sexta-feira, julho 09, 2021

Ou vai sair bem feita ou não vai sair, diz Guedes sobre reforma do IR

Alvo de críticas por causa do conteúdo da reforma do IR (Imposto de Renda), o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta sexta-feira (9) que a proposta não vai gerar aumento de tributação. Segundo ele, ou a medida sai bem feita ou não sai.

Em videoconferência promovida pela FGV (Fundação Getulio Vargas) em homenagem ao economista Carlos Langoni, falecido em junho, o ministro disse que as propostas “nunca ficam do jeito que a gente quer”, mas voltou a afirmar que o texto está na direção correta.

“Vai sair bem feita ou não vai sair, não vai ter esse negócio de aumentar imposto”, declarou.

O ministro defendeu o fim da isenção sobre dividendos, ponto do texto que vem sendo criticado por empresários. Pela proposta, haverá cobrança de 20% sobre a distribuição desses recursos —ganhos mensais de até R$ 20 mil seguirão isentos.

Para Guedes, o ideal seria que todos os tipos de renda, inclusive os ganhos com dividendos, fossem taxados por meio da tabela do IR da pessoa física, que hoje varia de 7,5% a 27,5%. Ele afirma, no entanto, que isso não poderá ser feito no momento.

“A renda dos mais ricos, não interessa se vem de salário, de aluguel, de bônus bilionários ou se vem de dividendos. Ela deveria cair no progressivo e ponto final. Nós temos tecnologia para fazer tudo direito, mas você sabe que tudo é mais difícil no mundo real, tem lobby, tem pressão”, afirmou.

Na reunião, o ministro ainda fez elogios ao ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. Guedes afirmou que ele fez um trabalho extraordinário à frente da estatal.

Em fevereiro deste ano, Bolsonaro trocou Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna no comando da petroleira por críticas à política de preços da empresa. A troca foi interpretada pelo mercado como interferência do governo na estatal.

Datafolha: 56% reprovam gestão Bolsonaro na pandemia e 46% consideram o presidente o culpado pela crise

Na pesquisa estimulada de primeiro turno, Lula fica à frente com 46%, ante 25% do presidente; Ciro marca 8%


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou sua vantagem pelo atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (sem partido), em citações espontâneas registradas pelo Instituto Datafolha.

Lula também lidera nos dois cenários apresentados para o eleitor e em todas as simulações de disputa de segundo turno —naquela em que enfrenta o presidente, ganha por 58% a 31%.

Os achados estão no mais recente levantamento do Datafolha, feito quarta (7) e quinta-feira (8). Nele, 2.074 eleitores foram ouvidos presencialmente pelo Brasil. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os dados da pesquisa confirmam as avaliações no meio político sobre o duopólio atual entre o petista e o presidente, com espaço exíguo neste momento para um nome da chamada terceira via.

No levantamento anterior do Datafolha, feito em 11 e 12 de maio, Lula tinha 21% na espontânea, Bolsonaro marcava 17% e Ciro Gomes (PDT), 1%. Agora, o petista pula para 26%, o presidente oscila para 19% e o pedetista, para 2%.

Outros candidatos marcam 2%, como em maio, e votam em nulo ou branco 7% (8% antes). O natural índice dos que dizem não saber passou de 49% para 42%.

Nos dois cenários de primeiro turno testados pelo Datafolha, os principais rivais estão na mesma. Lula fica à frente com 46%, ante 25% do presidente. Ciro marca 8% numa e 9%, na segunda. Numa hipótese e noutra, 10% dizem que não votam em ninguém.

Nesse cenário, em votos válidos Lula chega a 52%, o que dentro da margem de erro lhe garantiria a vitória em primeiro turno na eleição.

A diferença fica na conta do PSDB, que num cenário tem João Doria, o governador paulista que confirmou no período que vai disputar as prévias para tentar ser o presidenciável do partido, e noutro, Eduardo Leite, que governa o Rio Grande do Sul e também postula a nomeação.

Com o paulista no primeiro cenário, os tucanos chegam a 5%, enquanto o DEM com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta chega a 4%. Todos embolados tecnicamente entre si e com Ciro.

