O Instituto de Metrologia do Pará ainda não passou por Itaituba, mas, alguns estabelecimentos já começaram a vender o pão por quilo. A reportagem do Jornal do Comércio visitou panificadoras e supermercados e constatou que a Panificadora Pão de Ouro está cumprindo o que determina a portaria do INMETRO e, segundo seu proprietário, Betiel Araújo, a clientela acolheu bem a novidade.
Entre os supermercados, até o fechamento desta edição, somente O Itafrigo estava cumprindo a portaria. Outros deverão seguir o mesmo caminho em poucos dias. No Supermercado Alvorada, no Supermercado Liberdade e na Panificadora Furta Pão, a informação fornecida dá conta de que as providências estão sendo tomadas para que o pão comece a ser vendido a quilo, uma vez que desde o dia 20 de outubro está sendo feita a fiscalização dos estabelecimentos que vendem o pão francês.
O INMEP começou a fiscaliza, primeiramente em Belém, mas, chegará a todos os municípios do Estado. Como Itaituba é um município de porte médio, não tardará a receber a visita do órgão, conquanto acabou o prazo para que padarias e supermercados cumpram a nova resolução que define novas regras para a venda do famoso pão francês ou careca, como é conhecido na capital.
A partir do dia 1º de novembro a Panificadora Pão de Ouro começou a adotar a medida, atendendo, praticamente dentro do prazo para que todos estivessem adaptados à mudança. O produto não pode mais ser vendido por unidade, mas por quilo. A multa para quem descumprir a portaria varia de R$ 100 a R$ 50 mil. Além de verificar a venda no quilo, o IMEP vai avaliar também se a balança é adequada. Tem que ser uma balança que tenha divisão de até cinco gramas, explicou o diretor de Qualidade e de Mercadorias Fracionadas do Instituto, Stélio Tavares.
Outra exigência da portaria é que tanto padarias, quanto supermercado são obrigados a manter em local visível o preço do quilo do pão com letras de tamanho superior a cinco centímetros. A mudança na venda do produto foi determinada, depois que uma série de fiscalizações detectou que o pão vendido na maioria das cidades estava bem abaixo do peso mínimo de 50 gramas. Em torno de 12% do produto avaliado estava fora das especificações. Em quase todo o território nacional a mudança vem sem bem aceita. Contudo, no Rio de Janeiro tem havido muitas reclamações e há até um movimento para que volte ao sistema anterior, o que dificilmente acontecerá.
Em Belém, o vice-presidente da Indústria de Panificação, Elias Pedrosa, garante que todas as padarias associadas têm condições de cumprir a determinação. Nos últimos dias, a entidade está divulgando informações sobre as novas regras. Ainda falta um pouco de divulgação, mas a expectativa é de que as padarias regularizadas cumpram a determinação, disse ele, afirmando que a mudança será boa para o consumidor e também para os estabelecimentos comerciais. Agora, vai se saber exatamente o peso do pão, diz.
Por enquanto, este assunto não teve grande repercussão na Imprensa de Itaituba. Conseqüentemente, o consumidor ainda não despertou para a importância do mesmo. Provavelmente, somente quando um número maior de estabelecimentos estiver cumprindo a norma é que os clientes deverão se manifestar. Em muitos lugares do Brasil a reclamação está sendo feita quanto ao aumento do preço do pão. Comparando o preço de um quilo do produto, antes do aumento com o que está sendo praticado agora, muitos consumidores, Brasil afora, reclamam que houve aumento considerável no preço promovido pelos donos de padarias e supermercados.
domingo, novembro 05, 2006
JC Circulando a partir de hoje
A 29ª edição do Jornal do Comércio está circulando desde hoje. Os destaques publico no blog agora.
Democratização da Informática chega a Itaituba
Milhares de pessoas em Itaituba, principalmente jovens, assistem de longe a evolução da informática, tão longe que para alguns o computador continua sendo uma geringonça para lá de estranha. São os excluídos do progresso tecnológico que tem como conseqüência a exclusão do mercado de trabalho. Algumas escolas da sede do município já oferecem acesso de seus alunos ao computador. Mas, o número ainda é pequeno.
Uma iniciativa do governo federal que visa a democratizar o acesso à informática é o Projeto Cidadão.Com, que desembarcou em Itaituba recentemente com a entrada em funcionamento do primeiro núcleo, no bairro Santo Antônio. O projeto foi idealizado e encaminhado pela vereadora Ana Cativo (PT), juntamente com a comunidade que tem a responsabilidade de fazê-lo funcionar.
“O Projeto Cidadão.com tem por objetivo dar oportunidade aos que não têm condições de pagar para estudar numa escola de informática. É uma escola gratuita que ampara essa parcela da população que se vê alijada de ter acesso ao conhecimento da informática. É um projeto do governo federal que deve contemplar todas as escolas, mas, que permite a elaboração de projetos fora de sala de aula, envolvendo comunidades, como é o caso do bairro Santo Antônio” disse a vereadora.
Ana Cativo prossegue lembrando que quando esteve em Brasília, no mês de março deste ano, levou em mãos os projetos das escolas Castelo Branco, Haroldo Veloso e S. Francisco do Piracanã. Duas dessas escolas, Castelo Branco e Haroldo Veloso já receberam os computadores e, mais esse projeto do bairro Santo Antônio, que não está agregado a nenhuma escola convencional.
Qualquer comunidade pode ter acesso ao Projeto Cidadão.com. Basta que esteja devidamente legalizada, com todos os documentos em dia, para que o projeto possa ser encaminhado. Sendo aprovado, o governo manda a verba para que os computadores sejam comprados no próprio município, conforme ocorreu com o bairro Santo Antônio. Tanto computadores como os móveis foram adquiridos no comércio de Itaituba.
O Santo Antônio é um dos bairros mais carentes de Itaituba, o que torna ainda mais importante a implementação do projeto, o qual já começou a possibilitar a qualificação, sobretudo de jovens que buscam o primeiro emprego, os quais se deparam sempre com a mesma pergunta: “tem curso de informática”?
Os professores são voluntários que dedicam algumas horas semanais em favor daqueles que estão ávidos por mais conhecimento. Essa atitude é fundamental para o sucesso do projeto, pois a comunidade não teria como arcar com o pagamento de salários para os mesmos. Quando a primeira turma for formada, o aluno que mais se destacar passará a dar aulas aos novatos e assim vai continuar sendo feito até que o quadro de professores formados na própria escola esteja completo.
Toda a responsabilidade pelo andamento do projeto é da Associação Comunitária do Bairro Santo Antônio. Da mesma forma será com outros bairros ou comunidades que conseguirem ter acesso ao mesmo. Ana Cativo disse que no início tem dado um suporte, conseguindo papel, tinta e outras necessidades básicas para que a escola possa funcionar. Mas, em curto prazo, quer tirar esse vínculo com seu gabinete, pois a finalidade é a comunidade caminhar com as próprias pernas, pois a escola é sua.
Democratização da Informática chega a Itaituba
Milhares de pessoas em Itaituba, principalmente jovens, assistem de longe a evolução da informática, tão longe que para alguns o computador continua sendo uma geringonça para lá de estranha. São os excluídos do progresso tecnológico que tem como conseqüência a exclusão do mercado de trabalho. Algumas escolas da sede do município já oferecem acesso de seus alunos ao computador. Mas, o número ainda é pequeno.
Uma iniciativa do governo federal que visa a democratizar o acesso à informática é o Projeto Cidadão.Com, que desembarcou em Itaituba recentemente com a entrada em funcionamento do primeiro núcleo, no bairro Santo Antônio. O projeto foi idealizado e encaminhado pela vereadora Ana Cativo (PT), juntamente com a comunidade que tem a responsabilidade de fazê-lo funcionar.
