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Secretário de Meio Ambiente Bruno Rolim |
O que a UPA e o aterro sanitário tem
em comum? O elevado custo de construção e de operacionalização. Em Itaituba, a
UPA é um projeto cujo prédio está pronto já faz anos, enquanto o aterro
sanitário continua na fase de projeto. Embora tenha avançado, como o Jornal do
Comércio detalha na matéria a seguir, ainda há um longo caminho a percorrer.
Atualmente, no Brasil, somente o
estado de Alagoas conseguiu desativar 100% dos seus lixões. Os 132 municípios
do estado já dão a correta destinação aos seus resíduos sólidos, que são encaminhados
a aterros sanitários.
No País, o percentual de municípios com aterros
sanitários em funcionamento é de 54,8%, segundo dados do Ministério do Meio
Ambiente relativos ano passado. Isso, mesmo com o primeiro prazo para que todos
já tivessem fechado os seus lixões tenha expirado em 2 de agosto de 2014. A
região com índice mais baixo é o Nordeste, onde somente 36% dos municípios
tomaram essa providência, seguido do Norte, com 48%.
Desde 2011, ainda no segundo governo
do ex-prefeito Roselito Soares, fala-se na implantação de um aterro sanitário
no município de Itaituba. De lá para cá passaram pela prefeitura, o prefeito
Valmir Clímaco em seu primeiro mandato, a ex-prefeita Eliene Nunes e agora,
novamente Valmir. Cada um fez um pouco, mas, o projeto ainda está longe de
transformar-se em realidade.
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Como é hoje - Foto montagem: JParente |
A reportagem do Jornal do Comércio vem
fazendo matérias sobre o destino dado a resíduos sólidos, desde 2009, quando
todo o lixo ainda era depositado no lixão do Curral Redondo.
Ainda hoje, tudo que a população da cidade de
Itaituba produz diariamente de lixo é levado para o lixão da estrada do
Degredo, onde se falou que seria implantado o aterro sanitário, mas, não foi.
Apesar de não ter avançado como deveria, há uma esperança de que esse aterro
possa estar pronto, quem sabe em dois anos. Sobre esse assunto o secretário de
meio ambiente, Bruno Rolin conversou com o JC.
JC
- Secretário Bruno Rolin, esse projeto, que vem sendo montado no decorrer dos
três últimos governos, tem andado?
Bruno - Com certeza. O
primeiro passo foi o Plano de Resíduos Sólidos, contemplado dentro do Plano de
Saneamento, que é fruto de uma parceria com o IFPA, o qual está sendo
produzido. Como a gente precisava, com urgência, de recursos para o projeto,
produzimos primeiro o Plano de Resíduos Sólidos, incluso no Plano de
Saneamento. Esse plano já está com cerca de 80% pronto, faltando fazer o
diagnóstico nos distritos do município, como Moraes Almeida, Crepurizão,
Crepurizinho, Campo Verde, Comunidade Boa Vista, no km 28, sentido Jacareacanga
e Barreiras.
A gente andou na elaboração do plano.
O projeto de coleta seletiva está praticamente pronto, que contempla toda a
área urbana, mas, que será iniciada em alguns bairros, porque isso vai mexer
com a cultura da população. Não é uma coisa muito fácil de implantar uma coleta
seletiva de uma hora para outra. Isso é uma obrigação do município, pois o
banco CAF, que financia esse projeto, cobra que o município tenha esse o mesmo
aprovado e iniciado ao menos parcialmente.
Por causa das fortes chuvas a gente
ainda não conseguiu ir a todos os locais, mas, acredito que até o final do mês
de maio a gente consiga fazer todo o diagnóstico para a gente construir as
proposições que vamos colocar no plano, abrir as audiências públicas
necessárias. Pelo menos duas audiências públicas devem ser realizadas na cidade
e mais uma nos distritos. Depois disso o plano será encaminhado para a Câmara
Municipal para ser discutido e aprovado para virar a Lei de Plano de Resíduos.
JC
- Quanto a cooperativa dos catadores, avançou sua organização?
Bruno - Avançou, sim. Nós
temos, hoje, uma cooperativa que estava praticamente parada enquanto
cooperativa. Algumas pessoas que fazem parte dela estava fazendo catação de
alguns materiais, não de forma seletiva. Catavam os materiais que dão mais
lucro e encaminhavam para a venda. Nós chamamos essas pessoas, especialmente
uma que trabalha no lixão, para fazer um treinamento e incluir no plano.
