terça-feira, março 24, 2020

Já não sei mais o que é pior, se é a pandemia, ou a instabilidade do presidente


Resultado de imagem para fotos de jota parente         Eu já não sei se o que mete mais medo, neste momento, é a pandemia do coronavírus, ou as consequências imprevisíveis dos atos inconsequentes do presidente da República, Jair Bolsonaro. Confesso que fiquei assustado com os últimos acontecimentos.
Ontem, o presidente fez uma vídeo conferência com os governadores, acertando pontos importantes para que todos falassem a mesma linguagem no combate ao coronavírus. Hoje, veio ao rádio e à televisão fazer um pronunciamento, com outro discurso. Não é para ficar preocupado?
Quando o brilhante jurista Miguel Reale Júnior pediu ao Ministério Público, que requeresse que o presidente fosse analisado por uma junta médica de especialistas, para saber se ele tinha sanidade mental suficiente para ser o mandatário máximo do país, sabia muito bem o que estava fazendo. O comportamento dele leva a esse tipo de juízo.
Não comparemos o Brasil com a Itália, como disse Bolsonaro, nem com a Espanha, nem com a França, que ficam no velho continente, mas, mesmo ficando no hemisfério Norte, não é plausível deixar de olhar para os Estados Unidos. Lá, os americanos estão sendo colocados em quarentena, de acordo com a necessidade.
Pode até ter um pouco de razão quem reclama que fechamos tudo de uma vez. Porém, o vírus espalhou-se relativamente rápido pelos estados. Dadas as nossas diferenças, sobretudo no que tange às condições dos setores de saúde e na economia, não podemos seguir exatamente a mesma receita da parte de cima da América.
Nos Estados Unidos não há serviço público de saúde, como no Brasil, mas, o país tem muito dinheiro, e o Congresso discute a aprovação de U$ 1,8 trilhão para injetar na economia americana, de acordo com o andamento da situação. Eles fazem isso desde a grande depressão dos anos 1930, que começou com a quebra da bolsa de Nova York no dia 24 de outubro 1929.
Aqui, reação dos governadores à fala do presidente Jair Bolsonaro, hoje à noite, foi rápida como tinha que ser. No final da história, quem vai estar diretamente administrando o cenário de caos, se não for feito tudo certo serão os governadores e os prefeitos.
Os Estados Unidos tem um presidente (Donaldo Trump), que também fala besteira quando resolve discursar sobre assuntos que não conhece, como seu colega Jair Bolsonaro. A diferença é que, com instituições muito mais sólidas, as autoridades de saúde não são desautorizadas por seu presidente.
Os americanos tem Anthony Stephen Fauci, que sabe bem como tratar os presidentes. Diretor do Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas desde 1984, já trabalhou com seis governos diferentes. Hoje ele é considerado a maior autoridade mundial em sua área. E mesmo quando diverge, como está em matéria publicada hoje no blog do Jota Parente, o presidente não o tira do cargo por birra. O bem comum fala mais alto por lá.
Triste povo brasileiro, que se colocou numa sinuca de bico na eleição presidencial de 2018. Dos dois que restaram, um representava o maior assalto aos cofres públicos nunca antes visto na história deste País, como diria Lula; o outro era o salvador da pátria, que na maioria das vezes não dá certo.
Mais uma vez, deu errado. E hoje, o Brasil é um corpo que sofre porque a cabeça tem sérios problemas cognitivos.


          Jota Parente

'Guerra' com a China faz de Bolsonaro anti-imperador

Resultado de imagem para Foto de Josias de SouzaAo abrir uma guerra desnecessária com a China, o deputado Eduardo Bolsonaro transformo seu pai numa versão pós-moderna de um personagem muito conhecido, só que às avessas. Jair Bolsonaro tornou-se diante da China um anti-imperador, uma espécie de Napoleão que é obrigado a se descoroar publicamente.

Depois da crise provocada pelo disparo feito pelo Zero Três a partir da plataforma de lançamento do Twitter, o telefonema em que Bolsonaro conversou com o presidente chinês Xi Jinping teve o efeito de uma caída de ficha. 

