Aonde o governo do município
pretende chegar no que diz respeito ao aeroporto de Itaituba? Esse
questionamento foi feito pelo empresário Jorge Machado, um dos que estão sendo
fortemente prejudicados com a suspensão dos voos das duas empresas comerciais que
atuam aqui, depois que a MAP realizou seu último voo, dia 10 passado, até que
se resolvam as não conformidades do aeródromo municipal.
Os prejuízos não são apenas de monta
particular, como para empresas e profissionais liberais que atuam em alguma atividade
diretamente relacionada com o setor, mas, para o município como um todo, porque
é pelo aeroporto que entram muitos homens e mulheres de negócios de todos os
portes. E o não funcionamento significa que dezenas de investimentos deixam de
ser concretizados.
A Prefeitura de Itaituba tem buscado
algumas parcerias para tentar solucionar o problema. Não está errado, porque
essa é uma tendência, conquanto o próprio governo federal faz uso desse
expediente. Porém, quando não consegue algum tipo de doação em curto prazo, o
serviço trava.
O descontentamento de seguidos
gestores com a responsabilidade jogada pelo governo federal nos ombros do
município que tem que administrar um aeroporto deficitário vem passando de
governo para governo, desde Wirland Freire, que ainda em seu primeiro ano de
gestão ameaçou fechar o aeroporto para tentar forçar o governo a reassumir sua
administração.
Certamente, aquilo não funcionaria
se ele tivesse insistido em fechar as portas do aeródromo. Mas, Wirland não
chegou a tal extremo, porque algumas pessoas que ele costuma ouvir, as quais
faziam parte de sua administração, argumentaram que embora ele tivesse razão,
porque essa deve ser uma responsabilidade do governo federal, no final das
contas quem seria punido seria o município.
Depois, passaram-se os governos de
Edilson Botelho, novamente Wirland, Benigno Reges que o substituiu, Roselito
Soares com um mandato completo e mais de um ano do segundo mandato, Valmir
Climaco assumiu, e agora, no governo de Eliene Nunes, e o problema perdura sem
nenhuma previsão de final para essa novela que faz de Itaituba um lugar ainda
mais distante do que é, por causa das dificuldades de se chegar aqui.
Sem o aeroporto funcionando, a
começar pelos taxistas que atuam naquele ponto, passando pela empresa que
mantém carros para aluguel para quem chega de fora e precisa de um veículo para
se locomover pela cidade, por hotéis, agências de viagens e restaurantes, está
todo mundo reclamando com toda razão, pois todos sofrem prejuízos.
Donos de agências de viagens falam
em queda de mais de 90% do movimento, porque para quem eles vão vender
passagens, sem nenhuma linha regular operando? Nos hotéis a queda de ocupação
chega a pelo menos 50%. Ressalte-se que isso é o que se vê, porque, quantos
negócios tem deixado de ser fechados por causa do não funcionamento do
aeroporto?
Numa reportagem que a TV Tapajoara
levou ao ar no Focalizando de segunda-feira passada, foi dito que alguns donos
de hotéis pediram para não aparecer na frente das câmeras, por temerem retaliações
do governo da prefeita Eliene Nunes. Disseram eles, que se dessem qualquer
declaração em público, poderiam sofrer algum tipo de perseguição, pois é assim
que o governo age com quem ousa criticá-lo.
Não é a primeira vez que se ouve
falar disso. Nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação o assunto
tem sido tratado. Mas, agora ganhou uma conotação diferenciada por se tratar do
telejornal de maior audiência da cidade. E ninguém do governo se apressou em
vir a público dar uma explicação, ou desmentir, o que só piora a imagem da
atual gestão.
Aonde quer chegar o governo
municipal quanto ao aeroporto? Talvez o problema seja o mesmo que tem sido
observado em outros setores da atual administração: falta de atitude, pois em
vez de ficar apenas esperando que a solução venha através de gestos de boa
vontade de terceiros, a prefeita Eliene Nunes deveria chamar diretamente para
ela essa responsabilidade, porque é inconcebível que neste momento de
crescimento do município, no qual existem grandes expetativas, Itaituba não
tenha seu aeroporto em pleno funcionamento.
Por causa disso, a
imagem da prefeita está passando por um novo processo de desgaste, tanto junto
a boa parcela da população, quanto perante o poder econômico do município, que
precisa desse serviço fundamental, que é o funcionamento regular do aeroporto.
*Na edição impressa do Jornal do Comércio, circulando