o Jadir na BROS
150), foi precisa tomar cuidado, pois o vento empurra a gente para o outro lado
da estrada, e se bobear, nos momentos em que está mais forte, tira o piloto da rodovia.
Ao chegarmos a Pacaraima, (município
que tinha como prefeito José Carlos Quartieiro, aquele líder dos arrozeiros que
foi preso pela
Entramos na residência do
No dia 14 de outubro, terça-feira, cedinho
preparamo-nos para cruzar a fronteira. Carimbamos o passaporte na aduana
brasileira dando a saída do país. Ao chegarmos à aduana venezuelana fomos
informados que precisávamos tirar um bocado de fotocópias para podermos receber
o visto e a autorização para que nossas motos pudessem trafegar em território
do país vizinho. Voltamos a Pacaraima. Perdendo mais de uma hora nesse
vai-e-vem. Nunca nos pediram um só documento naquele país.
Ao pisarmos
É realmente muito barato. Só que brasileiro não pode abastecer lá
em Santa Elena. Depois, nas próximas cidades, sim, não tem problema. Isso fez
com que saíssemos atrás de alguém que vendesse no câmbio negro. Foi uma luta
conseguir um contrabandista de gasolina e quando conseguimos o cara não queria
vender, pois a quantidade era de apenas
Depois de muita conversa o Ramon
Quezadas resolveu nos atender, mas, aí começou outra novela. Ele subiu numa
moto velha junto com um amigo e mandou que a gente o seguisse. Rodamos por uns
O Ramon abriu um deles e encheu os nossos tanques, cobrando um
Real por litro. Pagamos em Real, mesmo e seguimos de volta para o centro de
Santa Elena, para dar uma olhada no comércio, já que se trata de zona de livre
comércio. Encontramos muitos eletro-eletrônicos muito baratos. Contudo, alguns
itens diferem pouco do preço do Brasil. Após esse tour, ao qual incluímos uma
passagem para fotos na centenária Iglesia de Piedra (Igreja de Pedra), com
direito a muitas fotos. Antes de partir visitamos a Plaza Bolívar, que existe
em toda cidade venezuelana. Aí sim, avançamos Venezuela adentro.
Confesso que saí um pouco preocupado
com a forma como seriamos tratados, tanto pelo povo, quanto pelos militares do
país de Hugo Chaves, conquanto muitos brasileiros passaram informações que não
eram muito encorajadoras. Pelo povo fomos tratados sempre com muito carinho; de
parte dos militares, nas quase 50 alcabalas, nome dado às barreiras rodoviárias
da Guarda Nacional, fomos quase sempre tratados com muito respeito, com
raríssimas exceções. Raros foram os momentos em que sentimos segundas intenções
(querendo extorquir dinheiro da gente) de parte de algum militar venezuelano.
Tanto que pesquisei, tantos relatos
que li e mesmo assim eu e o Jadir (assim como eu, sabia disso), cometemos um
erro muito grave em Santa Elena: deixamos de trocar todo os nossos reais por
dólares, com uma cotação bastante atraente. Não foi por falta de aviso. O Jadir
cambiou apenas R$ 500,00 e eu R$ 300,00, como se fossemos visitar somente
alguns lugares da Venezuela.
Essa falta de atenção iria nos custar muito, mas, muito caro em
todos os sentidos, pois embora tenhamos sido salvos pelos cartões de créditos
internacionais do Jadir, algumas vezes não restou alternativa senão pagar um
pouco mais caro por um pernoite, ou por uma refeição, além do dissabor de ter
que rodar muito, em alguns momentos, em cidades pequenas, atrás de um lugar que
aceitasse pagamento com cartão de crédito.
Na Venezuela vimos muita coisa bonita,
proporcionada sobretudo pela exuberante natureza daquele país vizinho,
começando pela Grande Savana. Quem viaja pela estrada, partindo de Boa Vista,
mantém contato com a Grande Savana ainda em território Brasileiro, mas a parte
mais bonita está
Nas edições seguintes, até que a história seja totalmente contada, os leitores do Jornal do Comércio conhecerão novos episódios dessa inesquecível aventura.
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