O que foi feito de recuperação de
ruas no período pré-eleitoral, durante a campanha política de 2014 e um pouco
após as eleições foi bom. Algumas ruas de fundamental importância para o
tráfego de veículos na cidade de Itaituba foram pavimentadas, possibilitando
uma melhora considerável na mobilidade.
Infelizmente, em boa parte do Brasil
as coisas ainda funcionam dessa maneira: o governante faz alguma coisa próximo
da eleição, para que o eleitor não esqueça quem foi que fez. Trata-se de um
resquício que ainda perdura na política brasileira, onde quem vota precisa dos
‘favores’ dos coronéis de plantão.
No final da década de 1960, depois
que o ex-prefeito de Santarém, Elias Ribeiro Pinto foi tirado na marra do
poder, exatamente em 1968, por ordem dos representantes da ditadura militar,
com a participação do coronel Haroldo Veloso, aquele município teve quase um
prefeito por mês, todos nomeados pela Arena, que era o partido oficial dos
militares. Um desses ex-prefeitos, o hoje empresário Fábio Chagas Lima, contou-me um fato que
ocorreu com ele.
Viajava ele, como prefeito, de Belém
para Brasília. Seu voo fez escala em São Luiz, capital do Maranhão, onde
embarcaram diversas pessoas. Coincidente-mente, sentou ao seu lado um deputado
federal que estava voltando para a capital federal. Os dois engataram uma
conversa, e naturalmente o assunto cambou para a política.
A certa altura da conversa, o
deputado, que era bem mais experiente do que Fábio, resolveu lhe dar um
conselho: olha, meu amigo, se um eleitor chegar à sua casa e pedir uma laranja,
não negue. Vá ao pé da laranjeira, que deve estar plantada no fundo do seu
quintal. Apanhe a fruta e diga para o eleitor: preste atenção, está laranja eu
peguei na minha laranjeira. Não esqueça disso na hora de votar.
É exatamente dessa forma que
continuam agindo os nossos políticos, os quais deixam para fazer alguma coisa
bem próximo da eleição, para que o eleitor não esqueça de onde foi que saiu a
laranja que acabou de chupar. Ou não foi isso que fez o governador reeleito
Simão Jatene, com referência a Itaituba?
Os trabalhos de pavimentação de
algumas artérias tiveram a contrapartida da prefeitura, sim. Em menor monta do
que o investimento do governo do Estado, mas tiveram. A obra serviu para passar
uma borracha na desgastada imagem de Jatene, que era mal falado nos quatro
cantos do município. Ou seja, a estratégia de dar a laranja, e nesse caso, bem
perto da eleição para que o eleitor não esquecesse o nome de quem estava
fazendo aquela ‘caridade’, funcionou, e como funcionou.
Mesmo o trabalho considerado meia
boca, que o 8º BEC fez no perímetro urbano da Transa-mazônica não deixou de ter
ajudado. Mesmo que esse tenha sido um esforço de muita gente, não podendo, nem
devendo ser creditado apenas à prefeita Eliene Nunes, pois teve a forte
participação do então deputado federal Dudimar Paxiúba, e da comunidade
itaitubense, que foi à luta, com direito à interdição da via para chamar
atenção e tudo mais. De qualquer forma, o obra serviu para diminuir o volume
das críticas contra a prefeita.
Mas, e o óbvio que falta ser feito,
título deste editorial, onde é que entra? O óbvio está deixando de ser feito,
desde que começou o atual governo municipal. O óbvio tem sido cobrado pelo
Jornal do Comércio e pelo blog do Jota Parente, desde que a prefeita assumiu,
pois quem afirmou de forma convincente durante a campanha de 2012, que sabia
como fazer e iria fazer, deveria ter colocado sua equipe para realizar as obras
de pequena monta, que teriam feito a diferença.
O óbvio que faltou fazer, por
exemplo, foi a manutenção de vias de grande importância para a ligação de
alguns bairros com o centro da cidade, como é o caso da Transgalego, que liga a
avenida Marechal Rondon, no bairro Boa Esperança, à Transamazônica no bairro
São Francisco, já chegando ao bairro Bela Vista. Essa via tem tudo para cortar
no inverno, porque embora os vereadores Dadinho e Orismar, aliados de primeira
hora de Eliene Nunes tenham sido cobrados diversas vezes, nada, absolutamente
nada foi feito pela SEMINFRA, que deveria ter desenvolvido uma ação de
manutenção preventiva. Nem os vereadores cobraram.
Como esse, que foi citado por ser um
exemplo que salta aos olhos, existem diversos outros pequenos serviços, que se
forem feitos, melhorariam muito a vida de quem precisa trafegar por lá, como é
o caso de uma passagem na confluências da travessa São José com a 29ª Rua, por
onde hoje já se passa de carro com muita dificuldade. E todo mundo sabe que é
mais fácil prevenir do que remediar. Mas, pelo jeito, vão ter que mesmo que
remediar, porque a prefeitura de Itaituba deixou de fazer o óbvio.
Editorial publicado na edição 194 do Jornal do Comércio, circulando