“O Projeto Cidadão.com tem por objetivo dar oportunidade aos que não têm condições de pagar para estudar numa escola de informática. É uma escola gratuita que ampara essa parcela da população que se vê alijada de ter acesso ao conhecimento da informática. É um projeto do governo federal que deve contemplar todas as escolas, mas, que permite a elaboração de projetos fora de sala de aula, envolvendo comunidades, como é o caso do bairro Santo Antônio” disse a vereadora.
Ana Cativo prossegue lembrando que quando esteve em Brasília, no mês de março deste ano, levou em mãos os projetos das escolas Castelo Branco, Haroldo Veloso e S. Francisco do Piracanã. Duas dessas escolas, Castelo Branco e Haroldo Veloso já receberam os computadores e, mais esse projeto do bairro Santo Antônio, que não está agregado a nenhuma escola convencional.
Qualquer comunidade pode ter acesso ao Projeto Cidadão.com. Basta que esteja devidamente legalizada, com todos os documentos em dia, para que o projeto possa ser encaminhado. Sendo aprovado, o governo manda a verba para que os computadores sejam comprados no próprio município, conforme ocorreu com o bairro Santo Antônio. Tanto computadores como os móveis foram adquiridos no comércio de Itaituba.
O Santo Antônio é um dos bairros mais carentes de Itaituba, o que torna ainda mais importante a implementação do projeto, o qual já começou a possibilitar a qualificação, sobretudo de jovens que buscam o primeiro emprego, os quais se deparam sempre com a mesma pergunta: “tem curso de informática”?
Os professores são voluntários que dedicam algumas horas semanais em favor daqueles que estão ávidos por mais conhecimento. Essa atitude é fundamental para o sucesso do projeto, pois a comunidade não teria como arcar com o pagamento de salários para os mesmos. Quando a primeira turma for formada, o aluno que mais se destacar passará a dar aulas aos novatos e assim vai continuar sendo feito até que o quadro de professores formados na própria escola esteja completo.
Toda a responsabilidade pelo andamento do projeto é da Associação Comunitária do Bairro Santo Antônio. Da mesma forma será com outros bairros ou comunidades que conseguirem ter acesso ao mesmo. Ana Cativo disse que no início tem dado um suporte, conseguindo papel, tinta e outras necessidades básicas para que a escola possa funcionar. Mas, em curto prazo, quer tirar esse vínculo com seu gabinete, pois a finalidade é a comunidade caminhar com as próprias pernas, pois a escola é sua.
quinta-feira, novembro 02, 2006
Sucupira é aqui
INAUGURAÇÃO DE SINAL DE TRÂNSITO
Lembram do seriado Asa Branca, que a Rede Globo apresentava no final dos anos 1970 e começo da década seguinte? Nele, o prefeito de Sucupira, Odorico Paraguassú, interpretado brilhantemente por Paulo Gracindo, fazia coisas que até Deus duvidava.
Pois não é que Itatiuba resolveu imitar Sucupira. A Prefeitura distribuiu fartos convites para a inaguração do semáforo da Trav. 13 deMaio, com a Av. Fernando Guilhon (4ª Rua), ontem quarta-feira, a partir de 18 horas . Nosso Odorico só não inaugurou porque choveu. Mas, manhã vai acontecer. Só se S. Pedro não permitir outra vez.
Um vereador da situação, dos mais esclarecidos, cochichou ontem no meu ouvido: "Isso é coisa que só aconteceria em Sucupira. Assim não dá".
É o caso em que em a vida imita a arte.
Lembram do seriado Asa Branca, que a Rede Globo apresentava no final dos anos 1970 e começo da década seguinte? Nele, o prefeito de Sucupira, Odorico Paraguassú, interpretado brilhantemente por Paulo Gracindo, fazia coisas que até Deus duvidava.
Pois não é que Itatiuba resolveu imitar Sucupira. A Prefeitura distribuiu fartos convites para a inaguração do semáforo da Trav. 13 deMaio, com a Av. Fernando Guilhon (4ª Rua), ontem quarta-feira, a partir de 18 horas . Nosso Odorico só não inaugurou porque choveu. Mas, manhã vai acontecer. Só se S. Pedro não permitir outra vez.
Um vereador da situação, dos mais esclarecidos, cochichou ontem no meu ouvido: "Isso é coisa que só aconteceria em Sucupira. Assim não dá".
É o caso em que em a vida imita a arte.
Rebelião em Itaituba
Presos da Cadeia Pública de Itaituba tentaram uma fuga na madrugada de hoje, que foi frustada e terminou em uma rebelião que deixou como resultado a destruição de celas e do telhado da parte mais antiga da Casa de Detenção. Os presos tocaram fogo em colchões. As imagens mostrada pelas emissoras de tv locais davam a impressão de que um sinistro tinha ocorrido no local.
A rebelião começou por volta de 3 horas da manhã de hoje. Depois das frustradas tentativas de negociação por parte do comandante do 15º BPM, coronel Loureiro, às 8 horas de hoje a PM invandiu as dependência do Presídio e controlou a situação.
Alguns presos foram encaminhados ao Hospital Municipal com ferecimento provocados pelos rebelados, que ameaçaram matar alguns deles.
Eram quatro horas da manhã quando a campainha da casa deste blogueiro tocou seguidas vezes, deixando claro que se tratava de alguém com muita pressa. Era um funcionário da Cadeia Pública que, muito, mas muito nervoso, alías, desesperado, procurava pelo apartamento do diretor da Cadeia Publica, Ronaldo Serrão, que mora ao lado do meu apartamento. Depois do susto que levei e de colher alguma informação informei-o do número do apartamento de Ronaldo.
Pelo menos seis presos, os líderes da rebililão, serão transferidos ainda hoje para a penintenciária de Americano, em Belém.
A rebelião começou por volta de 3 horas da manhã de hoje. Depois das frustradas tentativas de negociação por parte do comandante do 15º BPM, coronel Loureiro, às 8 horas de hoje a PM invandiu as dependência do Presídio e controlou a situação.
Alguns presos foram encaminhados ao Hospital Municipal com ferecimento provocados pelos rebelados, que ameaçaram matar alguns deles.
Eram quatro horas da manhã quando a campainha da casa deste blogueiro tocou seguidas vezes, deixando claro que se tratava de alguém com muita pressa. Era um funcionário da Cadeia Pública que, muito, mas muito nervoso, alías, desesperado, procurava pelo apartamento do diretor da Cadeia Publica, Ronaldo Serrão, que mora ao lado do meu apartamento. Depois do susto que levei e de colher alguma informação informei-o do número do apartamento de Ronaldo.
Pelo menos seis presos, os líderes da rebililão, serão transferidos ainda hoje para a penintenciária de Americano, em Belém.
Fora do ar
POR PROBELMAS TÉCNICOS NO PROVEDOR, O BLOG DEIXOU DE SER ATUALIZADO DESDE TERÇA-FEIRA PASSADA. A PARTIR DE HOJE VOLTO COM AS ATUALIZAÇÕES DIÁRIAS.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Extraído do blog do Barata
A (linda) festa da democracia
“A democracia é muito linda.”O comentário, feito em tom de êxtase por uma cara amiga de longas datas, diante da comemoração pela vitória da petista Ana Júlia Carepa, a primeira governadora eleita da história do Pará, resume a festa da cidadania que representa cada nova eleição, ao consagrar a alternância de poder, essência da democracia. E é justamente essa possibilidade da alternância de poder que faz da democracia política, a despeito de suas eventuais mazelas, o melhor regime para qualquer sociedade que não queira ficar na contramão da história.
