Organização Mundial da Saúde alertou que o mundo está falhando no combate à demência e destacou que a doença pode alcançar 139 milhões de pessoas em 2050. A informação faz parte do relatório que analisa a resposta global de saúde pública à doença, publicado pela organização nesta quinta-feira.
De acordo com o documento, somente um quarto dos países no mundo têm uma política, uma estratégia ou um plano nacional que promova o apoio a pessoas com a doença e a suas famílias. Além disso, a OMS estima que mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência hoje, e aponta que o número deve subir para 78 milhões em 2030 e chegar a 139 milhões em 2050.
— O mundo está falhando com as pessoas com demência, e isso machuca a todos nós. Quatro anos atrás, os governos concordaram com um conjunto claro de metas para melhorar o tratamento da demência. Mas os objetivos por si só não são suficientes. Precisamos de uma ação combinada para garantir que todas as pessoas com demência possam viver com o apoio e a dignidade que merecem — disse o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Por não haver ainda uma cura para a demência, o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas (LiNC), Rodrigo Bressan, ressalta a importância dos cuidados paliativos, que envolvem a assistência à pessoa com a doença e a promoção do seu bem-estar:
— Quando você dá os cuidados necessários, você tende a retardar o ritmo da doença e melhorar a qualidade de vida, dando dignidade a ela.
Ele explica que o quadro de demência é um prejuízo progressivo principalmente de memória e de atenção, que pode ser causado por diversos fatores e é mais comum em pessoas a partir de 60 anos, apesar de haver casos de demência precoce.
— Você pode ter o Alzheimer, que tem uma causa conhecida, e você pode ter também o que é chamado de demência vascular, ou demência senil. A progressão do Alzheimer tende a ser mais rápida, mas acontece de muita gente ter um quadro misto que envolve os dois — diz Bressan.
Desigualdade no tratamento
Um dos grandes problemas apontados pelo relatório da OMS é a desigualdade na oferta desse cuidado. Para a organização, é urgente a necessidade de se investir no apoio para pessoas com demência, como também para aquelas que promovem a assistência desses indivíduos, tanto os que atuam de maneira informal, como familiares, como os formais, em caso de profissionais. Esse apoio envolve desde a atenção primária até o suporte especializado, a reabilitação, o tratamento de longa data e os cuidados paliativos.
A organização destaca que a oferta desse suporte é maior em países de alta renda, com metade dos lugares que têm políticas públicas voltadas para a demência localizados na Europa. Além disso, os medicamentos para a doença, produtos de higiene, tecnologias de assistência e adaptações nas residências são alguns fatores do tratamento que também são mais acessíveis nesses países.
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