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segunda-feira, outubro 11, 2021

Vídeo mostra irmã de estudante de medicina, de 3 anos, contando a psicóloga que ele 'brincava' com ela várias vezes e beijava suas partes íntimas


Gravação instrui inquérito em que rapaz de 22 anos é acusado de estupro de vulnerável por ter abusado de quatro crianças, entre elas, as duas irmãs

Uma menina, com um laço de fita rosa gigante nos cabelos e um coelhinho de pelúcia nas mãos, fala inquieta sobre o que mais gosta na vida. Rodando para um lado e para o outro, numa cadeira giratória, ela conta que adora brincar de esconde-esconde, pega-pega. No fundo da sala, tem uma boneca de pano da Emíila sobre uma mesa. A criança, perguntada, diz que mora com a mãe, o pai e o "maninho". O "maninho", o estudante de medicina Marcos Vitor Dantas Aguiar Pereira, de 22 anos, tocava nela. Perguntada mais uma vez, ela relata, quase brincando, que ele tocava e beijava partes de seu corpo, "aqui (na pepeca) e aqui", enumera, apontando para o tórax e para os órgãos genitais. A menina diz que o rapaz dava beijos no lugar que ela usa para ir ao banheiro. A cena descrita pela tia, P.C., aconteceu na Delegacia de Proteção à Criança de Teresina, no Piauí, onde uma das duas irmãs do rapaz, indiciado por abuso de vulnerável, prestou depoimento. A gravação faz parte de um vídeo que é mantido em sigilo no inquérito que investiga o estudante por abusos a quatro crianças, duas delas suas irmãs de 3 e 9 anos.

P.C., que é irmã da madrasta de Marcos Vitor, considera que o relato da vítima mais nova do estudante, a menina de 3 anos, é uma das coisas mais chocantes de toda a história de atrocidades que envolve o caso. Ela acredita que o vídeo é também um "tapa na cara" de quem acha que o ocorrido pode ser invenção da cabeça de crianças. A menina, que parece gostar do "maninho", é questionada sobre quantas vezes ele beijou as partes do seu corpo. A criança, então, abre as mãozinhas e começa a contar, mas faltam dedinhos para explicar o tanto que os abusos se repetiram.

— Não dá para ficar calada, não dá para ficar quieta, não é uma invenção delas. É muita dor — diz P.C.— Eu sei o que é isso. Eu quase perdi minha filha.

No final do curso de medicina, P.C. é mãe da adolescente de 13 anos, prima do estudante, a primeira a denunciar Marcos Vitor. Isso só aconteceu recentemente. Ela disse ter sido abusada por ele durante anos. Ao menos entre os 5 e os 10 anos de idade. Foram tantas vezes e tanto trauma, que a jovem não tem certeza, mas acredita que a primeira vez foi durante uma viagem da familia ao Uruguai.

Desde que tudo começou, a menina se calou, caiu em depressão e se automutilava com frequência. Não há, para a mãe, o que duvidar de um sofrimento que deixou inúmeras marcas no corpo, sobretudo cicatrizes de cortes nos braços. Este ano, ela tentou se matar. Depois de ter chegado ao limite, contou o que vinha passando há anos para uma prima. A prima contou para a madrasta do estudante, irmã de P.C., que contou para ela e descobru que as próprias filhas teriam sido vítimas também.

Adolescente de 13 anos, a primeira a denunciar Marcos Vitor, se automutilava com frequência Foto: Arquivo pessoal
Adolescente de 13 anos, a primeira a denunciar Marcos Vitor, se automutilava com frequência Foto: Arquivo pessoal

Engajada numa campanha para ver Marcos Vitor preso — ele ainda não compareceu para prestar depoimento à Polícia Civil do estado —, P.C. diz que gostava do jovem que viu crescer. Ele passou a conviver com a família aos 8 anos quando a irmã se casou com o pai dele. Aos 11, foi para o convívio da família. Foram Natais e Páscoas juntos. Viagens, fins de semana em casas de praia, almoços aos sábados na casa da matriarca. "Minha mãe fazia os pratos preferidos dele", conta. Ela própria o levava para assistir a cirurgias, por estar no final do curso de medicina, e o apresentava orgulhosa como sobrinho. Um mundo perfeito que se dissolveu com as denúncias.

A luta com o quadro depressivo da filha nunca suscitou suspeitas. Ela guarda uma troca de mensagens que a filha mandou para uma amiga quando tentou se matar ingerindo medicamentos. Nelas, mesmo para a amiga, a adolescente não revela detalhes de seu estado de espírito. Apenas diz que ama a mãe e que a tentativa de morrer nada tinha a ver com problemas com ela. Apenas fala que "o problema de eu estar desse jeito é meu".
Troca de mensagens de adolescente de 13 anos, a primeira a denunciar Marcos Vitor, com amiga Foto: Arquivo pessoal
Troca de mensagens de adolescente de 13 anos, a primeira a denunciar Marcos Vitor, com amiga Foto: Arquivo pessoal
Era por isso (abusos) — afirma P.C. — Mas nós não vamos ficar loucas. Vamos fazer a nossa parte, deixar ele bem conhecido, será impossível sair nas ruas. De resto, vamos continuar nossas vidas.
A estudante de medicina, que é formada em direito, teme que Marcos Vitor saia do país. A mãe dele morou 10 anos em Portugal e ele tem visto americano. O caso envolvendo a família de classe média da Zona Oeste de Teresina tem mobilizado a opinião pública. Apesar da grande divulgação, Marcos Vitor ainda se encontra em local desconhecido.

Em mensagens, ele teria atribuído as denúncias de abuso a um "lado obscuro" de sua personalidade. Há dois anos, o rapaz mora em Manaus, onde cursa medicina. O advogado Eduardo Faustino, que o representa, garante que o estudante não está foragido e que apenas abriu mão do "direito ao interrogatório". P.C, que é advogada, aponta para incoerências porque, de acordo com ela, para abrir mão do depoimento o acusado precisa comparecer perante às autoridades policiais.

Fonte: O Globo

quarta-feira, maio 26, 2021

Homem é preso por montar ‘estúdio do terror’ para filmar estupros de crianças entre 8 e 10 anos

Robério de Oliveira Pereira estava foragido da polícia. Ele além de gravar os vídeos dos abusados sexuais, também comercializava as pornografias

Um homem, identificado como Robério de Oliveira Pereira, dono do ‘estúdio do terror’, foi preso em flagrante na última terça-feira (25), por filmar estupros de crianças e comercializar o conteúdo pornográfico. Ele era considerado foragido pela polícia, mas foi capturado pelos agentes quando o chegava na casa, que usava para se refugiar, em uma favela no Rio de Janeiro. 

Os investigadores da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) identificaram que as vítimas, eram menores de idade entre 8 e 10 anos, e tinham sido abusadas sexualmente na residência do suspeito, localizada no Morro Santa Marta, em Botafogo. As imagens eram comercializadas por Robério. 

A Polícia Federal conseguiu, por meio dos vídeos, rastrear o paradeiro do acusado, que já vinha sendo vigiado pelos agentes, com um mandado de prisão expedido em 2018, e efetuar a prisão. No momento da prisão, ele confessou o crime de exploração sexual infantil. Robério já havia sido processado por tentativa de feminicídio praticado em 2006 contra uma ex-companheira, então com 16 anos de idade. 

Todas as crianças identificadas  como vítimas estão sendo encaminhadas à rede de proteção para receber os cuidados médicos e psicológicos necessários. O homem segue à mercê da Justiça. 

Fonte: Metrópoles