A exemplo da minha amiga a qual me reportei, faço parte de uma geração que floresceu para a vida sob a égide da ditadura militar que assaltou o poder em 1º de abril de 1964. Vivemos os anos de chumbo, o silêncio imposto pela censura, o temor de sermos vítimas da ignomínia da tortura, o eventual desalento provocado pelo sentimento de impotência, os equívocos próprios de quem acaba refém involuntário do dualismo do bem e do mal, e até mesmo a tentação totalitária embutida na utopia socialista mais radical.
Por isso, certamente, o valor que costumamos conferir à virtude dos matizes e à importância do contraditório, pré-requisitos para a liberdade, que é sobretudo e fundamentalmente a liberdade de quem discorda de nós.Lula, reeleito presidente, pode até não ser a melhor opção, mas se há de respeitar ele ganhar um segundo mandato legitimado pelo voto universal. O mesmo respeito que se deve à petista Ana Júlia Carepa, que já detinha a marca de ser a primeira senadora do Pará e, agora, é a primeira governadora eleita do Pará.Mudar, experimentar coisas novas, é extremamente saudável. Só o que está morto não muda. Sempre na perspectiva, acentue-se, que mais importante que a velocidade é a direção.
publicado por Augusto Barata
Jader: o acerto final
A eleição de Ana Júlia Carepa como a primeira governadora eleita do Pará é, em especial, a vitória do ex-governador Jader Barbalho. Ele ressurge como o epicentro da política paraense, depois de sugerir uma decadência política após ser compelido a renunciar à presidência do Senado e posteriormente ao próprio mandato de senador, como alternativa para evitar a cassação, em um julgamento político sumário, no qual antecipadamente já estava condenado.
Depois ele ressurgiu como deputado federal, mas operando nas sombras, para não fazer recrudescer a artilharia pesada que atrai, depois que ousou enfrentar e derrotar Antônio Carlos Magalhães, o ACM, até passado recente o babalorixá da Bahia e uma liderança temida no plano nacional.
Jader foi o artífice da engenharia política que, via Palácio do Planalto, fez o PT repensar sua estratégia eleitoral, trocando Mário Cardoso por Ana Júlia Carepa, equilibrando a correlação de forças na sucessão estadual. Ao mesmo tempo, ele reforçou as oposições com a chapa do PMDB, pela qual foram candidatos a governador e vice-governador, respectivamente, o deputado federal José Priante e o ex-vice-governador Hildegardo Nunes.
publicado por Augusto Barata
O cotejo fatal para Almir José
Com essa troika, Jader fez o contraponto desfavorável a Almir José Gabriel. Os três – Ana Júlia, Priante e Hildegardo -, pela própria juventude, evidenciavam o caráter extemporâneo da candidatura de Almir José, com seus 74 anos, a voz rouca e uma aparência alquebrada, própria de um idoso que leva uma vida sedentária e é um fumante inveterado.
Ao mobilizar o PMDB em apoio a Ana Júlia, no segundo turno, Jader fez pender definitivamente a balança eleitoral a favor da candidata petista, da qual foi o principal cabo eleitoral, mais até que o próprio presidente Lula. Este, embora o mais votado no Pará na sucessão presidencial, não conseguiu transferir votos, com a intensidade desejável, para a candidata tucana a governadora – o que Jader fez.
Jader teve a inteligência indispensável para aprender com a adversidade e sair dela maior do que entrou. De resto, impôs uma derrota letal a Almir José Gabriel, que aos 74 anos não dispõe de tempo para tentar se recompor. Agora, diante da derrota para Ana Júlia Carepa, o ex-governador tucano parece condenado a fazer parte da história do Pará.
publicado por Augusto Barata
Reconhecimento popular
O reconhecimento popular ao papel da Jader Barbalho na vitória de Ana Júlia Carepa foi evidenciado pela festa que tomou conta da sede do diretório regional do PMDB, na rua dos Mundurucus, entre a avenida Serzedelo Corrêa e a travessa Doutor Moraes. O perímetro ficou congestionado por carros e eleitores do PMDB, comemorando a vitória de Ana Júlia.Na ocasião, Jader foi reverenciado como se fosse ele o governador eleito.
publicado por Augusto Barata
Barraco tucano 1
Segundo vazou do bunker tucano, Almir José recebeu a derrota em clima de barraco.Reunido com seus principais assessores, no comit}ê eleitoral da rua Senador Manoel Barata, por volta das 8 horas da noite de domingo, 29, o ex-governador tucano teria reconhecido a derrota e responsabilizado nominalmente, pelo desastre eleitoral, o seu sucessor, governador Simão Jatene, o secretário de Gestão, Sérgio Leão, e o marketeiro Orly Bezerra.
publicado por Augusto Barata
Barraco tucano 2
Agora, segundo relato do jornalista Mauro Bonna, em sua coluna deste domingo, 29, no caderno “Negócios”, no jornal “Diário do Pará”, barraco, mas barraco mesmo, foi o que protagonizaram a atual primeira dama, dona Ana Maria Cunha Jatene, e a ex-primeira dama dona Socorro França Gabriel.Dona Socorro acusou dona Ana Maria de fazer corpo mole e em nada ajudar na campanha do seu marido, Almir José Gabriel. A acusação, dizem, foi repelida de forma cáustica pela atual primeira dama.
publicado por Augusto Barata
Preocupação hilária
Uma outra nota publicada na coluna de Mauro Bonna, de acordo com a qual os petistas estariam de olho “naquela ridícula e célebre foto de Paulo Chaves”, na entrada do teatro da Estação das Docas, fez o secretário executivo de Cultura deflagrar uma verdadeira operação de guerra.Logo ao amanhecer de domingo, 29, o poster do Landi da tucanagem havia sido recolhido, por ordem do próprio Paulo Chaves.
publicado por Augusto Barata
O desafio de Ana Júlia
Primeira governadora eleita do Pará, do qual foi a primeira senadora, na sua estréia no Executivo o desafio de Ana Júlia Carepa será honrar os compromissos de campanha. Nas oposições vendem-se sonhos, mas no governo é indispensável mostrar resultados. Só com soluções para os problemas é viável dar argumentos de defesa aos aliados e retirar as armas de ataque das mãos dos adversários.
Sem um governo de coalizão, Ana Júlia acabará confinada a um gueto, deixando escapar aquilo que lhe será vital, que é ficar em sintonia com as vozes das ruas.Repetir a política de compadrio será um erro crasso. O recado das urnas foi bem claro. O eleitorado reclama por uma administração que efetivamente privilegie a excelência e, assim fazer, priorize o social.
O segredo para tanto é buscar, com determinação política, compatibilizar o socialmente justo com o financeiramente possível.Em resumo, Ana Júlia não poderá esquecer que não é a governadora do PT, mas do Pará e do seu povo.
publicado por Augusto Barata
Almir: mito e realidade
De acordo com o marketing tucano, Almir José Gabriel despontava como vestal, ou seja, pessoa que deseja ser ou apregoa ser muito honesta, em contraposição a Jader Barbalho, do qual tudo se saberia de mal, obviamente com ênfase para as acusações de corrupção que estigmatizam o ex-governador. Denúncias que voltaram à cena no rastro da atual sucessão estadual, em conseqüência do apoio do PMDB à candidatura ao governo da senadora petista Ana Júlia Carepa, em oposição ao ex-governador tucano Almir José Gabriel.