Já na segunda fotografia, com o gaúcho, o tucano faz 3%, e o ex-ministro, 5% —empatando com o pedetista no limite da margem de erro.O tabuleiro político se mexeu bastante de maio para cá. Lula seguiu amealhando triunfos jurídicos, vendo anuladas sentenças de Sergio Moro contra si pela suspeição do ex-juiz da Operação Lava Jato, enquanto Bolsonaro desceu mais alguns degraus na crise política de seu governo.

Ao desastre na condução do combate à pandemia da Covid-19, que ultrapassou os 500 mil mortos no período, o presidente viu adicionadas acusações de corrupção em seu governo.

Elas foram evidenciadas pelos trabalhos da CPI da Covid no Sendo e pelo surgimento de casos como a estranha negociação de vacinas por propina denunciada à Folha.

Bolsonaro acabou alvo de inquérito para apurar se prevaricou por não agir contra seu líder na Câmara, Ricardo Barros, apontado como chefe dos esquemas no Ministério da Saúde. Usou termos chulos para falar sobre a CPI.

Ato contínuo, a rua, que já havia protagonizado dois dias de protesto com forte sabor esquerdista e pró-Lula, carimbou em Bolsonaro a pecha de corrupto. Como o mesmo Datafolha aferiu, colou. E ajudou a aumentar ainda mais a reprovação do governo.

Doria, por sua vez, se assumiu postulante à vaga de candidato tucano. Já Leite fez manchetes na semana passada ao se declarar gay, no que foi fustigado por Bolsonaro, notório homofóbico.

Até aqui, isso não se reverteu em voto no conjunto de 4% da amostra do Datafolha que se diz homossexual ou bissexual: os mesmos 3% do público em geral escolhem Leite.

Em favor do gaúcho há o desconhecimento, que o leva a ter a menor rejeição entre todos os especulados no levantamento: 21%. Junto a ele está Mandetta, com 23%, e Ciro surge com 31%.

Doria tem 37% de rejeição, empatado com Lula. Já Bolsonaro tem 59% dos eleitores a dizer que não votam nele de jeito nenhum.

É uma péssima fotografia, que naturalmente diz respeito a este momento, e casa com a reprovação recorde a Bolsonaro apontada na mesma pesquisa —de 51% entre os ouvidos.

Não se sabe ainda o impacto mais imediato das questões de corrupção, do hoje improvável processo de impeachment de Bolsonaro e o eventual alívio que possa vir de uma retomada econômica que atinja empregos e da vacinação contra Covid-19 mais amplas.

É uma cornucópia entregando fatores diversos, o que impede juízos imediatos apesar dos números superlativos desta pesquisa.

Na base lulista do Nordeste, por exemplo, a rejeição a Bolsonaro chega a 70%. Até aqui, as políticas compensatórias do auxílio na pandemia não impactaram positivamente a avalição do presidente, talvez por insuficientes.

O segundo turno traz o presidente, assim, derrotado em todos os cenários se o pleito fosse hoje.

Num raro alento a Doria, que luta para levar a indicação tucana em novembro, ainda que seu entorno creia que isso só será definido em março ou abril, a pesquisa mostra ele ultrapassando Bolsonaro num segundo turno.

Passou de 40% para 46%, ante maio, enquanto o presidente caiu oscilou negativamente no limite da margem, de 39% para 35%.

O dado só é animador para os tucanos por mostrar que Doria pode se mostrar como um candidato viável para ocupar o lugar de Bolsonaro no segundo turno, pela comparação direta com o presidente.

Mas hoje, no embate com Lula no "round" final, perde por 56% a 22%, números estáveis em relação a maio.

Doria enfrenta grande rejeição no Nordeste, por exemplo. Só tem 1% de intenção de votos por lá. E 55% dos eleitores de Bolsonaro, na simulação de primeiro turno que inclui o tucano, dizem que nunca votariam nele —ambos disputam uma luta encarniçada acerca do manejo da pandemia.

