No seu discurso de posse, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, classificou como "necessária" a estratégia de vincular o reajuste dos combustíveis no Brasil às oscilações do valor do barril do petróleo no exterior e à cotação do dólar.
Soou taxativo: "A prática de preços de mercado é condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos, para ampliação da infraestrutura do país e para a garantia do abastecimento." Traduzindo para o português do asfalto: o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha não vai cair como num passe de mágica.
Nada acontece na Petrobras, exceto o esforço de Bolsonaro para passar a impressão de que muito está acontecendo. A pretexto de conter a alta dos combustíveis, o presidente fritou com espalhafato dois presidentes da estatal.
No ano passado, decorou sua sala de troféus com a cabeça do economista Roberto Castello Branco, um apadrinhado de Paulo Guedes. Agora, pendurou na parede o cocuruto do general Joaquim Silva e Luna, um amigo que ele próprio apresentara como solução para a "insensibilidade" da Petrobras.
Castello Branco e Silva e Luna adotaram a mesma política de preços que Mauro Coelho tachou de "necessária". Logo, logo Bolsonaro estará criticando o novo presidente que indicou para a Petrobras.
Repetirá que não tem poderes sobre a estatal. Em seguida, com um alívio cenográfico, colocará a culpa em alguém. Bolsonaro é sempre vítima de alguém.
A campanha à reeleição potencializou o apreço de Bolsonaro pelo narcisismo do fracasso. Ele enobrece a própria alma terceirizando culpas. Tudo é uma porcaria, menos o crítico. Ninguém vale nada, exceto ele, o denunciador dos problemas.
Fonte: Josias de Souza (UOL)
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