Zé Wilson é o nome de um empresário que tem negócios em Itaituba há mais de três décadas. O primeiro investimento dele foi em uma cerâmica localizada na Estrada do BIS, conhecida como Cerâmica do Zé Wilson, cujo nome era Cerâmica Bom Jardim, que fechou. E embora demore um pouco a vir por aqui em função dos negócios que tem fora, ele continua presente, dentro outros investimentos, construindo casas populares.
O empresário estendeu as suas atividades para os Estados Unidos, no ramo da construção civil. E pelas informações que um empresário conhecido dele, que mora em Itaituba, e fala às vezes com ele por telefone, Zé Wilson está muito contente com o retorno dos seus investimentos por lá.
Na última conversa com o amigo itaitubense, Zé Wilson falou da maneira como as autoridades norte-americanas veem os brasileiros de um modo geral, inclusive, aqueles que em busca de conseguir visto para viver naquele país, prestam informações mentirosas, que funcionam num primeiro momento, mas, mais tarde viram-se contra o autor.
Citando casos dessa área da construção civil, se o pretenso empresário informar que pretende construção determinado número de casas, gerando certo número de empregos, além da compra do material de construção e do pagamento de tributos, tudo é anotado pelo setor de imigração.
Encerrado o prazo inicial dado pela imigração, quando o empresário volta para renovar o visto de permanência no território estadunidense, ele precisa responder às perguntas que talvez tenha esquecido.
O senhor informou que iria construir tantas casas. Quantas conseguiu concluir?
Se a resposta não for satisfatória, os oficiais da imigração, dependendo da resposta, podem dar um pouco mais de tempo, porém, na terceira entrevista, se sentirem que o brasileiro está enrolando, ele é convidado “gentilmente” a voltar pra casa, no Brasil.
O famoso e famigerado “jeitinho brasileiro”, além de mal visto, é mal compreendido pelo povo norte-americano em geral, os quais não entendem o motivo de alguém assumir um compromisso, que de antemão já sabe que não fará nenhum esforço para levar a cabo.
Para eles não faz sentido uma pessoa se comprometer a fazer algo, cumprir certos prazos, somente para ganhar tempo. Essa é a mentalidade deles, é assim que eles vivem, é assim que eles agem. E como estão em casa, não só esperam, mas, exigem que quem vai de fora, os imigrantes, comportem-se conforme os seus ditames.
Pois bem, o que isso tem a ver com o que acontece aqui, em terras tupiniquins, mormente na nossa região do Tapajós, na tão esculachada atividade garimpeira?
O “jeitinho brasileiro” tem tudo a ver com isso, pois é ele um dos responsáveis por tudo que acontece por essas plagas, na medida que um percentual significativo de pessoas que se intitulam garimpeiros, fazem de tudo para estar à margem da lei.
Tem uma turma que não é pequena, que nunca quer se regularizar. Não são invasores de terras indígenas, nem de parques nacionais, todavia, são cabeças duras, que uma hora dessas podem ficar sem trabalho, porque o cerco está se fechando, e do jeito que vai, somente aqueles que se formalizarem poderão ficar na Reserva Garimpeira.
Os outros são os que atuam completamente fora da lei, apostando na ausência do Estado brasileiro, que por muito tempo deixou correr solto. E só tem se mexido por causa da grande pressão internacional, sobretudo exercida pelos chamados países desenvolvidos, que o Brasil não pode ignorar.
Se continuar a disposição dos órgãos de fiscalização da União, e se o governo levar a sério a desoneração de áreas da Reserva Garimpeira, o “jeitinho brasileiro” estará com os dias contados nessa atividade.
Que bom se isso vier a acontecer, que bom se o governo conseguir que fiquem somente os que estiverem trabalhando legalmente. De certa forma é um contrassenso crer que isso possa acontecer nesse governo do Brasil, que mais qualquer outro na história da República, tem contribuído para a destruição do meio ambiente amazônico.
Embora tudo isso seja verdade, estamos prestes a ver esse governo de tantos despropósitos, fazer o que nenhum outro fez anteriormente, que é possibilitar a regularização da atividade garimpeira através da desoneração de áreas. O primeiro passado já foi dado e será sacramentado com o evento marcado para o dia 6 deste mês, sexta-feira, em Itaituba. Não vai resolver tudo, mas, para quem não tinha nada, já será um bom começo.
Justiça seja feita, o autor desse golaço é o vereador Wescley Tomaz, com a parceria do deputado federal Joaquim Passarinho. Sem esquecer da carta branca que o prefeito de Itaituba, Valmir Clímaco, deu para que o vereador fosse adiante nessa luta.
Jota Parente
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