Após a divulgação de quatro casos suspeitos da Síndrome de Haff, popularmente conhecida como doença da ‘urina preta’, em Santarém, no oeste do Pará, o setor pesqueiro tem sido duramente castigado, pois com receio de contrair a doença, a população tem evitado o consumo do produto. Cerca de 7 mil pescadores estão sendo afetados pela crise da falta de vendas do pescado.
Na Feira do Pescado, localizada na Avenida Tapajós, em Santarém, pescadores e vendedores lamentaram a queda nas vendas. Para Faustino Rego, que trabalha com peixe há mais de 12 anos, nem a pandemia da covid-19 gerou uma crise tão grande no setor.
‘O povo está com uma rejeição muito grande. Ontem eu doei 200 quilos de peixe para não estragar. Nem a covid nos afetou tanto como essa situação de agora, mesmo com pandemia as pessoas compravam’, disse desolado.
A vendedora de peixe, Luzia dos Santos, relata não saber mais o que fazer com o produto que não é vendido. ‘Nem doando o povo quer, estamos jogando fora, povo está com medo da doença. A situação é muito triste, nunca vive algo assim’, contou.
Francisco Raniere disse que as vendas caíram 95%, ou mais. Ele afirmou ter vendido no dia de ontem R$ 24 de peixe, mas antes da crise chegava a vender até R$ 2,500.
'Hoje, o dinheiro não cobre nem o que gastamos com o gelo. O peixe vai ficando, vai ficando, até que jogamos fora ou conseguimos doar. Semana passada eu doei mais de 200 quilos', falou.
Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca diz que 400 toneladas de peixes deixaram de ser comercializadas (Ândria Almeida / O Liberal / Santarém)
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap), nas duas últimas semanas, após a divulgação de casos suspeitos de urina preta no município, 400 toneladas de peixes ficaram ‘encalhadas’ por falta de venda.
‘Temos a questão da saúde pública, em primeiro lugar, mas não podemos deixar de nos preocupar com a questão social e econômica que está passando no nosso município. Nas últimas duas semanas, deixamos de comercializar 400 toneladas de pescado em Santarém', lamentou o secretário Bruno Costa.
Para o secretário, essa baixa na procura é devido a desinformação e as fakes News que circulam sobre a doença. 'No momento, nossa missão é combater essas informações falsas que têm criado o receio de consumir o pescado. A população pode ficar tranquila quanto ao consumo de peixe aqui em Santarém, municípios vizinhos e do estado do Pará’, reforçou o secretário.
A coordenadora da Vigilância Sanitária, Helen Silvestre, afirmou que os trabalhos para garantir que os peixes cheguem de forma saudável na mesa do consumidor continuam diariamente.
A Prefeitura de Santarém criou um grupo técnico para estudo de rastreabilidade da cadeia do pescado em Santarém, para mapear todo o caminho percorrido das espécies desde a captura nos rios até a comercialização em feiras e mercados e em restaurantes.
Por: Ândria Almeida/O LIberal
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