Imagino quantas pessoas tiveram a
mesma sensação de impotência que senti, hoje, ao assistir ao emocionado vídeo
do empresário Bartô, falando das imensas dificuldades pelas quais está passando
em virtude de não poder trabalhar. Sua academia, como as demais, está fechada.
Palavras bonitas não vão pagar suas
contas, tapinhas nas costas não amenizarão sua angústia de olhar para o seu
negócio comercial, ver que está tudo lá, em condições de ser movimentando, mas,
não pode.
A ordem é manter
fechado. E o pior é que tateamos no escuro, sem saber onde isso vai dar, quando
será possível reativar tudo a pleno vapor. E a incerteza só faz aumentar o
sofrimento.
Em meio à pandemia do coronavírus,
enquanto Bolsonaro e Paulo Guedes ofereceram R$ 200,00 para trabalhadores
autônomos e informais como renda mínima durante a quarentena, a Câmara dos
Deputados foi lá e elevou a proposta para R$ 600,00, podendo acumular o máximo
de duas por família.
No cálculo, estimando 24 milhões de
beneficiados, o gasto com esta "renda mínima" seria num total de R$
14,4 bilhões mensal.
O que ninguém fala é que os Bancos estão recebendo de ajuda, do
Banco Central, nada menos que R$ 1,2 trilhão, em forma de medidas econômicas
que facilitam e flexibilizam as transações bancárias.
O Conselho Monetário Nacional (CMN)
regulamentou a concessão de empréstimos do Programa Emergencial de Suporte a
Empregos, informou o Banco Central. Com isso, o programa entra em operação e as
empresas poderão buscar os recursos nas instituições financeiras.
A linha
de crédito de R$ 40 bilhões, destinada a pequenas e médias
empresas, foi criada por medida provisória e tem por objetivo ajudá-las a pagar
os salários de seus funcionários pelo período de dois meses, visa aliviar a
pressão financeira sobre pessoas e empresas durante a crise gerada pela
pandemia do novo coronavírus.
A iniciativa do governo é louvável, mas, a burocracia
brasileira que existe desde que o país foi descoberto, torna as coisas muito
difíceis. A maioria desiste depois que toma conhecimento das exigências quase impossíveis
de serem atendidas.
A corda quebra sempre do lado do mais fraco, mesmo
que sejam as pequenas empresas que gerem cerca de 54% dos empregos com carteira
assinada no Brasil. Empresas como Academia Sheik, do Bartô, que provavelmente
gostaria de ter acesso ao empréstimo de socorro do governo, se tivesse
oportunidade.
Como ele, muitos outros empresários de todos os
portes, em Itaituba e em todo o país enfrentam problemas. Alguns já tem títulos
protestados em cartório porque não venderam o suficiente para honrar seus compromissos.
Para muitos brasileiros é correto manter o
isolamento social com forma de evitar que a pandemia avance com muita
velocidade, sufocando o sistema público de saúde do país; para outros, é
preciso que as autoridades municipais e estaduais encontrem um meio termo,
pois, com quase tudo paralisado, até quando vai dar para segurar?
Essa situação inusitada para todo o mundo, que
esse vírus trouxe, pegou todos de surpresa, e raríssimos foram aqueles países
que estão conseguindo passar com um menor sofrimento. Ninguém descobriu uma fórmula
de como conciliar a necessidade de se defender da doença e tocar a vida ao
mesmo tempo. Com medo, quase todos se trancaram em casa, enquanto a vida lá
fora segue o ritmo que o coronavírus determina.
Passou março. Previa-se o pico da pandemia para
abril, no Brasil. Abril está passando, e agora já se fala em retomar as atividades
a partir de maio, muito mais como um alento, porque certeza, mesmo, neste
momento, não existe de absolutamente nada.
A única coisa que sabemos de certo é que temos
que continuar esperando e torcendo para que a ciência avance nas pesquisas da
cura e da prevenção contra esse vírus avassalador.
Enquanto isso não acontece, e enquanto a curva
descendente não é alcançada no Brasil, fique em casa, se puder.
Jota Parente