Inflação e vagas com salários inferiores explicam cenário, dizem analistas
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,1% no trimestre encerrado em outubro de 2021. Mesmo com a queda, o país ainda registrou 12,9 milhões de desempregados no período.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No trimestre anterior, finalizado em julho de 2021, a taxa de desocupação estava em 13,7%. Entre agosto e outubro de 2020, era de 14,6%.
Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa está desempregada quando não tem trabalho e segue à procura de novas oportunidades profissionais. O levantamento do IBGE considera tanto o setor formal quanto o informal.
A taxa de desocupação estimada pelo instituto (12,1%) ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam indicador de 12,3% no trimestre encerrado em outubro de 2021.
No período, a população ocupada com algum tipo de trabalho chegou a 94 milhões de pessoas no país. O crescimento foi de 3,6% (3,3 milhões) frente ao trimestre anterior, até julho.
"Essa queda na taxa de desocupação está relacionada ao crescimento da ocupação, como já vinha acontecendo nos meses anteriores. O aumento no número de ocupados ocorreu em seis dos dez grupamentos de atividades, a exemplo do comércio, da indústria e dos serviços de alojamento e alimentação", afirmou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
O setor informal respondeu por mais da metade das novas vagas. Dos 3,3 milhões a mais de ocupados no trimestre até outubro, frente aos três meses anteriores, 54,1% (1,8 milhão) atuavam sem carteira assinada ou CNPJ.
"Houve momentos em que essa variação da informalidade foi bem maior. Mesmo assim, ainda responde por mais da metade da recuperação da ocupação", disse Adriana.
Até outubro, o Brasil tinha 38,2 milhões de informais. O número correspondia a 40,7% da população ocupada (94 milhões) com algum tipo de trabalho. A maior taxa de informalidade da série histórica, iniciada em 2012, foi registrada de maio a julho de 2019 (40,9%).
O IBGE indicou que também houve aumento na população ocupada com algum tipo de vínculo formal. O emprego com carteira assinada, por exemplo, chegou a 33,9 milhões, crescimento de 4,1% frente ao trimestre anterior. Isso significa 1,3 milhão de pessoas a mais —ou cerca de 40% do total de 3,3 milhões a mais de ocupados.
A abertura de vagas, contudo, veio acompanhada por uma renda menor. O rendimento médio do trabalho foi estimado em R$ 2.449, queda de 4,6% frente ao trimestre anterior e de 11,1% em relação a igual trimestre de 2020.
Mesmo com a trégua, o desemprego preocupa analistas, especialmente em um contexto de inflação alta, como é o caso atual.
Em conjunto, as dificuldades no mercado de trabalho e a escalada dos preços afetam o consumo das famílias, um dos motores do crescimento do país. Não à toa, as previsões para o desempenho da atividade econômica em 2022 vêm sendo revisadas para baixo.
Analistas do mercado financeiro passaram a projetar crescimento inferior a 0,5% para o PIB (Produto Interno Bruto) do próximo ano, conforme o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central) na segunda-feira (27). A estimativa é de avanço de 0,42%.
Segundo analistas, a fragilidade da economia como um todo coloca em xeque a melhora do mercado de trabalho.
Fonte: Folha
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