Bolsonaro, que recentemente encontrou Putin, disse acreditar que as sanções contra os russos dificilmente vão prosperar
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse acreditar que as sanções econômicas não devem afetar tanto a Rússia e, mesmo alegando ser a favor da paz, observou que a Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear na década de 1990: “Não reclame agora”.
Ele também afirmou que não condenaria as ações do presidente russo, Vladimir Putin, já que Putin- segundo Bolsonaro -o teria apoiado em questões relativas à defesa da soberania da Amazônia. As declarações foram dadas na tarde de ontem (28) em entrevista à Jovem Pan.
Bolsonaro frisou, mais de uma vez, a relação com Putin. Ele citou a viagem feita à Rússia às vésperas do conflito -agenda criticada por diversos líderes mundiais e mesmo entre aliados -e as importações de fertilizantes.
AMAZÔNIA
“Queriam dizer que a autonomia da Amazônia não seria mais nossa, que seria de um pool de países. Quem disse que a Amazônia era nossa foi o presidente Putin. A gente vai construindo (relações). Se países como EUA, França, Reino Unido querem relativizar e a Rússia não, vamos abrir mão disso? Vamos assumir lado daqueles que querem relativizar a soberania da Amazônia?”, declarou ele.
Países da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido vêm se manifestando contra a invasão russa na Ucrânia. Após declarar ter conversado mais de duas horas com Putin, o presidente brasileiro afirmou não ter o que falar com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.
“Querem que eu fale com o Zelensky. No momento não tenho o que conversar com ele”, afirmou ele.
Bolsonaro minimizou as sanções impostas à Rússia por iniciar uma guerra contra a Ucrânia. “O mundo todo é interdependente, mas acredito que essas sanções dificilmente prosperem”, afirmou.
LIMITAÇÕES
Ele também afirmou acreditar que os conflitos não devem se agravar e que não cabe ao Brasil tomar um lado, já que o país é dependente de outros economicamente.
“O Brasil é um grande país, mas um país que tem que entender que tem algumas limitações, e entender que temos essa política de se aproximar de todo mundo e lutar pela paz”, observou ele, acrescentando: “Quem tem razão? Quem ganha a guerra é quem tem mais canhão”. Apesar de se dizer a favor da paz, ele mencionou, mais de uma vez, que a Ucrânia optou por não ter mais um arsenal nuclear após a dissolução da União Soviética. A fala é semelhante à de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que lamentou mais cedo a falta de bombas nucleares na Ucrânia.
“A Ucrânia abriu mão do seu potencial nuclear. Não vou discutir se está certo ou não, cada país é independente, mas não reclame agora.”
Chefe da embaixada da Ucrânia diz que Bolsonaro é mal informado
O chefe da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoli Tkach, rebateu ontem (28) as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) -que no domingo disse que o Brasil deve permanecer neutro no conflito no Leste Europeu -e afirmou que o líder brasileiro está mal informado. “Talvez seria interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva. Nós estamos num momento muito delicado, quando estamos decidindo o futuro não só da Ucrânia, mas também da Europa e do mundo”, disse Tkach, durante entrevista coletiva em Brasília.
Para o diplomata ucraniano, falta informação a Bolsonaro. “Ele se pronunciou neutro, então eu acho que ele pode estar mal informado e não saber a situação atual que acontece na Ucrânia”, disse. “Não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional, incluindo os fundamentos como a não violação das fronteiras, o respeito à soberania internacional, do Estado e da integridade territorial”.
Fonte: Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário