domingo, julho 05, 2020

Países que seguiram regras da OMS enfrentaram o vírus muito melhor, constata estudo

Ao analisar dados de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia pós-pandemia, pesquisadora brasileira verifica que os países que adotaram corretamente o protocolo da instituição tiveram melhores resultados contra a doença

RIO - Em casos de epidemia e pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma recomendação central enquanto não existir vacina ou medicamento: os países devem seguir as chamadas intervenções não farmacológicas (INFs), um grupo de medidas de combate imediato à doença, entre as quais o isolamento social, testagem em massa e adoção por parte dos governos de uma comunicação de risco.

A adoção correta das medidas estabelecidas no protocolo da OMS é o fator decisivo para deter o avanço da doença, como reafirma a pesquisa realizada em alguns países da América do Sul pela brasileira Maíra Fedatto, mestre em Política Internacional e Comparada da Universidade de Brasília (UNB), doutoranda em Relações Internacionais e Saúde Global da Universidade de São Paulo (USP) e do King’s College, na Inglaterra, e consultora em projetos de saúde.

Nos últimos meses ela analisou a reação de  Brasil, ArgentinaUruguai, Paraguai e Bolívia após à chegada da pandemia. A conclusão é que os quatro países que seguiram a principal orientação da OMS obtiveram melhores resultados, com destaque para Uruguai e Paraguai. O Brasil, lamentou a especialista, foi o único que virou as costas para o manual global de luta contra pandemias.

O objetivo das INFs é retardar a chegada do vírus, a altura e o pico da pandemia, reduzir a transmissão através de medidas de proteção pessoal ou ambiental, conter o número total de infecções e, portanto, o número total de casos graves. Foi assim que quatro dos cinco países estudados pela pesquisadora conseguiram evitar uma explosão de casos nos últimos três meses e meio. 

A batalha não está ganha, já que a América Latina é hoje o epicentro mundial da pandemia. Mas os quatro estão em muito melhor situação que o Brasil e um deles, o Uruguai, voltou a ter acesso à União Europeia (UE), que na semana passada reabriu suas fronteiras a alguns países em que a pandemia é considerada sob controle.

 — O Uruguai tem vários elementos que explicam sua situação atual. Com poucos casos, o governo aplicou INFs e a adesão da cidadania foi impressionante. Mesmo não sendo obrigatório, pesquisas mostraram que 90% da população respeitou o isolamento social — comenta Maíra.

Ela lembrou ainda, que num país de apenas 3,5 milhões de habitantes, a desigualdade social é muito inferior à dos vizinhos. O Uruguai tem um bom sistema de saúde, fez testagem em massa e tem a maior média de leito hospitalar por habitante da América do Sul: 2,8 para cada mil habitantes. No estado brasileiro do Amazonas, existem 7 leitos para cada 100 mil pessoas.

— Além das INFs, o Uruguai tem uma boa educação, o que permitiu criar rapidamente uma sólida consciência coletiva. Hoje, o governo está atacando focos isolados, especialmente na fronteira com o Brasil —frisa a pesquisadora.

No caso paraguaio, que não conta com um sistema de saúde forte como o uruguaio, o governo fechou o país e aplicou uma rígida quarentena em tempo recorde. As fronteiras foram militarizadas e, entre meados de março e fim de maio, a população ficou confinada, sob controle militar nas ruas.

— A reabertura está sendo em quatro fases, e cada vez que surge um foco essa cidade ou departamento volta atrás. Uma ação muito coerente — observa Maíra.

DIFERENÇAS ENTRE PAÍSES

A importância das INFs ficou ainda mais clara nos últimos dias, na Bolívia. Entre quinta e sexta-feira da semana passada, o país, que vem afrouxando as medidas de distanciamento social, registrou 1.301 novos casos de contágio e 70 óbitos.

No começo, o governo implementou uma quarentena dura, restringiu as jornadas de trabalho, o transporte público e houve toque de recolher das 17h às 5h. Com o tempo, o relaxamento começou a trazer consequências.

A situação na Bolívia tem um complicador político: desde novembro do ano passado, com a saída sob pressão militar do ex-presidente Evo Morales (2006-2019), o país enfrenta tensões e o governo interino da presidente Jeanine Áñez é acusado de perseguir opositores. Um de seus decretos sobre a pandemia foi denunciado pela ONG Human Rights Watch, por considerá-lo uma estratégia para prender dirigentes da oposição.

A questão dos supostos abusos em matéria de direitos humanos, somada a duas trocas de ministros da Saúde (um deles preso, sob suspeita de corrupção), impediram o país, que tem um precário sistema de saúde, de ter melhores indicadores sanitários, apesar de ter adotado as INFs.

A Argentina é um caso misto, já que as medidas tomadas deram certo em grande parte do país, mas o plano falhou na chamada Área Metropolitana de Buenos Aires (Amba), e obrigou o governo do presidente Alberto Fernández a estender, recentemente, a quarentena mais longa do mundo. 

Já são mais de 100 dias de isolamento na capital e região da Grande Buenos Aires, com indicadores sanitários que se deterioraram de forma expressiva nas últimas semanas. Segundo admitiram epidemiologistas que assessoram a Casa Rosada, o calcanhar de Aquiles do plano argentino foi a circulação do vírus em bairros populares.

Com a economia em frangalhos, mais uma vez, os argentinos mais humildes têm enormes dificuldades de respeitar o distanciamento social. Muitos vivem o dilema de se expor ao vírus ou passar fome.

'TEATRO DO ABSURDO'

A Covid-19 é uma doença com alta taxa de transmissibilidade que, lembra Maíra, pode levar qualquer sistema de saúde ao colapso. O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, destaca a pesquisadora, era considerado em 2018 o nono melhor do mundo. Mas o país optou por um caminho diferente ao de seus vizinhos e os resultados e projeções mostram que essa alternativa levou o Brasil a ser epicentro global da pandemia.

— O Brasil tinha tudo pra dar certo e demos bem errado. Hoje, com mil mortos por dia, estão reabrindo comércios. Um teatro do absurdo — conclui Maíra.

Para auxiliar em sua pesquisa, a brasileira contou com dados da Universidade de Washington, que projetou o avanço da doença no mundo a partir da situação atual e no pior cenário (caso as medidas como distanciamento social e o uso de máscaras não sejam respeitadas com rigidez, apesar do aumento de casos e mortes).

Por essas projeções, no início de outubro o número de óbitos decorrentes da Covid-19 no Brasil chegará a 166.362, pelo cenário atual. No pior deles, as mortes passarão de 340 mil. (O Globo)

 

Justiça obriga Globo a transmitir Fluminense e Botafogo pelo Cariocão


Os torcedores de Fluminense e Botafogo poderão acompanhar pela televisão aberta a semifinal da Taça Rio, que acontece neste domingo (05). A juíza Eunice Bitencourt Haddad, da 24ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu liminar nesta sexta-feira (03) à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), obrigando a Rede Globo de Televisão a transmitir a partida. A Globo anunciou que vai acatar a decisão judicial.

Em nota oficial, a emissora informou que vai recorrer da decisão, mas que, em respeito à Justiça e aos clubes, decidiu exibir o confronto. Na última quinta-feira (02), a Globo rescindiu o contrato de transmissão do Campeonato Carioca alegando violação dos seus direitos de exclusividade após exibição, no dia anterior, de Flamengo x Boavista, pela FlaTV.

A partida entre Fluminense e Botafogo será transmitida em canal aberto para a cidade de Juiz de Fora (MG) e para os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Os canais por assinatura SporTV e o Premiere exibem o jogo para todo o Brasil.

Fluminense e Botafogo se enfrentam pela segunda vez no campeonato carioca. No primeiro encontro, pela Taça Guanabara, o tricolor venceu por 3 a 0, com dois gols de Nenê e um de Wellington Silva. 

O “clássico vovô” começa às 16h, no Estádio Nilton Santos. No mesmo horário, Flamengo e Volta Redonda se enfrentam no Maracanã. A final da Taça Rio está inicialmente marcada para quarta-feira, dia 8 de julho. Se o Flamengo conquistar o segundo turno, não haverá final do Campeonato Carioca, uma vez que o rubro-negro já venceu a Taça Guanabara e é o time de melhor campanha na competição.

Agência Brasil

Pesquisadores da Unifesp apresentam tratamento que pode ser a cura do HIV

A cura da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) pode estar mais perto do que imaginamos! A Universidade Federal de São Paulo (Unufesp) realizou o primeiro estudo, em escala global, para testar um supertratamento em indivíduos cronicamente infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A pesquisa está sendo coordenada pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz, que é uma das referências mundiais no assunto.

De acordo com nota publicada pela Unifesp, Diaz é diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina (EPM/ Unifesp) - Campus São Paulo.

A pesquisa contou com a participação de 30 voluntários que possuem carga viral indetectável, sob tratamento padrão, conforme o que é atualmente preconizado: a combinação de três tipos de antirretrovirais, mais conhecida como “coquetel”. Os voluntários foram divididos em seis subgrupos, recebendo, cada um deles, diferentes combinações de remédios, além do próprio “coquetel”. 

Tratamento 

Diaz, e sua equipe, vem trabalhando em duas frentes para a cura da doença: uma utilizando medicamentos e substâncias que matam o vírus no momento da replicação e eliminam as células em que o HIV fica adormecido (latência); e a outra desenvolve uma vacina que leva o sistema imunológico a reagir e eliminar as células infectadas nas quais o fármaco não é capaz de chegar.

Os integrantes do subgrupo que apresentaram melhores resultados receberam mais dois antirretrovirais: o dolutegravir, a droga mais forte atualmente disponível no mercado; e o maraviroc, substância que força o vírus, antes escondido, a aparecer.

Outras duas substâncias também foram incluídas, que potencializam o efeito dos medicamentos: a nicotinamida – uma das duas formas da vitamina B3, que mostrou ser capaz de impedir que o HIV se escondesse nas células; e a auranofina – um antirreumático, também conhecido como sal de ouro, que deixou de ser utilizado há muitos anos para tratar a artrite e outras doenças reumatológicas. A auranofina revelou potencial para encontrar a célula infectada e levá-la ao suicídio. 

O infectologista explicou que os testes in vitroin vivo (em animais) e, agora, em humanos confirmam que a nicotinamida é mais eficiente contra a latência quando comparada ao potencial de dois medicamentos administrados para esse fim e testados conjuntamente.

Mas apesar da descoberta dessas substâncias (a nicotinamida e a auranofina) para a redução expressiva da carga viral, ainda seria necessário algo que ajudasse a imunidade dos pacientes contra o vírus. Dessa maneira, os pesquisadores desenvolveram uma vacina de células dendríticas, que conseguiu ensinar o organismo do paciente a encontrar as células infectadas e destruir uma a uma, eliminando completamente o vírus HIV.

A vacina de células dendríticas é extremamente personalizada já que é fabricada a partir de monócitos (células de defesa) e peptídeos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) do vírus do próprio paciente.

Estímulo

Segundo Diaz, as células dendríticas são importantes unidades funcionais no sistema imunológico pois tem função é capturar microrganismos prejudiciais ao organismo para, em seguida, apresentá-los aos linfócitos T CD8. Quando apresentados, os linfócitos participam do controle de infecções, aprendem a encontrar e matar o HIV presente em regiões do corpo – chamadas pelos especialistas de “santuários” – aonde os antirretrovirais não chegam ou, quando chegam, atuam de forma muito modesta, como cérebro, intestinos, ovários e testículos.

Seis dos pacientes participantes receberam o supertratamento, mas ainda aguardam os resultados finais da terceira dose da vacina. “Somente após as análises de sangue e das biópsias do intestino reto desses pacientes vacinados é que partiremos para o desafio final: suspender todos os medicamentos de um deles e acompanhar como seu organismo irá reagir ao longo dos meses ou, até mesmo, dos anos”, conclui. “Caso o tempo nos mostre que o vírus não voltou, aí sim, poderemos falar em cura.”