Jader, no discurso do tucanato, seria a quinta-essência do mal, o Anhangá, que na mitologia tupi-guarani é o espírito do mal. Almir, claro, seria o casto, o puro, o honesto.A partir daí, a tucanagem tentou, com o dinheiro público, impingir ao eleitorado um mito, que como todo mito foi construído a partir de meias verdades. E meias-verdades são piores que a mentira, porque escamoteiam os fatos, a pretexto de esclarecê-los.
publicado por Augusto Barata
A gênese do tucanato
No Pará, ironicamente, a gênese do tucanato se confunde com a ascensão de Jader Barbalho.
Depois de notabilizar-se como médico de inegável competência durante a ditadura militar – durante a qual diplomou-se pela Adesg (Associação dos Diplomandos da Escola Superior de Guerra), condição sine qua non para que os quadros civis fizessem carreira no regime totalitário -, Almir José foi secretário de Saúde nas duas administrações do ex-governador Alacid Nunes.
Eleito governador em 1982, no período de transição da ditadura militar para o regime democrático, Jader Barbalho manteve Almir José como secretário de Saúde. Depois, o fez prefeito biônico de Belém. Naquela altura os prefeitos das capitais eram virtualmente nomeados pelo governador, do qual acaba sendo uma espécie de supersecretário.
Tratava-se, é claro, de um entulho autoritário, do qual ficamos livres com a emergência da Nova República, cujo marco foi a eleição, no colégio eleitoral, do ex-presidente Tancredo Neves, que morreu sem tomar posse, na esteira de uma diverticulite.Nas eleições de 1986, para consolidar sua base política, Jader abdicou de lançar-se candidato, mantendo-se no cargo, para eleger seus candidatos. Foi quando elegeu senador, pelo PMDB, Almir José Gabriel.
Naquela altura, convém esclarecer, Almir José Gabriel não conseguiria se eleger, por conta própria, sequer síndico de prédio, porque lhe faltava substância eleitoral para tanto.Dois anos depois, Almir José deixou para trás Jader e o PMDB, para ser um dos fundadores do PSDB.
publicado por Augusto Barata
A falta de pudor ético
A aparente indignação de Almir José Gabriel, sempre que se recorda que ele já teve como patrono político o ex-governador Jader Barbalho, foi a face mais acabada da sua compulsão pela perfídia. Era tudo mise-em-scène.
Almir José decolou politicamente, tendo como patrono político Jader Barbalho, quando contra este se acumulavam as acusações de corrupção que até hoje o estigmatizam e que são requentadas a cada disputa política.Naquela altura, como era beneficiário do carisma de Jader, desde então uma liderança inconteste no Pará, Almir José não teve nenhum pudor ético e tratou de usufruir dos dividendos políticos que lhe rendiam a popularidade do seu chefe político.
publicado por Augusto Barata
Sucessão de derrotas
Candidato a vice-presidente na chapa de Mário Covas, pelo PSDB, na eleição presidencial de 1989, Almir José Gabriel amargou o vexame, de corar anêmico, de ter uma votação pífia em seu próprio estado. Candidato a governador em 1990, não chego0u ao segundo turno.
Naquela eleição, o segundo turno foi disputado por Jader Barbalho, que se elegeu para seu segundo mandato como governador, e o empresário Sahid Xerfan, do PTB, ex-prefeito de Belém. Xerfan foi apoiado pelo então governador Hélio Gueiros, que rompera com Jader, e pelo grupo Liberal, hoje ORM (Organizações Romulo Maiorana), que se engajou escandalosamente na campanha contra Jader.
Em 1992, apoiado dentre outros por Jader Barbalho, Almir José Gabriel saiu candidato a prefeito de Belém, contra o ex-governador Hélio Gueiros, então no PFL, que acabou eleito, derrotando Socorro Gomes (PC do B). Foi quando o vestal tucano protagonizou a patética renúncia à candidatura, que decidiu solitariamente, sem discutir com quem quer que seja, a pretexto de desvios éticos incompatíveis com seus princípios. Como nunca ofereceu qualquer justificativa para seu gesto, nem responsabilizou ninguém pelos supostos desvios éticos, ficou a impressão de que apenas fugiu da disputa, por temer mais uma nova derrota.
publicado por Augusto Barata
A ciranda de traições
Exilado em Brasília, após a vexatória renúncia à candidatura a prefeito de Belém, Almir José foi catapultado de volta para o proscênio por Hélio Gueiros (PFL), com o apoio do qual saiu candidato a governador, pelo PSDB, contra o então senador Jarbas Passarinho (PPR, hoje PP), apoiado por Jader, que se desencompatibilizou, para sair candidato ao Senado.
Tendo como vice Hélio Gueiros Júnior, o Helinho, Almir José venceu Jarbas no 2º turno, e continuou pavimentando sua ascensão com uma ciranda de traições. Depois de trair Jader, a quem passou a satanizar, tratou de dar uma rasteira nos Gueiros, dispensando um tratamento desrespeitoso a Helinho, a quem desconheceu solenemente, desdenhando por extensão do pai, Hélio Gueiros, a quem devia sua eleição.A perfídia definitiva de Almir José contra Hélio Gueiros foi lançar, nas eleições de 1998, a candidatura de Luiz Otávio Campos, o “Pepeca”, ao Senado, nela investindo maciçamente, inclusive a partir do slogan – “O senador do governador”.
Desgastado, Gueiros terminando por sucumbir eleitoralmente, ao acabar atrás de Ana Júlia Carepa, cuja derrota para Luiz Otávio Campos foi atribuída à corrupção eleitoral.Antes de formalizar sua candidatura, Almir tentou desesperadamente uma composição com Jader Barbalho, a quem acenou com a proposta do líder do PMDB indicar seu vice e dispor ainda de R$ 10 milhões para financiar a campanha peemedebista Jader recusou a proposta e logo depois passou a ser politicamente satanizado .justamente por aquele que poucos meses antes buscava seu apoio.
publicado por Augusto Barata
A traição aos Nunes
Reeleito em 1998, ao vencer Jader Barbalho no 2o turno, com uma campanha milionária e pontuada por denúncias de uso da máquina administrativa do estado, Almir José voltaria sua perfídia contra seu novo vice, o engenheiro agrônomo Hildegardo Nunes, filho do ex-governador Alacid Nunes e que fora secretário de Agricultura no seu primeiro mandato.
Os Nunes, pai e filho, desdobraram-se nas eleições de 1994 e 1998, nas campanhas vitoriosas do governador tucano.Um profissional competente e um vice eficiente e leal, nos palanques de campanha Hildegardo foi apresentado como o futuro interlocutor do governo junto as classes produtivas, o que o credenciava, naturalmente, para a estratégica Seprod (Secretária Especial de Produção).
Eleito, Almir José nomeou para a Seprod Simão Robison Jatene, que faria seu sucessor, ao rasgar o compromisso de dar apoio, na sua sucessão, a quem estivesse melhor posicionado nas pesquisas de intenção de votos.Naquela época, as pesquisas apontavam Hildegardo como o nome mais palatável ao eleitorado, dentre as alternativas disponíveis. Almir José passou, então, a investir maciçamente em Simão Robison Jatene e a relegar ao ostracismo Hildegardo, a quem passou meses sem receber para os despachos habituais entre governador e vice.
publicado por Augusto Barata
A humilhação a Jatene
Para eleger Jatene, em 2002, Almir José precisou de Jader Barbalho e não teve nenhum pudor em recorrer a quem elegeu como inimigo figadal. Jatene esteve pessoalmente na casa de casa de Jader, pedindo o apoio deste, quatro vezes. E foi com o apoio do ex-governador do PMDB que conseguiu vencer a petista Maria do Carmo, em 2002.