Não teria sentido fazermos um plano de
coleta seletiva sem que essas pessoas estivessem incluídas. Nesse particular é
importante ressaltar a importância da cooperativa. Ela tem que estar inserida
em todo esse processo. Não há como se ter um aterro sanitário sem que haja
essas pessoas envolvidas nesse trabalho.
Hoje são apenas três pessoas, mas, quando o
processo se iniciar esse número vai aumentar porque será necessário ter mais
gente para dar conta de fazer o trabalho. Não será como é feito atualmente. A
cooperativa não terá que ir lá no aterro sanitário para separar os materiais.
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Ideia de como deverá ser (Foto ilustrativa) |
Jornal do
Comércio - Quando a gente conversou há mais de um ano, existiam três terrenos
na zona rural, um dos quais seria escolhido para implantação do aterro
sanitário. Isso já está resolvido?
Bruno - Está praticamente
100% definido o local. Uma equipe do governo do Estado veio verificar essas
três áreas potenciais, tendo sido escolhida uma que fica na mesma estrada onde
se localiza o atual lixão, cerca de 10 km na frente. É uma área que está bem
longe do aeroporto, atendendo às exigências da legislação, que determina que a
distância mínima seja essa.
Jornal do
Comércio - Esse terreno está longe de nascentes de água?
Bruno - Hoje é praticamente
impossível a gente achar uma área onde não haja uma nascente, um igarapé ou uma
lagoa. Essa área foi a que mais se adequou às exigências da legislação
ambiental para o nosso projeto. Fica a 200 metros de águas superficiais e o
aquífero subterrâneo é um pouco mais profundo que nas demais áreas.
Infelizmente para o projeto, mas, felizmente
para nós que vivemos na Amazônia, nossa região é muito abundante de água, quer
seja superficial ou subterrânea. Às vezes a gente encontra um terreno que não
tem água superficial próximo, mas, o aquífero subterrâneo é muito raso.
Jornal do
Comércio – Já se sabe qual será o custo total da montagem e da execução desse
projeto?
Bruno - Vamos ter uma ampla
discussão nas audiências, mas, temos uma base do custo de implantação. Deve
ficar entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões para implantar o aterro sanitário com
todas as técnicas com todos os equipamentos necessários.
O custo de operação e de manutenção ainda está
em discussão. Teremos que discutir isso com os distritos, porque os resíduos
dos que ficam mais próximos deverão vir para o aterro sanitário. Quanto ao que
ficam distantes da sede, teremos que encontrar uma maneira de dar uma
destinação correta aos resíduos. Com certeza esse custo não será nada baixo.
Estamos estudando de que modo nós vamos resolver isso, se será o próprio
município, ou se será feita uma concessão.
Jornal do
Comércio - No caso de o município optar pela terceirização, existem alguém que
já tenham demostrado interesse?
Bruno - A cerca de um ano
havia uma empresa de Santa Catarina que manteve contato. Esse contato cessou.
Todavia, existem outras que mais recentemente iniciaram uma conversa. Existem
empresas que trabalham nessa área, em Belém, em Santarém, e aqui em Itaituba está
se instalando uma empresa que trabalha nesse segmento, na área privada, que já
demonstrou interesse na operação do aterro sanitário.
Jornal do
Comércio - Esse interesse é mais por quais subprodutos?
Bruno - Pode ser, tanto pela reciclagem, pela
compostagem, quanto pelo gás metano produzido pelos resíduos orgânicos. A
empresa poderá comprar o material reciclado da própria cooperativa. O ramo de
resíduos sólidos no Brasil cresce cada vez mais. O interesse tem sido
demonstrado por algumas empresas que acreditam que o aterro sanitário será
implantado. Tem umas que não acreditam.
A gente já visitou alguns aterros sanitários no
Brasil para ver como funcionam. Concluímos que é possível o município gerir o
nosso. Temos máquinas suficientes para fazer o trabalho. O que será necessário
será fazer um treinamento com os servidores que farão o trabalho. Mas, tudo
isso ainda está em fase de definição.
Jornal do
Comércio - Existe previsão para que o aterro sanitário de Itaituba entre em
funcionamento?
Bruno - Eu acredito que isso
possa acontecer dentro de aproximadamente dois anos. Construir um aterro
sanitário não é fácil. Na nossa região, um pouco mais difícil porque tem o
período de chuvas no qual é complicado fazer esse tipo de obra. Mexe-se com
muita escavação, muito aterro, e só dá para trabalhar quase que somente no
verão amazônico. Em um ano espero que a gente já possa estar fazendo a coleta
seletiva do lixo e também já esteja iniciada a obra de implantação do nosso
aterro sanitário.