No período sem conclusão dos resultados, o infectologista alerta: “apesar do avanço no tratamento e controle do HIV, a infecção por esse vírus ainda é a pior notícia que podemos dar ao paciente em termos de doenças sexualmente transmissíveis”, declara. “A pessoa com HIV, mesmo com carga viral indetectável, passa por inúmeros processos inflamatórios devido aos efeitos colaterais dos medicamentos."

Segundo o coordenador, o uso de preservativos durante as relações sexuais garante a proteção contra o HIV, além de outras doenças para quem não tem o vírus, mas principalmente para quem já o tem. “Atualmente, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que pessoas com carga viral indetectável não transmitem HIV. A falta de proteção pode, porém, acarretar ao indivíduo com o vírus controlado a reinfecção por um tipo diferente de vírus HIV ou por outro mais resistente.”

Aids no mundo

A doença do sistema imunológico, causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), torna uma pessoa mais propensa às doenças oportunistas e, até mesmo, ao câncer do que outra, cujo sistema imunológico esteja saudável. As principais maneiras de transmissão são as relações sexuais desprotegidas, as transfusões com sangue contaminado, o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis e a disseminação de mãe para filho, durante a gravidez, parto ou amamentação.

Mesmo com a evolução no tratamento e das campanhas preventivas, os números sobre a doença mostram que a aids ainda é um grave problema de saúde pública global. Dados apresentados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) mostram que 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV em 2016 e quase dois milhões seriam infectados no mesmo ano.

O ínicio da epidemia ocorreu na década de 1980, onde cerca de 35 milhões de indivíduos perderam a vida por causas relacionadas à aids. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) contabilizou, até junho de 2016, quase 843 mil casos da doença, cuja maioria era constituída por homens (65,1%); o país é o que mais concentra novos casos de infecções (49%) na América Latina, segundo a Unaids. Um terço das novas infecções ocorre em jovens de 15 a 24 anos.

* Com informações da Unifesp

Organizadas do Flamengo se manifestam contra cobrança em transmissão

Organizadas do Flamengo se manifestam contra cobrança em transmissão

Istoé - Os torcedores do Flamengo não aprovaram a decisão da diretoria em cobrar R$ 10 para os não-sócios para a exibição da partida contra o Volta Redonda, neste domingo, às 16h (de Brasília), pela semifinal da Taça Rio. Após a sede da Gávea amanhecer neste sábado com o muro pichado, foi a vez das organizadas se manifestarem nas redes sociais contra a cobrança.

Em nota assinada pelas torcidas organizadas Raça Rubro-Negra, Fla Manguaça, Império Rubro-Negro e Nação 12, foram questionadas as recentes atitudes da diretoria do clube em defender os interesses somente dos sócios e a tentativa de restringir os torcedores populares de assistirem aos jogos. As organizadas ressaltaram que o Flamengo é o “clube do povo” e cobraram mais respeito.

– Os atuais gestores apunhalam pelas costas seus próprios torcedores. Não discutiremos a necessidade ou não de cobrança, mas o momento em que foi feita. De acordo com nosso entendimento, limitar, restringir e condicionar são atitudes arriscadas quando se fala de Flamengo, afinal, somos o clube de todos. Assim, os que estão no poder têm a obrigação de tornar democrático o acesso às atividades do clube; jamais se posicionar como se nossa torcida se resumisse a sócio-torcedores, número inexpressivo quando comparado aos 40 milhões – diz um trecho da nota.

O Flamengo enfrenta o Volta Redonda, neste domingo, às 16h, no Maracanã, pela semifinal da Taça Rio. Vale lembrar que em caso de conquista do turno, o Rubro-Negro conquista o título carioca, já que venceu a Taça Guanabara e foi o primeiro colocado na classificação geral. O jogo terá transmissão através da plataforma MyCujoo, mediante ao pagamento de R$ 10 (para não sócios-torcedores).

João Doria incentivou policiais militares ao confronto, diz ex-corregedor

Coronel Marcelino Fernandes, ex-corregedor da Polícia Militar de São Paulo - 17.mai.2018 - Eduardo Anizelli/Folhapress

Em meio à série de denúncias de casos de violência policial nas últimas semanas, cresceu também nos últimos meses o número de pessoas mortas por policiais militares no estado. 