Ironicamente, a conversa foi testemunhada pelo antichanceler Ernesto Araújo. 

O mesmo que na semana passada exigia um pedido de desculpas da embaixada da China em Brasília por ter respondido rispidamente ao ataque de Eduardo Bolsonaro. Hoje, o Brasil precisa da China para respirar.

 Literalmente, porque o Ministério da Saúde considera indispensáveis as máscaras e os respiradores para UTI que o governo chinês se dispõe a enviar para o Brasil. 

Metaforicamente, porque o agronegócio e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tratam os negócios com a China como vitais para atenuar o tombo que o PIB brasileiro sofrerá em 2020.

 A única coisa que a manifestação de Eduardo Bolsonaro conseguiu produzir foi constrangimento. 

Divulgou-se que partiu do presidente chinês a iniciativa do contato. Conversa mole. Bolsonaro havia telefonado na semana passada. Não foi atendido prontamente. Foi mantido na geladeira por uma semana. 

Com sua capacidade inesgotável de criar problemas para si mesma, a família Bolsonaro conseguiu dar a um simples telefonema uma aparência de Waterloo..

Josiias de Souza (UOL)

Mesmo com quarentena do coronavírus, desembargadora do TJBA recebeu propina

Investigação aponta acerto de R$ 1 milhão para desembargadora Sandra Inês Rusciolelli conceder uma decisão
O Globo -  A pandemia do coronavírus não foi suficiente para impedir o acerto de propina para uma desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). Foi isso que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, escreveu na decisão que autorizou mais uma fase da Operação Faroeste, deflagrada hoje e que levou para atrás das grades a desembargadora Sandra Inês Rusciolelli. A investigação apura compra de decisões na corte baiana.

O magistrado destacou que, na terça-feira (17) passada, foram entregues R$ 250 mil ao filho da desembargadora, que atuou como intermediário do pagamento de propina destinado a ela, como revelou O GLOBO. “Chama atenção o fato de a ação criminosa não ter se interrompido mesmo durante a pandemia de Coronavírus (Covid-19), quando há recomendação de restringir-se a interação social”, destacou Og Fernades.

O ministro também usou esse argumento para justificar a necessidade da prisão tanto de Sandra quanto seu filho.

Em pronunciamento na TV, Bolsonaro pede reabertura de comércio e escolas e fim do 'confinamento'


Resultado de imagem para Foto de bolsonaroFala do presidente foi acompanhada por panelaços em cidades do país pelo oitavo dia seguido


BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro pediu, em pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio exibido na noite desta terça-feira, a reabertura do comércio e das escolas e o fim do "confinamento em massa". As medidas têm sido utilizadas no combate ao novo coronavírus, que já deixou 46 mortos no país. Este foi o terceiro pronunciamento sobre o tema realizado em um período de menos de 20 dias.

— Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa.

 O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? — questionou Bolsonaro.O presidente afirmou que o coronavírus "brevemente passará" e afirmou que a vida "tem que continuar":

— O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade.

De acordo com Bolsonaro, são "raros" os casos de vítimas fatais entre pessoas com menos de 40 anos "sãs":

— Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós.

No primeiro pronunciamento sobre o tema, realizado no dia 6 de março, Bolsonaro afirmou que não havia motivo para "pânico" e que o momento era de união.

segunda fala sobre o tema foi realizada na semana seguinte, no dia 12 de março. O presidente recomendou o adiamento de manifestações que estavam marcadas para o domingo seguinte, devido à recomendação para evitar aglomerações. O próprio Bolsonaro, contudo, acabou participando dos protestos.

Ricos brasileiros não são hipócritas, são mesquinhos e sovinas

O americano Bill Gates poderia ser exemplo de filantropia para nossos milionários O povo brasileiro é solidário e generoso em momentos de crise. Exemplos não faltam: um deles é o comerciante de Praia Grande (SP) que, antes mesmo de a quarentena ser decretada, montou uma barraca de doações de alimentos em frente ao seu supermercado. O que falta é gente rica que desminta outro chavão: a elite econômica deste país é egoísta e mesquinha.

