O Ministério de Minas e Energia confirmou na noite nesta segunda-feira (4) que o empresário Adriano Pires desistiu de assumir a presidência da Petrobras.
O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) recebeu uma carta de Pires em que ele informa a desistência. A informação foi antecipada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.
"Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria que fundei há mais de 20 anos e que hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo", afirmou Pires em carta divulgada pelo ministério no início da noite.
Mais cedo, interlocutores da pasta afirmavam que o ministro ainda buscava um plano B para a possível negativa de Pires.
A decisão do economista cria um impasse para o governo, que tem menos de dez dias para conseguir um substituto para presidir a Petrobras.
Na prática, apesar de a troca ter sido anunciada, ela só ocorreria no próximo dia 13, na assembleia geral de acionistas da empresa, quando o governo apresenta sua lista de representantes ao conselho.
A turbulência fez as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas na Bolsa, recuarem 0,88% nesta segunda, puxando o mercado para baixo.
Esta será a terceira troca no comando da empresa durante a gestão Bolsonaro, e ocorre em um momento especialmente sensível.Após o mega-aumento no preço dos combustíveis, o general Joaquim Silva e Luna entrou na mira do presidente Jair Bolsonaro (PL), preocupado com a alta de preços e seu efeito inflacionário.
O tema dos combustíveis é considerado um dos mais importantes para Bolsonaro desde o ano passado, e se agravou com a guerra na Ucrânia. Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, ele busca sua reeleição em outubro.
A palacianos, o economista alegou potencial conflito de interesses para justificar sua desistência.
Um dos principais entraves para a nomeação é o fato de Pires ser dono do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), fundado pelo economista, que hoje preside a companhia, tendo o seu filho como sócio e diretor da empresa.
O problema é que, pela Lei das Estatais, Pires não poderia simplesmente deixar a empresa e vender as cotas para o filho porque o parente continuaria sendo acionista.
Ou seja, para assumir a presidência da Petrobras, não só Pires, mas também seu filho deveria abrir mão da empresa -o que ele não quer.
Por outro lado, segundo aliados do Planalto, Pires também estaria preocupado com eventuais intervenções na estatal, a depender do momento político.
Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, o indicado para substituir o general Joaquim Silva e Luna tem forte ligação com Carlos Suarez, dono da Termogás, que controla distribuidoras de gás encanado em regiões ainda não atendidas por gasodutos, como o Distrito Federal. Também ficou mais conhecido com o S da OAS, que ajudou a fundar e da qual depois se desligou.
Folhapress
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