Para o coronel Marcelino Fernandes, que chefiou até fevereiro deste ano a Corregedoria da corporação — órgão responsável por investigar possíveis irregularidades de policiais militares —, a situação é fruto direto de ações e de discursos do governador João Doria (PSDB). 

Doria foi eleito governador de São Paulo nas eleições de 2018 afirmando que, durante sua gestão, a polícia iria "atirar para matar". 

No dia em que foi eleito, prometeu "os melhores advogados" aos policiais que matam no estado. Depois, elogiou ação da polícia com 11 suspeitos mortos e afirmou que a redução da letalidade policial seria algo que poderia acontecer, mas sem obrigatoriedade. 

A política de segurança do governador causou alta na letalidade policial.

Fonte: UOL Notícias

Esperando pelo novo normal

Nesses tempos de pandemia, em que a vida virou de cabeça pra baixo, a gente precisa prestar atenção nas mudanças de comportamento que todos sofremos em função das alterações bruscas do nosso dia a dia.

Assiste-se à partida de conhecidos e de amigos próximos, quando não, sofre-se com a morte de parentes, experiências ambas pelas quais tive o dissabor de passar.

De quebra, temos vivido uma crise política que poderia não existir se todo o país seguisse uma diretriz central a partir de Brasília, que norteasse o combate ao coronavírus.

Nos últimos dias houve um arrefecimento dessa guerra estúpida, na qual jamais poderá haver um vencedor, guerra em que a ignorância e a teimosia tomaram o lugar do bom senso.

Temos acompanhado tudo isso de casa, estarrecidos com a falta de capacidade gerencial do presidente Jair Bolsonaro, de um lado, e as trapalhadas de alguns governadores, de outro lado. Trapalhadas essas com cheiro de forte de malversação do dinheiro público, que também atende pelo nome de corrupção.

Nem mesmo diante de uma situação de calamidade pública, os governadores do Pará e do Amazonas tiveram o zelo que se exige de um agente público de primeiro escalão, ordenador de despesas. Helder Barbalho e Wilson Lima meteram o pé na jaca.

Quanto ao presidente da República, pode-se dizer o que quiser sobre o seu atabalhoamento enquanto mandatário máximo da nação, o que é patente, todavia, ninguém levanta nenhuma suspeita sobre a correção dos atos do governo federal na administração dos recursos públicos.

Como eleitor de Helder, em quem votei no primeiro e no segundo turnos, fiquei muito decepcionado com o envolvimento do governo do Estado em acusações pesadas, que vão de comprar de empresas não habilitadas para fazer negócios em determinados volumes, à aquisição de respiradores por preços superfaturados.

Esforcei-me bastante para tentar conseguir entender, porque o governo Estado do Pará alugou algumas ambulâncias por mais de R$ 8 milhões, por um período curto, se com esse dinheiro daria para comprar uma carrada de ambulâncias de primeira linha, devidamente equipadas.

E o secretário licenciado de Saúde do Estado, Alberto Beltrame? Atolado até o pescoço nas acusações sobre a aquisição de respiradores e garrafas peti, vou ficar esperando que ele consiga comprovar sua inocência que jurou defender, afirmando que sua honra é o que ele tem de mais sagrado. Só provando, porque ficou difícil de acreditar.

O conterrâneo Wilson Lima é outro que tem muita coisa para explicar. São diversas as acusações contra ele, que trocou seu secretário de saúde, um infectologista respeitado, por uma ex-secretária de Saúde de Indaiatuba, SP, a qual já respondia a alguns processos por causa de coisas erradas que fez lá, e que foi presa por conta de compras mal feitas para combater a Covid-19, em Manaus.

O MPF e a Polícia Federal trabalham no levantamento de irregularidades no uso do dinheiro público em doze estados brasileiros, quase a metade das unidades da federação. Isso quer dizer que em no país ainda é grande o número de eleitos que estão de olho apenas no cofre. A corrupção continua sendo endêmica e de difícil combate.

Assisto a tudo, confinado, esperando passar o pior da pandemia. Vejo o meu Brasil brasileiro com pouca ou quase nenhuma mudança, patinando, hora na corrupção, hora na incompetência, ou nas duas.