Na ocasião, no comício de encerramento da campanha tucana em Castanhal, terra de ambos, Jatene e Almir, este bradou, repetidas vezes, que seu candidato tinha também o apoio de Jader Barbalho. O episódio, ilustrativo do oportunismo do vestal tucano, foi bem recordado pela senadora petista Ana Júlia Carepa, agora a primeira governadora eleita da história do Pará, no debate realizado pela Rede Globo, quando se defrontou com Almir José Gabriel.
Quando se configurou a possibilidade da reeleição de Jatene, que passaria por uma composição com Jader Barbalho, Almir José atropelou de forma humilhante seu sucessor. Sem a elegância de um comunicado prévio, se lançou candidato à sucessão daquele que fizera seu sucessor.Jatene – que fez um governo marcado sobretudo pela letargia e pelo nepotismo, no qual se alapardaram os Cunha, da primeira-dama, dona Ana Maria, os Silva, da ex-mulher do governador, a doutora Eliana Jatene, e os Jatene – se curvou submisso à vontade do seu patrono tucano.
“A democracia é muito linda.”O comentário, feito em tom de êxtase por uma cara amiga de longas datas, diante da comemoração pela vitória da petista Ana Júlia Carepa, a primeira governadora eleita da história do Pará, resume a festa da cidadania que representa cada nova eleição, ao consagrar a alternância de poder, essência da democracia. E é justamente essa possibilidade da alternância de poder que faz da democracia política, a despeito de suas eventuais mazelas, o melhor regime para qualquer sociedade que não queira ficar na contramão da história.
A exemplo da minha amiga a qual me reportei, faço parte de uma geração que floresceu para a vida sob a égide da ditadura militar que assaltou o poder em 1º de abril de 1964. Vivemos os anos de chumbo, o silêncio imposto pela censura, o temor de sermos vítimas da ignomínia da tortura, o eventual desalento provocado pelo sentimento de impotência, os equívocos próprios de quem acaba refém involuntário do dualismo do bem e do mal, e até mesmo a tentação totalitária embutida na utopia socialista mais radical.
Por isso, certamente, o valor que costumamos conferir à virtude dos matizes e à importância do contraditório, pré-requisitos para a liberdade, que é sobretudo e fundamentalmente a liberdade de quem discorda de nós.Lula, reeleito presidente, pode até não ser a melhor opção, mas se há de respeitar ele ganhar um segundo mandato legitimado pelo voto universal. O mesmo respeito que se deve à petista Ana Júlia Carepa, que já detinha a marca de ser a primeira senadora do Pará e, agora, é a primeira governadora eleita do Pará.Mudar, experimentar coisas novas, é extremamente saudável. Só o que está morto não muda. Sempre na perspectiva, acentue-se, que mais importante que a velocidade é a direção.
publicado por Augusto Barata
Jader: o acerto final
A eleição de Ana Júlia Carepa como a primeira governadora eleita do Pará é, em especial, a vitória do ex-governador Jader Barbalho. Ele ressurge como o epicentro da política paraense, depois de sugerir uma decadência política após ser compelido a renunciar à presidência do Senado e posteriormente ao próprio mandato de senador, como alternativa para evitar a cassação, em um julgamento político sumário, no qual antecipadamente já estava condenado.
Depois ele ressurgiu como deputado federal, mas operando nas sombras, para não fazer recrudescer a artilharia pesada que atrai, depois que ousou enfrentar e derrotar Antônio Carlos Magalhães, o ACM, até passado recente o babalorixá da Bahia e uma liderança temida no plano nacional.
Jader foi o artífice da engenharia política que, via Palácio do Planalto, fez o PT repensar sua estratégia eleitoral, trocando Mário Cardoso por Ana Júlia Carepa, equilibrando a correlação de forças na sucessão estadual. Ao mesmo tempo, ele reforçou as oposições com a chapa do PMDB, pela qual foram candidatos a governador e vice-governador, respectivamente, o deputado federal José Priante e o ex-vice-governador Hildegardo Nunes.
publicado por Augusto Barata
O cotejo fatal para Almir José
Com essa troika, Jader fez o contraponto desfavorável a Almir José Gabriel. Os três – Ana Júlia, Priante e Hildegardo -, pela própria juventude, evidenciavam o caráter extemporâneo da candidatura de Almir José, com seus 74 anos, a voz rouca e uma aparência alquebrada, própria de um idoso que leva uma vida sedentária e é um fumante inveterado.
Ao mobilizar o PMDB em apoio a Ana Júlia, no segundo turno, Jader fez pender definitivamente a balança eleitoral a favor da candidata petista, da qual foi o principal cabo eleitoral, mais até que o próprio presidente Lula. Este, embora o mais votado no Pará na sucessão presidencial, não conseguiu transferir votos, com a intensidade desejável, para a candidata tucana a governadora – o que Jader fez.
Jader teve a inteligência indispensável para aprender com a adversidade e sair dela maior do que entrou. De resto, impôs uma derrota letal a Almir José Gabriel, que aos 74 anos não dispõe de tempo para tentar se recompor. Agora, diante da derrota para Ana Júlia Carepa, o ex-governador tucano parece condenado a fazer parte da história do Pará.
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Reconhecimento popular
O reconhecimento popular ao papel da Jader Barbalho na vitória de Ana Júlia Carepa foi evidenciado pela festa que tomou conta da sede do diretório regional do PMDB, na rua dos Mundurucus, entre a avenida Serzedelo Corrêa e a travessa Doutor Moraes. O perímetro ficou congestionado por carros e eleitores do PMDB, comemorando a vitória de Ana Júlia.Na ocasião, Jader foi reverenciado como se fosse ele o governador eleito.
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Barraco tucano 1
Segundo vazou do bunker tucano, Almir José recebeu a derrota em clima de barraco.Reunido com seus principais assessores, no comit}ê eleitoral da rua Senador Manoel Barata, por volta das 8 horas da noite de domingo, 29, o ex-governador tucano teria reconhecido a derrota e responsabilizado nominalmente, pelo desastre eleitoral, o seu sucessor, governador Simão Jatene, o secretário de Gestão, Sérgio Leão, e o marketeiro Orly Bezerra.
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Barraco tucano 2
Agora, segundo relato do jornalista Mauro Bonna, em sua coluna deste domingo, 29, no caderno “Negócios”, no jornal “Diário do Pará”, barraco, mas barraco mesmo, foi o que protagonizaram a atual primeira dama, dona Ana Maria Cunha Jatene, e a ex-primeira dama dona Socorro França Gabriel.Dona Socorro acusou dona Ana Maria de fazer corpo mole e em nada ajudar na campanha do seu marido, Almir José Gabriel. A acusação, dizem, foi repelida de forma cáustica pela atual primeira dama.
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Preocupação hilária
Uma outra nota publicada na coluna de Mauro Bonna, de acordo com a qual os petistas estariam de olho “naquela ridícula e célebre foto de Paulo Chaves”, na entrada do teatro da Estação das Docas, fez o secretário executivo de Cultura deflagrar uma verdadeira operação de guerra.Logo ao amanhecer de domingo, 29, o poster do Landi da tucanagem havia sido recolhido, por ordem do próprio Paulo Chaves.
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O desafio de Ana Júlia
Primeira governadora eleita do Pará, do qual foi a primeira senadora, na sua estréia no Executivo o desafio de Ana Júlia Carepa será honrar os compromissos de campanha. Nas oposições vendem-se sonhos, mas no governo é indispensável mostrar resultados. Só com soluções para os problemas é viável dar argumentos de defesa aos aliados e retirar as armas de ataque das mãos dos adversários.
Sem um governo de coalizão, Ana Júlia acabará confinada a um gueto, deixando escapar aquilo que lhe será vital, que é ficar em sintonia com as vozes das ruas.Repetir a política de compadrio será um erro crasso. O recado das urnas foi bem claro. O eleitorado reclama por uma administração que efetivamente privilegie a excelência e, assim fazer, priorize o social.
O segredo para tanto é buscar, com determinação política, compatibilizar o socialmente justo com o financeiramente possível.Em resumo, Ana Júlia não poderá esquecer que não é a governadora do PT, mas do Pará e do seu povo.
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Almir: mito e realidade
De acordo com o marketing tucano, Almir José Gabriel despontava como vestal, ou seja, pessoa que deseja ser ou apregoa ser muito honesta, em contraposição a Jader Barbalho, do qual tudo se saberia de mal, obviamente com ênfase para as acusações de corrupção que estigmatizam o ex-governador. Denúncias que voltaram à cena no rastro da atual sucessão estadual, em conseqüência do apoio do PMDB à candidatura ao governo da senadora petista Ana Júlia Carepa, em oposição ao ex-governador tucano Almir José Gabriel.
Jader, no discurso do tucanato, seria a quinta-essência do mal, o Anhangá, que na mitologia tupi-guarani é o espírito do mal. Almir, claro, seria o casto, o puro, o honesto.A partir daí, a tucanagem tentou, com o dinheiro público, impingir ao eleitorado um mito, que como todo mito foi construído a partir de meias verdades. E meias-verdades são piores que a mentira, porque escamoteiam os fatos, a pretexto de esclarecê-los.
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A gênese do tucanato
No Pará, ironicamente, a gênese do tucanato se confunde com a ascensão de Jader Barbalho.
Depois de notabilizar-se como médico de inegável competência durante a ditadura militar – durante a qual diplomou-se pela Adesg (Associação dos Diplomandos da Escola Superior de Guerra), condição sine qua non para que os quadros civis fizessem carreira no regime totalitário -, Almir José foi secretário de Saúde nas duas administrações do ex-governador Alacid Nunes.
Eleito governador em 1982, no período de transição da ditadura militar para o regime democrático, Jader Barbalho manteve Almir José como secretário de Saúde. Depois, o fez prefeito biônico de Belém. Naquela altura os prefeitos das capitais eram virtualmente nomeados pelo governador, do qual acaba sendo uma espécie de supersecretário.
Tratava-se, é claro, de um entulho autoritário, do qual ficamos livres com a emergência da Nova República, cujo marco foi a eleição, no colégio eleitoral, do ex-presidente Tancredo Neves, que morreu sem tomar posse, na esteira de uma diverticulite.Nas eleições de 1986, para consolidar sua base política, Jader abdicou de lançar-se candidato, mantendo-se no cargo, para eleger seus candidatos. Foi quando elegeu senador, pelo PMDB, Almir José Gabriel.
Naquela altura, convém esclarecer, Almir José Gabriel não conseguiria se eleger, por conta própria, sequer síndico de prédio, porque lhe faltava substância eleitoral para tanto.Dois anos depois, Almir José deixou para trás Jader e o PMDB, para ser um dos fundadores do PSDB.
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A falta de pudor ético
A aparente indignação de Almir José Gabriel, sempre que se recorda que ele já teve como patrono político o ex-governador Jader Barbalho, foi a face mais acabada da sua compulsão pela perfídia. Era tudo mise-em-scène.
Almir José decolou politicamente, tendo como patrono político Jader Barbalho, quando contra este se acumulavam as acusações de corrupção que até hoje o estigmatizam e que são requentadas a cada disputa política.Naquela altura, como era beneficiário do carisma de Jader, desde então uma liderança inconteste no Pará, Almir José não teve nenhum pudor ético e tratou de usufruir dos dividendos políticos que lhe rendiam a popularidade do seu chefe político.
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Sucessão de derrotas
Candidato a vice-presidente na chapa de Mário Covas, pelo PSDB, na eleição presidencial de 1989, Almir José Gabriel amargou o vexame, de corar anêmico, de ter uma votação pífia em seu próprio estado. Candidato a governador em 1990, não chego0u ao segundo turno.
Naquela eleição, o segundo turno foi disputado por Jader Barbalho, que se elegeu para seu segundo mandato como governador, e o empresário Sahid Xerfan, do PTB, ex-prefeito de Belém. Xerfan foi apoiado pelo então governador Hélio Gueiros, que rompera com Jader, e pelo grupo Liberal, hoje ORM (Organizações Romulo Maiorana), que se engajou escandalosamente na campanha contra Jader.
Em 1992, apoiado dentre outros por Jader Barbalho, Almir José Gabriel saiu candidato a prefeito de Belém, contra o ex-governador Hélio Gueiros, então no PFL, que acabou eleito, derrotando Socorro Gomes (PC do B). Foi quando o vestal tucano protagonizou a patética renúncia à candidatura, que decidiu solitariamente, sem discutir com quem quer que seja, a pretexto de desvios éticos incompatíveis com seus princípios. Como nunca ofereceu qualquer justificativa para seu gesto, nem responsabilizou ninguém pelos supostos desvios éticos, ficou a impressão de que apenas fugiu da disputa, por temer mais uma nova derrota.
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A ciranda de traições
Exilado em Brasília, após a vexatória renúncia à candidatura a prefeito de Belém, Almir José foi catapultado de volta para o proscênio por Hélio Gueiros (PFL), com o apoio do qual saiu candidato a governador, pelo PSDB, contra o então senador Jarbas Passarinho (PPR, hoje PP), apoiado por Jader, que se desencompatibilizou, para sair candidato ao Senado.
Tendo como vice Hélio Gueiros Júnior, o Helinho, Almir José venceu Jarbas no 2º turno, e continuou pavimentando sua ascensão com uma ciranda de traições. Depois de trair Jader, a quem passou a satanizar, tratou de dar uma rasteira nos Gueiros, dispensando um tratamento desrespeitoso a Helinho, a quem desconheceu solenemente, desdenhando por extensão do pai, Hélio Gueiros, a quem devia sua eleição.A perfídia definitiva de Almir José contra Hélio Gueiros foi lançar, nas eleições de 1998, a candidatura de Luiz Otávio Campos, o “Pepeca”, ao Senado, nela investindo maciçamente, inclusive a partir do slogan – “O senador do governador”.
Desgastado, Gueiros terminando por sucumbir eleitoralmente, ao acabar atrás de Ana Júlia Carepa, cuja derrota para Luiz Otávio Campos foi atribuída à corrupção eleitoral.Antes de formalizar sua candidatura, Almir tentou desesperadamente uma composição com Jader Barbalho, a quem acenou com a proposta do líder do PMDB indicar seu vice e dispor ainda de R$ 10 milhões para financiar a campanha peemedebista Jader recusou a proposta e logo depois passou a ser politicamente satanizado .justamente por aquele que poucos meses antes buscava seu apoio.
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A traição aos Nunes
Reeleito em 1998, ao vencer Jader Barbalho no 2o turno, com uma campanha milionária e pontuada por denúncias de uso da máquina administrativa do estado, Almir José voltaria sua perfídia contra seu novo vice, o engenheiro agrônomo Hildegardo Nunes, filho do ex-governador Alacid Nunes e que fora secretário de Agricultura no seu primeiro mandato.
Os Nunes, pai e filho, desdobraram-se nas eleições de 1994 e 1998, nas campanhas vitoriosas do governador tucano.Um profissional competente e um vice eficiente e leal, nos palanques de campanha Hildegardo foi apresentado como o futuro interlocutor do governo junto as classes produtivas, o que o credenciava, naturalmente, para a estratégica Seprod (Secretária Especial de Produção).
