O Brasil tem 11 das 30 cidades mais violentas do mundo. Levantamento do Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas com base em assassinatos ocorridos no ano de 2012 aponta Maceió como a quinta cidade em homicídios a cada 100 mil habitantes. Fortaleza está na sétima posição e João Pessoa, em nono. A América Latina desbancou a África como a região mais violenta. Honduras é hoje o país com maior número de assassinatos por 100 mil habitantes. O índice registrado naquele país aponta para o que os pesquisadores chamam de “situação fora de controle”. “Muitas vidas estão sendo tragicamente interrompidas, muitas famílias e comunidades estão sendo destruídas. Há uma necessidade urgente de entender como o crime violento está afligindo os países em todo o mundo, afetando particularmente os homens jovens, mas também causando grandes danos às mulheres”, disse o diretor de Análise de Políticas e Assuntos Públicos da ONU, Jean-Luc Lemahieu, na divulgação do estudo ontem, em Londres.
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Entidade trabalha para formatar classificação internacional de crimes
O Estudo Global sobre Homicídios 2013 é baseado no banco de dados das Estatísticas de Homicídios do Unodc (2013), compilados a partir de uma variedade de fontes nacionais e internacionais, cobrindo 219 países e territórios. Esses dados, segundo a entidade, são derivados ou dos sistemas de justiça criminais ou de saúde públicos, cada um registrando dados a respeito dos homicídios dolosos de maneiras diferentes. Desde a publicação do Estudo Global sobre Homicídios 2011, a disponibilidade de dados sobre homicídios dolosos aumentou, porém, existe muito trabalho ainda a ser feito para que os dados continuem a melhorar.
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O trabalho metodológico em andamento para desenvolver a Classificação Internacional de Crimes para Propósitos Estatísticos (International Classification of Crime for Statistical Purposes – ICCS) fornecerá pela primeira vez uma definição e uma classificação internacionalmente aceita de homicídio doloso e guiará assim a produção de dados sobre homicídios por sistemas nacionais estatísticos. No nível nacional, esforços maiores serão necessários para coordenar e harmonizar a produção de estatísticas de homicídio por todas as instituições parceiras relevantes tanto do setor da justiça criminal quanto do de saúde pública. Esforços maiores e mais focados especialmente na África, Ásia e Oceania são necessários para completar lacunas ainda existentes.
De acordo com a pesquisa da ONU, foram assassinadas 437 mil pessoas em 2012, das quais 36% nas Américas e pouco mais de 11% no Brasil. O país é o que tem mais cidades na lista da violência, seguido pelo México, com seis – ambos são os países mais populosos da América Latina.
Para os pesquisadores da ONU, o elevado índice de homicídios na América Latina está ligado ao crime organizado e à violência política, que persiste há décadas nos países latino-americanos. A maior parte das mortes (66%) foi provocada por armas de fogo. Os cartéis do narcotráfico mexicano são citados como responsáveis pela violência também em Honduras, El Salvador e Guatemala, países que integram rotas de distribuição de drogas que têm como destino os Estados Unidos. Já na Venezuela, os assassinatos são atribuídos à violência urbana.
Taxas de homicídios acima de 20 por 100 mil habitantes são consideradas graves pelos especialistas. Em Honduras, são 90,4 homicídios por 100 mil habitantes; no Brasil, 25,2.
Conflito
Países em conflitos têm taxas inferiores às da América Latina, como o Iraque, no Oriente Médio, onde o índice registrado é de oito para 100 mil habitantes.
Nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, as taxas de homicídio declinaram – 29% e 11%, respectivamente –, mas cresceram no Norte e Nordeste do país, com destaque para a Paraíba, que registrou um aumento de 150%, e Bahia, que contabiliza um aumento de 75% no número de homicídios nos últimos dois anos. Pernambuco é uma exceção no Nordeste, com queda de 38,1% na taxa global de homicídios.
Homens
Mundialmente, cerca de 80% das vítimas de homicídio e 95% dos autores desse crime são homens. Segundo o estudo do Unodc, a taxa de homicídio masculina global é quase quatro vezes maior que a de mulheres (9,7 contra 2,7 por 100 mil) e é mais alto na América (29,3 por 100 mil homens), onde é quase sete vezes maior do que na Ásia, na Europa e na Oceania (todos com menos de 4,5 por 100 mil homens). Em grande medida, isso ocorre devido ao fato de que os níveis mais altos de homicídios relacionados com o crime organizado e com gangues ocorrem na América quando comparados a outras regiões.