Espero a volta do novo normal para ver como vamos fazer para sair do atoleiro da economia em que a pandemia nos meteu. Vai ser um trabalho árduo, que exigirá esforço de todos.

Jota Parente

quinta-feira, julho 02, 2020

'Todos temem ser o próximo Facebook', diz ativista por trás de boicote à rede social

Jessica González, da organização Free Press, é uma das ativistas por trás do boicote ao Facebook Foto: Divulgação

Para Jessica González, codiretora executiva da organização Free Press, movimento está 'causando muita dor de cabeça' para Mark Zuckerberg

RIO — Descendente de mexicanos nascida nos EUA, Jessica González sempre atuou na defesa de minorias, sobretudo os hispânicos. À frente da Free Press, ela lidera, ao lado de outras organizações como a Anti-Defamation League e a Color of Change, a campanha #StopHateforProfit, que fez o Facebook sofrer um tombo de 8% no mercado de ações na sexta-feira por ter falhado em combater o ódio na rede social.

Qual o principal propósito de pedir às empresas que parem de anunciar no Facebook?

O principal é obter reformas amplas no Facebook, a fim de parar a livre circulação do ódio na plataforma.

O alvo é só o Facebook ou outras mídias sociais também?

Nessa campanha específica, a #StopHateforProfit, decidimos focar no Facebook. Mark Zuckerberg sempre foi teimoso em relação a reformas. Mas estamos vendo um efeito cascata no mundo tech, porque todos temem ser o próximo Facebook e o próximo alvo da campanha.

Nos últimos dias, vimos o Twitch, que pertence à Amazon, tirar temporariamente do ar o presidente dos EUA por violação da política de conduta odiosa. E vimos uma mudança completa nas políticas do Reddit. Vimos o YouTube derrubar vários supremacistas brancos que há anos pedíamos que fossem tirados do ar. 

Então, ainda que nosso alvo neste momento seja o Facebook, estamos vendo os impactos disso. Vários anunciantes suspenderam os anúncios em todas as redes sociais, outros no Facebook e no Twitter, as duas principais plataformas.

O Facebook foi avisado antes da campanha?

Nossas organizações vêm se reunindo com o Facebook há anos. Muitos de nossos parceiros falaram diretamente com Zuckerberg. Tenho contato com funcionários do Facebook ao menos uma vez por semana. Acho que eles apenas adotaram uma estratégia de apaziguamento. Tomam uma atitude simbólica para que nos afastemos. Mas não aplicam nenhuma das políticas que estão nos manuais.

Com esse boicote, Zuckerberg ouvirá o apelo?

Eu acho que ele está ouvindo. Se fará alguma coisa, é outra questão. Eles estão tomando conhecimento das reportagens na mídia, eles têm uma estratégia de relações públicas com os anunciantes, que continuam a cair. Isso está causando muita dor de cabeça a Zuckerberg e suscitando questionamentos de seus colegas e do Conselho de Administração.

Ele já anunciou mudanças. A resposta foi suficiente?

Insuficiente. O Facebook já tinha algumas dessas políticas, mas não eram aplicadas corretamente. Estou contente que ele proteja imigrantes. Essa é uma tática de Trump e dos comitês que o apoiam: promover conteúdo anti-imigração, antinegros e islamofóbico no Facebook. Mas continuaremos a campanha até que o Facebook faça algo significativo.

Como vocês se articularam com as empresas?

A estratégia foi desde o contato direto com as empresas à pressão pelas redes.

Quando a Unilever aderiu, o boicote ganhou força. Foi um momento de virada?

Acho que a Unilever foi um marco, e estamos conseguindo o apoio de outras grandes, como Target, Coca-Cola e Verizon.

A senhora acha que a campanha pode causar um prejuízo sério à receita do Facebook?

Acho que mostramos que podemos mobilizar anunciantes contra o ódio. Deixamos uma marca no Facebook. Eles perderam US$ 56 bilhões no mercado de ações semana passada. Continuarão a ganhar dinheiro? Sim. Vão esquecer o dia em que seus papéis caíram 8% e Zuckerberg perdeu US$ 15 bilhões de sua fortuna pessoal? Não.