No auge do ciclo do ouro, nos anos 1980, costumava-se falar que ter um barco na linha Itaituba para Santarém um “garimpo sem malária”. Sim, porque só faltava andar gente pendurada, pois as embarcações saíam sempre lotadas de passageiros e cargas. Era comum denúncia de superlotação.
Uma das marcas registradas era a
grosseria das tripulações, de maneira especial de parte dos responsáveis.
Evitava-se falar com eles, temendo-se uma resposta mal educada. Poucos, como o
saudoso Edil, do B/M Leão e Rosinaldo, do São Bartolomeu eram exceções,
destacando-se por serem pessoas educadas.
Os anos se passaram, entraram as lanchas,
os barcos foram sumindo até desaparecerem quase completamente da linha, a
viagem ficou mais rápida, mas, uma coisa não mudou: a qualidade das embarcações
que fazem a linha continua a mesma, uma porcaria, que é motivo de reclamações
constantes dos usuários.
Já foram feitas inúmeras reclamações
para a Arcon, a Câmara Municipal já tratou incontáveis vezes desse assunto, já
reuniu com o órgão estadual responsável pela fiscalização, a Arcon, e com a
Capitania dos Portos, mas, os donos das lanchas estão pouco se lixando para a
situação, certos que sempre estiveram da inércia das autoridades na defesa dos
interesses do contribuinte.
Mais uma vez o assunto foi levantado
em uma sessão da Câmara Municipal de Itaituba através do vereador Rangel
Moraes, que foi procurado por um passageiro que viajou de Santarém para
Itaituba numa dessas lanchas, o qual reclamou ao edil as péssimas condições da
embarcação, que estava fazendo uma promoção de passagens a R$ 10,00, o que fez
com a mesma viesse superlotada.
O denunciante informou ao vereador,
que quando foi reclamar junto a direção do desconforto pelo excesso de
passageiros, pois havia gente viajando em pé, por que as poltronas estavam
lotadas, teve como resposta, que se estivesse insatisfeito, que descesse na primeira
parada e depois seguisse em outra condução.
É desse jeito que o negócio funciona.
Tanta expectativa gerada quando essas lanchas entraram nessa linha, para
absolutamente nada. A passagem é cara, a viagem é cansativa, porque ficaram
somente as lanchas menores, que fazem os passageiros se sentirem como se
estivessem numa lata de sardinhas. Fora o barulho ensurdecedor dos motores. A
única lancha que oferecia conforto, por ser de um porte bem maior, a Ana
Karoline, faz tempo que trocou de linha, viajando atualmente de Santarém para
Manaus.
Na sessão do dia 19 de abril, quando o
vereador Rangel Moraes levantou essa questão pela enésima vez, o vereador
Peninha, no espaço em que usou a tribuna, também abordou o problema. Ele
sugeriu que a Mesa Diretora da Casa de Leis convidasse a Arcon para uma reunião
na sala da presidência para tratar com o órgão sobre o que é possível fazer
para melhorar a qualidade do serviço.
Se os passageiros de Itaituba que
precisam viajar para Santarém, utilizam bem mais o transporte rodoviário em vez
do fluvial, desfalcando consideravelmente as lanchas, provavelmente mexessem
com esses empresários.
Os ônibus dessa linha estão cada vez
melhores, com ótima estrutura, ar-condicionado, semileito, sem o barulho
infernal das lanchas e com hora para chegar, pois uma das reclamações dos
passageiros é por conta de serem cada vez mais comuns panes nessas embarcações,
o que provoca atrasos na chegada ao destino.
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