Eleito, Almir José nomeou para a Seprod Simão Robison Jatene, que faria seu sucessor, ao rasgar o compromisso de dar apoio, na sua sucessão, a quem estivesse melhor posicionado nas pesquisas de intenção de votos.Naquela época, as pesquisas apontavam Hildegardo como o nome mais palatável ao eleitorado, dentre as alternativas disponíveis. Almir José passou, então, a investir maciçamente em Simão Robison Jatene e a relegar ao ostracismo Hildegardo, a quem passou meses sem receber para os despachos habituais entre governador e vice.
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A humilhação a Jatene
Para eleger Jatene, em 2002, Almir José precisou de Jader Barbalho e não teve nenhum pudor em recorrer a quem elegeu como inimigo figadal. Jatene esteve pessoalmente na casa de casa de Jader, pedindo o apoio deste, quatro vezes. E foi com o apoio do ex-governador do PMDB que conseguiu vencer a petista Maria do Carmo, em 2002.
Na ocasião, no comício de encerramento da campanha tucana em Castanhal, terra de ambos, Jatene e Almir, este bradou, repetidas vezes, que seu candidato tinha também o apoio de Jader Barbalho. O episódio, ilustrativo do oportunismo do vestal tucano, foi bem recordado pela senadora petista Ana Júlia Carepa, agora a primeira governadora eleita da história do Pará, no debate realizado pela Rede Globo, quando se defrontou com Almir José Gabriel.
Quando se configurou a possibilidade da reeleição de Jatene, que passaria por uma composição com Jader Barbalho, Almir José atropelou de forma humilhante seu sucessor. Sem a elegância de um comunicado prévio, se lançou candidato à sucessão daquele que fizera seu sucessor.Jatene – que fez um governo marcado sobretudo pela letargia e pelo nepotismo, no qual se alapardaram os Cunha, da primeira-dama, dona Ana Maria, os Silva, da ex-mulher do governador, a doutora Eliana Jatene, e os Jatene – se curvou submisso à vontade do seu patrono tucano.
País só crescerá se hidrelétricas saírem do papel
REPORTAGEM: Val-André Mutran
Brasília: 30/10/2006
Val-André Mutran (Brasília) – Se o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva quiser que o país cresce 5% ao ano terá o desafio de fazer sair do papel projetos importantes de geração de energia, fundamentais para assegurar o abastecimento na próxima década e garantir um crescimento econômico superior igual ou superior a este patamar, do contrário o risco de colapso energético é mais que uma simples conjectura.
O modelo para o setor criado no primeiro mandato do governo Lula quando o Ministério das Minas e Energia era conduzido pela atual chefa da Casa Civil, Dilma Rousseff, minimizou um grande problema ao exigir que só sejam colocados em leilão projetos que já tenham licença ambiental prévia. Mas é exatamente essa obrigatoriedade que fez com que empreendimentos de grande porte, como as usinas do Complexo do Madeira e a hidrelétrica de Belo Monte, permaneçam ainda na gaveta.
Quando estiverem funcionando a plena carga, Belo Monte e Madeira, juntas, poderão gerar 17.450 megawatts (MW). Isso é mais energia do que a produzida por todas a usinas que entraram em operação durante cada um dos três últimos mandatos presidenciais.
Fantasma do “apagão” – Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no governo Lula entraram em operação, até este mês, 12.509 MW, gerados por usinas de diversos tipos, mas principalmente por hidrelétricas e termelétricas. No primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, foram agregados ao sistema 7.769 MW e, no segundo, 14.234 MW. Esses dois megaprojetos vêm sendo pensados há alguns anos. O de Belo Monte, por exemplo, começou a ser idealizado bem antes do primeiro governo de Fernando Henrique, mas enfrenta mais dificuldades de ser implantado que o do Complexo Madeira, que prevê duas usinas: Santo Antonio (3.150 MW) e Jirau (3.300 MW). O primeiro passo para destravar a licença ambiental prévia do Complexo do Madeira já foi dado no mês passado, com a aprovação, pelo Ibama, do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental ( Eia-Rima), apresentado pela estatal Furnas.
Antes de dar a resposta final sobre o projeto, o Ibama fará quatro audiências públicas, em novembro, com as comunidades da região onde serão instaladas as usinas, em Rondônia. Em seguida, técnicos do Instituto deverão finalizar a análise dos aspectos ambientais das usinas para, então, decidirem se concedem ou não a licença prévia. Apesar das dificuldades, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, tem dito que espera conseguir levar a leilão, neste ano, pelo menos uma das duas hidrelétricas do Madeira. “Sem as hidrelétricas e o país crescendo o dobro do que cresceu nos últimos quatro anos o apagão será inevitável”, comentou o deputado federal Zequinha Marinho (PSC-PA).
Belo Monte sob júdice – A situação da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, é mais complicada. Com potência total de 11 mil MW, equivalente à de Itaipu, o projeto está emperrado por conta de decisões judiciais que impedem o avanço do processo de licenciamento. Silas Rondeau tem defendido que sejam discutidos aperfeiçoamentos nas regras ambientais para dar agilidade ao licenciamento das usinas. O ministro propõe, por exemplo, que sejam criadas áreas reservadas para a construção de hidrelétricas, de modo a evitar futuros questionamentos em projetos de novas usinas.
A luta judicial travada nos tribunais brasileiros não limitam-se às questões ambientais contra e a favor da construção das três novas Usinas Hidrelétricas.
Hoje há uma nova visão social e ambiental para o entorno da barragem e fora, que se traduz no Plano de Inserção Regional. Municípios e lideranças da região estão acompanhando de perto a licitação e concorrência. A empresa terá que assegurar os investimentos sociais para contrapor os impactos. A Eletronorte fará investimentos em educação e saneamento e pelo contrato da obra serão feitos investimentos na área social e em infra-estrutura. Assim, o meio rural vai fixar o homem nas pequenas propriedades. Algumas obras já estão sendo feitas, como hotéis e estabelecimentos da agroindústria", disse ao Instituto Sócio Ambiental o ex-prefeito do Anapu, João Scarparo.
Responsabilidade social – "O Plano de Inserção Regional faz parte dos custos da obra. É claro que o governo federal e a Eletronorte farão investimentos anteriores para evitar impactos iniciais. Do total investido em Belo Monte, 300 milhões serão destinados a 11 municípios durante 20 anos. A Eletronorte conta com consultores da Universidade de Brasília (UnB) para esses investimentos. Pacajá também receberá investimentos do plano de inserção de Tucuruí, que está em andamento. E uma nova barragem no Rio Tapajós terá novo plano de inserção, para beneficiar a região", explicou Scarparo.
O presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes, informa o jornal O liberal, já havia reunido-se com a coordenadora de infra-estrutura do governo eleito, Dilma Roussef. Muniz disse que a coordenadora demonstrou curiosidade sobre o projeto Belo Monte, mas acrescentou que o tema foi tratado superficialmente. Mesmo assim, o presidente da estatal entregou o relatório “A importância de Belo Monte para o setor elétrico brasileiro”, onde se garante que sem a expansão do parque gerador não será possível alcançar um cenário de crescimento econômico com desenvolvimento social.
De acordo com o documento, se Belo Monte não entrar em operação em 2008 ou, no máximo, 2009, não haverá como substituí-la, dada a ampla oferta de energia da nova usina. Localizada na região da Volta Grande do rio Xingu, no município de Altamira, Belo Monte terá potência instalada de 11 mil MW e geração média de 5 mil MW. Com esses números, será a maior hidrelétrica brasileira e a quarta maior do mundo”. O Brasil não tem alternativas a Belo Monte”, afirmou Muniz ao sair da reunião com a equipe de transição.
