O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou a alta rejeição que enfrenta entre os eleitores do sexo feminino, tendência que aparece nas pesquisas de intenção de voto. Disse que as mulheres procuram "um presidente", "não um casamento".
A fala aconteceu nesta quarta-feira (13), em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada. O presidente permaneceu cerca de 45 minutos no local.
Bolsonaro tem acumulado frases preconceituosas contra diferentes alvos. Sobre as mulheres, já disse, por exemplo: "Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens. A quinta eu dei uma fraquejada e aí veio uma mulher".
Nesta quarta, Bolsonaro comentou o caso do médico anestesista que foi preso ao ser flagrado cometendo crime de estupro contra uma mulher inconsciente, em cirurgia de cesárea.
O chefe do Executivo sinalizou que defende as mulheres e relembrou que buscou transformar em crime hediondo o estupro, quando cometido por adolescentes, e que a esquerda barrou a proposta.
Em seguida, deixou o tom grave de lado e afirmou, dando risada: "Pessoal fala que eu não defendo, que eu tenho uma rejeição de mulher. Não sei se é verdade ou não. Acho que a eleitora não está procurando um casamento, está procurando um presidente".
Eu sei que nós não vivemos sem elas e nem sobrevivemos", completou, aumentando o clima de descontração e ouvindo depois de uma apoiadora que era mais bonito pessoalmente.
Pesquisa Datafolha divulgada em junho mostrou que 55% dos eleitores não votariam em Jair Bolsonaro de jeito nenhum. Entre as mulheres, a rejeição é de 61%.
Como uma forma de diminuir a sua rejeição entre as mulheres, a campanha à reeleição do presidente tem apostado em uma maior participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, considerada carismática e com potencial para tentar humanizar a imagem do chefe do Executivo.
Em outro momento de sua conversa com apoiadores, o presidente sugeriu que algumas de suas escolhas agradam mais aos homens e que essa poderia ser uma explicação para a rejeição ser maior entre as mulheres. Afirmou, por exemplo, que mulheres tendem a gostar menos das motociatas que ele participa ou mesmo de armas.
"Por exemplo, a gente faz o movimento de motociata. As mulheres gostam ou não gostam?", questionou aos apoiadores.
"Se for fazer uma pesquisa, os homens gostam mais. Isso não é uma manifestação machista, porque tem muita mulher que gosta de moto lá. Mas é algo espontâneo que pode ser feito naquele momento, o aeroporto até o evento", completou.
Sobre as armas, ele também afirmou que os homens tendem a concordar mais com o seu posicionamento e gosto pelos artefatos. Mas, por outro lado, que as mulheres apreciam o fato de que seus companheiros tenham as armas para defendê-las.
"Daí falam assim: ‘quem gosta mais de armas?’ O que eu entendo do negócio de armas é a proteção da família. Tem mulher que não gosta de armas, mas quer que o marido, o namorado ou o pai tenham armas", afirmou.
O mandato do presidente Jair Bolsonaro tem sido marcado por algumas declarações e ações polêmicas relacionadas com as mulheres.
No fim de junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação e aumentou a indenização de Bolsonaro à repórter da Folha Patrícia Campos Mello por ter feito uma insinuação sexual contra a profissional.
O chefe do Executivo realizou a insinuação usando o termo "furo" para se referir ao orifício do corpo da repórter. A palavra "furo" é um jargão jornalístico para se referir a uma informação exclusiva.
Bolsonaro também descreveu como "auxílio Modess" um projeto que vetou prevendo distribuição de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade. Mais recentemente, ao comentar o aborto legal de uma menina de 11 anos estuprada, disse que a interrupção da gravidez apenas "agrava ainda mais a tragédia".
Fonte: Folha
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