Pinturas rupestres no Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará Foto: Priscila Olandim / Semas/Pará
Fundo World
Monuments Watch lista bens culturais ou naturais que precisam de conservação urgente
Com grutas e paredões rochosos que guardam pinturas rupestres de cerca de 12 mil anos, o Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará, é um desses tesouros ainda desconhecidos do grande público no Brasil, ao mesmo tempo em que corre grande perigo de destruição. É o que alerta o projeto World Monuments Watch, que incluiu a área de preservação brasileira na edição de 2022 de sua lista de 25 patrimônios naturais ou históricos ameaçados. A seleção engloba de sítios arqueológicos, como Teotihuacan, no México, e Abidos, no Egito, a paisagens naturais únicas, como a do arquipélago de Socotra, no Iêmen.
O projeto é encampado pelo World Monuments Fund, uma organização internacional sem fins lucrativos que a cada dois anos seleciona 25 patrimônios arredor do mundo que estejam sob algum tipo de ameaça. Seja uma construção histórica com problemas estruturais ou um ecossistema com risco de degradação por conta das mudanças climáticas ou da ação do homem.
De acordo com a fundação, sua ajuda aos sítios ameaçados vai desde a captação de recursos fnanceiros para a preservação até a eleaboração de projetos que possam melhorar as condições dos locais, sejam de recuperação ambiental ou estrutural, sejam para otimizar a visitação turística mais sustentável.
Centro de visitantes do Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará Foto: Agência Pará
A lista bianual com os 25 patrimônios ameaçados é referendada por especialistas de órgãos externos, como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) - que é associada à Unesco e participa também da eleição dos bens listados como patrimônios mundiais, por exemplo. Para entrar na seleção, os patrimônios podem ser indicados por qualquer pessoa ou entidade, governamental ou não.
A indicação do Parque Estadual de Monte Alegre foi feita pelos arqueólogos Edithe Pereira (Museu Paraense Emílio Goeldi) e Claide Morais (Universidade Federal do Oeste do Pará), em parceria com a plataforma Cipó.
Para defender a inclusão da área, que fica na margem norte do Rio Amazonas, na região de Santarém (a mesma de Alter do Chão, por exemplo), os especialistas brasileiros ressaltaram a importância de seu conjunto de pinturas rupestres, um dos maiores e mais antigos das Américas.
Os achados em cavernas e paredões rochosos, como a Pedra Pintada, registram uma ocupação humana na região de pelo menos 12 mil anos. Também há registro de produção de cerâmica datados de oito a sete mil anos atrás.
Desde que o parque foi criado, em 2001, essas pinturas pré-históricas se tornaram um grande atrativo turístico da região, atraindo um grande número de visitantes de uma maneira, por muito tempo, pouco ordenada. Em 2020, uma nova estrutura de visitação, com novos equipamentos de sinalização, foi implantada pelo Iphan, mas pouco foi aproveitada pelo grande público por conta da pandemia.
O declínio da visitação nos últimos anos, que provocou uma crise econômica em parte da população local, dependente do turismo, é uma das ameaças apontadas pelos especialistas brasileiros em seu relatório ao World Monument Fund. Mas não a única.
A degradação ambiental causada pelo avanço da agricultura e da pecuária na região, e a mudança climática, que resulta em temporadas de seca mais longas e aumenta o risco de incêndios, são outros fatores que ameaçam a preservação do sítio arqueológico conhecidos e os ainda não documentados, além do meio de vida das comunidades indígenas e quilombolas da região.
Fonte: O Globo
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