No ano passado, os estudos de impacto ambiental de Belo Monte, que seriam conduzidos pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), da Universidade Federal do Pará, foram suspensos por uma liminar do juiz federal Rubens Rollo d’Oliveira, da 3ª Vara, mas então respondendo pela 4ª. A decisão atendeu a pedido do Ministério Público Federal, que move uma ação civil pública questionando o contrato e alegando que caberia ao Congresso autorizar os estudos, já que o empreendimento atinge a aldeia indígena Paquiçamba, da etnia Juruna. Por enquanto, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, manteve os estudos suspensos.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, diferentemente do setor de telecomunicações, em que o sistema Telebrás foi todo privatizado, o setor de energia ainda preserva grandes empresas estatais, principalmente na área de geração. A maior delas é a holding Eletrobrás, que controla grandes empresas como Furnas, Eletronorte, Chesf e Eletrosul. Essas empresas, inclusive, têm tido uma participação de peso nos leilões de transmissão e geração de energia que vêm sendo realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), concorrendo com companhias privadas.
Brasília: 30/10/2006
Val-André Mutran (Brasília) – Se o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva quiser que o país cresce 5% ao ano terá o desafio de fazer sair do papel projetos importantes de geração de energia, fundamentais para assegurar o abastecimento na próxima década e garantir um crescimento econômico superior igual ou superior a este patamar, do contrário o risco de colapso energético é mais que uma simples conjectura.
O modelo para o setor criado no primeiro mandato do governo Lula quando o Ministério das Minas e Energia era conduzido pela atual chefa da Casa Civil, Dilma Rousseff, minimizou um grande problema ao exigir que só sejam colocados em leilão projetos que já tenham licença ambiental prévia. Mas é exatamente essa obrigatoriedade que fez com que empreendimentos de grande porte, como as usinas do Complexo do Madeira e a hidrelétrica de Belo Monte, permaneçam ainda na gaveta.
Quando estiverem funcionando a plena carga, Belo Monte e Madeira, juntas, poderão gerar 17.450 megawatts (MW). Isso é mais energia do que a produzida por todas a usinas que entraram em operação durante cada um dos três últimos mandatos presidenciais.
Fantasma do “apagão” – Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no governo Lula entraram em operação, até este mês, 12.509 MW, gerados por usinas de diversos tipos, mas principalmente por hidrelétricas e termelétricas. No primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, foram agregados ao sistema 7.769 MW e, no segundo, 14.234 MW. Esses dois megaprojetos vêm sendo pensados há alguns anos. O de Belo Monte, por exemplo, começou a ser idealizado bem antes do primeiro governo de Fernando Henrique, mas enfrenta mais dificuldades de ser implantado que o do Complexo Madeira, que prevê duas usinas: Santo Antonio (3.150 MW) e Jirau (3.300 MW). O primeiro passo para destravar a licença ambiental prévia do Complexo do Madeira já foi dado no mês passado, com a aprovação, pelo Ibama, do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental ( Eia-Rima), apresentado pela estatal Furnas.
Antes de dar a resposta final sobre o projeto, o Ibama fará quatro audiências públicas, em novembro, com as comunidades da região onde serão instaladas as usinas, em Rondônia. Em seguida, técnicos do Instituto deverão finalizar a análise dos aspectos ambientais das usinas para, então, decidirem se concedem ou não a licença prévia. Apesar das dificuldades, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, tem dito que espera conseguir levar a leilão, neste ano, pelo menos uma das duas hidrelétricas do Madeira. “Sem as hidrelétricas e o país crescendo o dobro do que cresceu nos últimos quatro anos o apagão será inevitável”, comentou o deputado federal Zequinha Marinho (PSC-PA).
Belo Monte sob júdice – A situação da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, é mais complicada. Com potência total de 11 mil MW, equivalente à de Itaipu, o projeto está emperrado por conta de decisões judiciais que impedem o avanço do processo de licenciamento. Silas Rondeau tem defendido que sejam discutidos aperfeiçoamentos nas regras ambientais para dar agilidade ao licenciamento das usinas. O ministro propõe, por exemplo, que sejam criadas áreas reservadas para a construção de hidrelétricas, de modo a evitar futuros questionamentos em projetos de novas usinas.
A luta judicial travada nos tribunais brasileiros não limitam-se às questões ambientais contra e a favor da construção das três novas Usinas Hidrelétricas.
Hoje há uma nova visão social e ambiental para o entorno da barragem e fora, que se traduz no Plano de Inserção Regional. Municípios e lideranças da região estão acompanhando de perto a licitação e concorrência. A empresa terá que assegurar os investimentos sociais para contrapor os impactos. A Eletronorte fará investimentos em educação e saneamento e pelo contrato da obra serão feitos investimentos na área social e em infra-estrutura. Assim, o meio rural vai fixar o homem nas pequenas propriedades. Algumas obras já estão sendo feitas, como hotéis e estabelecimentos da agroindústria", disse ao Instituto Sócio Ambiental o ex-prefeito do Anapu, João Scarparo.
Responsabilidade social – "O Plano de Inserção Regional faz parte dos custos da obra. É claro que o governo federal e a Eletronorte farão investimentos anteriores para evitar impactos iniciais. Do total investido em Belo Monte, 300 milhões serão destinados a 11 municípios durante 20 anos. A Eletronorte conta com consultores da Universidade de Brasília (UnB) para esses investimentos. Pacajá também receberá investimentos do plano de inserção de Tucuruí, que está em andamento. E uma nova barragem no Rio Tapajós terá novo plano de inserção, para beneficiar a região", explicou Scarparo.
O presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes, informa o jornal O liberal, já havia reunido-se com a coordenadora de infra-estrutura do governo eleito, Dilma Roussef. Muniz disse que a coordenadora demonstrou curiosidade sobre o projeto Belo Monte, mas acrescentou que o tema foi tratado superficialmente. Mesmo assim, o presidente da estatal entregou o relatório “A importância de Belo Monte para o setor elétrico brasileiro”, onde se garante que sem a expansão do parque gerador não será possível alcançar um cenário de crescimento econômico com desenvolvimento social.
De acordo com o documento, se Belo Monte não entrar em operação em 2008 ou, no máximo, 2009, não haverá como substituí-la, dada a ampla oferta de energia da nova usina. Localizada na região da Volta Grande do rio Xingu, no município de Altamira, Belo Monte terá potência instalada de 11 mil MW e geração média de 5 mil MW. Com esses números, será a maior hidrelétrica brasileira e a quarta maior do mundo”. O Brasil não tem alternativas a Belo Monte”, afirmou Muniz ao sair da reunião com a equipe de transição.
No ano passado, os estudos de impacto ambiental de Belo Monte, que seriam conduzidos pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), da Universidade Federal do Pará, foram suspensos por uma liminar do juiz federal Rubens Rollo d’Oliveira, da 3ª Vara, mas então respondendo pela 4ª. A decisão atendeu a pedido do Ministério Público Federal, que move uma ação civil pública questionando o contrato e alegando que caberia ao Congresso autorizar os estudos, já que o empreendimento atinge a aldeia indígena Paquiçamba, da etnia Juruna. Por enquanto, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, manteve os estudos suspensos.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, diferentemente do setor de telecomunicações, em que o sistema Telebrás foi todo privatizado, o setor de energia ainda preserva grandes empresas estatais, principalmente na área de geração. A maior delas é a holding Eletrobrás, que controla grandes empresas como Furnas, Eletronorte, Chesf e Eletrosul. Essas empresas, inclusive, têm tido uma participação de peso nos leilões de transmissão e geração de energia que vêm sendo realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), concorrendo com companhias privadas.
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