A chuva tem causado muitos transtornos na Região Norte. Essa época do ano é conhecida como "inverno amazônico" e esse promete ser um dos mais rigorosos pela quantidade de chuvas que vem caindo nos últimos dias. Em Itaituba, sudoeste do Pará, das 04:30 de domingo até às 15:00hs, choveu 147mm, conforme dados da meterologia itaitubense. Este total é quase a metade do que choveu em todo o mês de fevereiro. Ou seja, em pouco menos de 11 horas, choveu a metade de toda a água que caiu no mês passado. Ante tal volume, não poderia como não haver consequências?
Nas redes sociais relatos apontam diversos pontos de alagamentos em todos os bairros da cidade; do residencial Jardim América ao bairro da Liberdade, houve pontos de alagamentos com muitas perdas de móveis e outros utensílios domésticos.
Porém, após diversos alagamentos sempre se culpa, unicamente, o poder público; muitos são os culpados. Vejamos o caso do alagamento na Buriti que, antes da implantação do residencial, possuía uma grande lagoa às proximidades da fazendo do pecuarista Juarez Jandaia, que era alimentada basicamente por águas pluviais que desciam do Jardim Aeroporto, mas que teve essa passagem cortada, além de ter sido boa parte aterrada; a maioria das casas têm poucos centímetros acima do nível do chão, o que facilita a entrada da água da chuva. Isso, sem contar que a maioria das casas de tal residencial, como as de Itaituba, têm quase toda sua área acimentada, o que contribui, sobremaneira, para o acúmulo de água das chuvas, que sempre procura um local para escoar.
Diante dos prejuízos, moradores da Buriti estão pensando em acionar judicialmente a empresa responsável pela venda dos loteamentos e assim, terem ressarcidos seus prejuízos.
Algumas famílias do bairro tiveram que ser socorridas pelos militares do Corpo de Bombeiros por causa dos alagamentos.
Bairros como Liberdade e Jardim das Araras, por ficarem nas partes mais baixas da cidade, foram os mais afetados; outros bairros periféricos também sofreram com a forte chuva que caiu desde a madrugada de domingo; ruas, casas alagadas e a sensação de impotência diante de tão evitável transtornos foram a tônica de mais esse temporal. Vale ressaltar que o lixo acumulado nas bueiras também tem importância nesse alagamento, lixo esse em sua grande parte depositado por itaitubenses com grande espírito de porco.
Outros bairros bastantes atingidos foram o Vitória Régia e o residencial Viva Itaituba.
Porém, apesar da imensa quantidade de chuva, locais costumeiramente alagadiços, não passaram por tantos transtornos, como a área ao entorno da Lagoa dos Patinhos e o bairro Perpétuo Socorro, que sofreram grandes intervenções do atual governo municipal. A lagoa dos Patinhos teve sua água drenada via rodovia Transamazônica; o igarapé Oriundo, que atravessa Itaituba, no trecho da citada rodovia até a Treze de Maio foi desobstruído, inclusive com a retirada de casas que ficavam sobre o igarapé.
Mas o que aconteceu para que houvesse tanta água em tão poucas horas? Os meses de janeiro e fevereiro proporcionaram chuva volumosa para grande parte do Brasil. O excesso de chuva no verão 2019/2020 já era esperado para muitas áreas do país, bem como falta de chuva na Região Sul.
O que explica tão grande volume é a Zona de Convergência Intertropical - ZCIT - com posicionamento mais ao sul de sua posição média normal para esta época do ano - que vem proporcionando muita chuva sobre a Região Nordeste do Brasil e parte da Região Norte.
Conforme o sítio Climatempo, a chuva é abundante na maior parte da Região Norte, a previsão é de que as pancadas sejam frequentes, acontecendo quase todos os dias. A proximidade da ZCIT, que se posiciona ao sul de sua posição média histórica, traz previsão de grandes acumulados para o PA e para o AP.
Depois de tantos dias de chuva e de muitos estragos na cidade, uma trégua. Mas nem adianta se animar. Os meteorologistas estão prevendo ainda muita água pela frente.
Extraído do blog do Norton Sussuarana