Aldo Inácio da Silva, o Seu Mané, morreu em Novo Progresso, onde vivia há muitos anos, vítima de complicações da Covid-19.
Era natural de São Paulo, da cidade de Valparaíso. Em 1979 mudou-se para Itaituba, município no qual ganhou projeção nacional, tanto pela riqueza que acumulou em poucos anos, quanto pelo fato de ser casado com duas mulheres, passando para três algum templo depois.
Esse particular o levou a ser convidado para participar do Progrma Jô Onze e Meia, no SBT, em 1989, sendo notícia nacional pela peculiaridade da entrevista.
Foi ele quem implantou as duas primeiras emissoras de rádio em Itaituba, a Rádio Itaituba e a Rádio Clube. Também criou a TV Itaituba, que retransmitia o sinal da Rede Globo, depois, da Rede Bandeirantes, a qual foi vendida em 1990 para o empresário Wilmar Freire.
Quando voltou ao ar depois que foi feita a mudança, do Chapéu do Povo para a 17ª Rua da Bela Vista a emissora trocou o nome para TV Eldorado. Eu participei de todo esse processo de mudança, sendo responsável pela mudança de local e pela troca do nome, assim como pela montagem da primeira equipe nas novas instalações.
Amigo muito próximo do empresário Wirland Freire, quando esse foi eleito prefeito, Seu Mané foi secretário de Infraestrutura por mais de um ano. A participação de Wirland na implantação da Rádio Itaituba foi fundamental no apoio financeiro.
Em 1989, Seu Mané encarregou o saudoso Nazareno Habib Bechara, que havia trabalhado comigo por alguns anos na Rádio Rural de Santarém, para me convidar para vir dirigir a Rádio Itaituba, atual Ita FM.
No dia 24 de outubro daquele ano, eu cheguei no barco/motor Líder para a primeira e definitiva conversa, pois ficou tudo acertado.
Por um ano e quatro meses a Rádio Itaituba fez eco na cidade e no interior, com uma equipe de profissionais do mais alto nível, que Seu Mané deu aval para contratar.
Por conta de seu espirito sempre inovador, pela primeira vez na história do rádio de toda a região oeste do Pará, uma emissora transmitiu dois jogos seguidos da Seleção Brasileira, contra o Paraguai e contra o Peru, em Terezina e em Fortaleza, com a equipe formada por Rozza Paranatinga, narrador, Jota Parente, comentarista e Lamberto de Carvalho, repórter de campo.
Seu Mané foi um homem muito empreendedor. Tinha muitas ideias, mas, tinha dificuldade de manter boas relações com aqueles que trabalham em cargos de chefia, com ele. Chegava a um ponto em que a convivência tornava-se difícil. Isso aconteceu comigo.
Por conta disso, ficamos muitos anos sem nos falarmos. E como ele foi morar em outra cidade, ficou difícil reatar o contato, o que só aconteceu no ano de 2013, quando fiz minha terceira expedição de motocicleta.
Pernoitei em Novo Progresso, e fui em busca do hotel dele, o Hotel Rodoviário, onde fiquei hospedado.
Seu Mané tinha passado por problemas de coração que quase lhe tiraram a vida, pouco tempo antes daquele encontro, no qual ele demonstrou ter ficado muito emociado. Ficamos conversando até mais tarde, passando uma borracha nas coisas negativas do passado.
Em 2018, quando eu estava retornando da viagem para a Cidade do Fim do Mundo, Ushuaia, parei em Novo Progresso para voltar a conversar com ele. Foi nosso último encontro, já com as pazes feitas na viagem anterior.
Ele deixa como legado a sua disposição para empreender, criando coisas novas, sem medo de dar errado. Deixa sua contribuição para a comunicação de Itaituba, de marca indelével.
A alcunha Seu Mané surgiu em função de sua grande admiração pelo maior ponta-direita da história do futebol, Mané Garricha.
Jota Parente