Em momentos de raiva ou indignação, o certo é fazer coro ao cantor e compositor Eduardo Costa, que chamou de “hipócritas” os endinheirados e famosos que são bons em usar as mãos para bater palminhas para profissionais de saúde. Mas não as colocam no bolso de jeito nenhum. Exemplos não faltam.

Costa doou R$ 2,5 milhões para o SUS (Sistema Único de Saúde). Xuxa fez um cheque de R$ 1 milhão, com a mesma finalidade. Palmas para os dois. Estamos no aguardo de novas manifestações de generosidade. Nem precisam ser anônimas.

Ninguém está esperando que ricaços brasileiros façam como o bilionário Bill Gates. Não é todo mundo que pode dispor de US 100 milhões para pesquisas e ações contra o vírus no mundo todo.

Mas os R$ 5,4 milhões doados pelo técnico do Manchester City , Pep Guardiola, nos dão uma boa medida de quanto dinheiro determinadas boas pessoas têm. Ele está longe de ser o cara mais rico do mundo do esporte – e isso não o impediu de ser um cara muito legal.

Não vamos citar nomes de personalidades, figuras do mundo político e homens de negócios afortunados para os quais 1 milhão de dólares é troco de pinga ou álcool em gel. Que deselegante. Todos sabemos quem são.

Mas cada um desses que se omite – ainda mais em um momento em que os grandes hotéis estão fechados, não é possível viajar de primeira classe para o Exterior nem bancar festas bafônicas – vai entrar para uma lista seleta na memória desse povo sofrido. Bando de sovinas. Mãos de vaca.
    • Marco Antonio Araujo, do R7

Quarentena faz americanos correrem para estocar maconha

Pessoas aguardam duas horas em fila para comprar maconha em loja legalizada de Denver, no Colorado (EUA), respeitando distância segura por conta do novo coronavírus Foto: Michael Ciaglo / AFP Em muitos estados em que a cannabis é legalizada, lojas são obrigadas, assim como os restaurantes, a fazer entregas ou deixar as encomendas na calçada

NOVA YORK (The Ner York Times) — Com a rápida disseminação da pandemia do novo coronavírus pelos Estados Unidos, muitos americanos foram obrigados a ficar isolados em suas casas, com permissão para sair apenas para uma emergência médica ou para comprar itens de extrema necessidade. Alimentos, naturalmente. Remédios controlados, claro. Gasolina para o carro. E, em muitos lugares, a maconha integra essa lista.

Na última semana, vários estados concordaram com o fechamento de lojas que não vendem itens essenciais, mas defenderam que locais que comercializam maconha, inclusive para fins medicinais, deveriam ficar abertos. Prova de que, para alguns americanos, a cannabis é tão necessária quanto o leite e o pão.

Na maioria dos casos, lojas que vendem maconha são obrigadas, assim como os restaurantes, a fazer entregas ou deixar as encomendas na calçada.

Muitos americanos correram aos supermercados, nas últimas semanas, para estocar bens como papel higiênico, enlatados e álcool em gel. Os moradores de estados onde a maconha é legalizada — entre eles, Califórnia, Oregon e Michigan — também se preocuparam em comprar maconha e produtos derivados dela suficientes para semanas, ou, quem sabe, meses de isolamento social.

Segundo Liz Connor, diretora de análises da Headset, empresa que pesquisa o mercado da maconha, após a instauração da quarentena, semana passada, na região de São Francisco, as vendas de cannabis cresceram mais de 150% se comparadas ao mesmo período, no ano passado.

De acordo com ela, vendas tão altas assim só foram vistas em datas como o 20 de abril, considerado o feriado anual não-oficial de apreciação da maconha. Ainda segundo a empresa, mulheres e jovens — a Geração Z — foram os grande responsáveis pelo aumento das vendas.

"Isso mostra que, para muitas pessoas, a maconha é um bem de consumo como outro qualquer, como a cerveja ou o vinho", afirmou Connor, que relacionou a alta na venda desses produtos com algumas precauções para evitar o contágio. "Essa, provavelmente, é a maneira mais fácil de ficar alto sem ter que tocar muito o seu rosto", resumiu.

Na segunda, o prefeito de Denver, Colorado, colocou as lojas de bebida e as que vendem maconha para fins recreativos entre os estabelecimentos não-essenciais que ficarão fechados por três semanas, o que gerou enormes filas do lado de fora das lojas. Os estabelecimentos que vendem maconha com fins medicinais ficariam abertos mas, após um protesto, também tiveram que encerrar suas atividades.

A Pennsylvania permitiu o funcionamento das lojas que vendem maconha, mas mandou fechar as que vendem bebidas. Entretanto, muitos estados, inclusive Nova York, consideraram as lojas de bebidas alcoólicas como serviço essencial, podendo, por isso, ficar abertas.

Trump e o doutor Fauci: médico vira estrela de entrevistas coletivas ao fazer contraponto ao presidente

Presidente Donald Trump e Anthony Fauci, ao fundo, durante entrevista coletiva na Casa Branca Foto: JONATHAN ERNST / REUTERS / 20-03-2020 WASHINGTON — No dia 2 de março, o presidente americano, Donald Trump, disse que a vacina contra o novo coronavírus estará disponível “muito brevemente” – “entre três e quatro meses”, talvez “um ano” – e que as pesquisas caminham “muito rapidamente”. Logo em seguida, o médico Anthony Fauci declarou que será necessário esperar, na melhor das hipóteses, entre um ano e um ano e meio.

No dia 15, Trump pediu calma à imprensa e aos cidadãos: “Relaxem, nós estamos indo bem”. Com toda a calma do mundo, Fauci disse: “O pior ainda está por vir”. Esses são apenas alguns exemplos das discordâncias entre o presidente dos Estados Unidos e o famoso epidemiologista Anthony Fauci, a maior autoridade em doenças infecciosas do país. Além de eminência mundial no combate ao HIV, o médico vem se mostrando também um especialista em corrigir o presidente.

Suas aparições conjuntas na grandes entrevistas coletivas da força-tarefa criada para a crise são uma exibição de dois personagens antagônicos – Trump, apesar disso, parecia gostar. Há algumas semanas, disse exaltante que o médico “havia se transformado em uma estrela de televisão”. Agora, ele está há alguns dias sem aparecer. É o estranho caso do doutor Fauci, como é conhecido pelo mundo, e de Trump.

– Eu não discordo na essência – disse o médico, em uma entrevista à revista Science, sobre suas discordâncias com o presidente. – São usadas, no entanto, umas expressões que eu não adotaria porque podem causar alguns mal-entendidos sobre os fatos.

Foi no dia 19 de março que o presidente assegurou que um tratamento à base de cloroquina, comumente usado para a malária, estava funcionando contra a Covid-19. No dia seguinte, quando perguntado sobre o assunto, Fauci chamou as evidências de “anedóticas”. Trump, por sua vez, afirmou ser um “grande fã” do médico e afirmou estar de acordo que o tratamento “pode funcionar ou não”.

– O que dizemos não é tão distinto. O presidente segue otimista, esse é seu sentimento – afirmou o médico, concluindo a troca.

Foi no dia 19 de março que o presidente assegurou que um tratamento à base de cloroquina, comumente usado para a malária, estava funcionando contra a Covid-19. No dia seguinte, quando perguntado sobre o assunto, Fauci chamou as evidências de “anedóticas”. Trump, por sua vez, afirmou ser um “grande fã” do médico e afirmou estar de acordo que o tratamento “pode funcionar ou não”.

– O que dizemos não é tão distinto. O presidente segue otimista, esse é seu sentimento – afirmou o médico, concluindo a troca.

Anthony Stephen Fauci sabe bem como tratar os presidentes. Diretor do Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas desde 1984, já trabalhou com seis governos diferentes. Ele liderou a estratégia do governo frente à epidemia de HIV que estava se instalando e se transformou em uma autoridade mundial.