Fonte: Folhapress

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco diz que confia na Justiça Eleitoral e que quem pretender retrocesso democrático será considerado inimigo da nação

Senador concedeu entrevista à imprensa nesta sexta-feira após Bolsonaro levantar novas suspeitas sobre a segurança das próximas eleições

BRASÍLIA — Após o presidente Jair Bolsonaro voltar a colocar em dúvida a segurança das eleições, o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que "todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito será apontado pelo povo brasileiro como inimigo da nação". Pacheco disse que confia na Justiça Eleitoral brasileira e que não acredita que o sistema esteja suscetível a fraudes em 2022.

— Não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção que seja atentatória à democracia ou que estabeleça um retrocesso na democracia. Tudo quanto houver de especulações em relação a algum retrocesso á democracia, como a frustração das eleições próximas, é algo que o Congresso, além de não concordar, repudia veementemente. Nós não admitiremos nenhum retrocesso nesse sentido.

Pacheco também manifestou solidariedade ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, chamado de "imbecil" por Bolsonaro. "Discordo de qualquer ataque pejorativo que seja feito a ele (Barroso) ou a qualquer cidadão."

Em mais de um momento, Pacheco garantiu que as eleições acontecerão no próximo ano. Ele reforçou que as eleições e a democracia são inegociáveis:

— As eleições são uma realidade da democracia brasileira, são inegociáveis e o formato dessas eleições, que é algo que se discute muito hoje na sociedade, sobre a manutenção do formato atual ou de uma nova tecnologia através do voto auditável, é uma discussão que haverá de se ter com todos os personsagens da República, mas sem ataque a pessoas. Essa discussão não será feita pelo Executivo, não será feita pelo TSE, e sim pelo Congresso.

— Nesse momento precisamos de união de pacificação de busca de consenso, mas também precisamos também de firmeza para poder afirmar princípios e preceitos constitucionais que não serão transigidos em hipótese alguma pelo Congresso Nacional — disse Pacheco em outro momento.

Fonte: O Globo

Helenilson Pontes fala sobre possível candidatura para governador do Pará nas eleições 2022

Helenilson Pontes, presidente regional do Partido Social Democrático (PSD), em sua passagem por Santarém concedeu entrevista ao O Impacto, onde falou sobre os planos políticos do seu partido para as próximas eleições e respondeu questões sobre a possibilidade de sair futuramente como um dos candidatos a governador do Pará no pleito de 2022. 

Segundo Helenilson, que é um respeitado tributarista e na vida pública já ocupou o cargo de vice-governador, além de ter disputado a última eleição para o senado federal, a intenção é oferecer para o eleitor paraense mais uma opção de voto além dos grupos políticos que têm dominado o estado do Pará nos últimos 40 anos. Acompanhe:

O Impacto – O senhor poderia nos falar um pouco sobre o seu trabalho no PSD?

Helenilson – Nós fizemos um trabalho muito sério, duro e importante no PSD na eleição municipal. Eu organizei o partido no estado inteiro e saímos das urnas como a segunda maior força política do Pará, atrás apenas da força política capitaneada pelo governador do estado. Mas temos 18 prefeitos em cidades importantes, 27 vice-prefeitos e mais de 150 vereadores espalhados em mais de 80 cidades, além de termos disputado prefeituras nas maiores cidades, como Belém, Ananindeua e outras. O partido está muito bem posicionado no cenário municipal, saiu das urnas muito bem condicionado e estamos construindo para o ano que vem uma alternativa ao povo que fuja daquilo que acontece no estado nos últimos 40 anos, em que a política foi dominada por dois grandes grupos políticos, um familiar e outro de coloração partidária.

Então estamos construindo junto de outras pessoas que pensam igual uma candidatura que possa ser de centro-direita, que tenha compromisso com alguns valores como a melhoria da gestão pública, a ética na gestão, o respeito pelo povo do Pará e principalmente pelo povo do interior, que nunca teve a oportunidade de lançar uma candidatura ao governo do estado. A classe política em Belém nunca permitiu que uma candidatura nascesse no interior, dentro de um partido forte como o PSD, então a ideia é que a gente possa trazer para a sociedade uma opção democrática. Não é contra A ou B, é uma opção apenas diferente de tudo aquilo que existe e a gente quer mostrar que existe sim uma possibilidade de um novo rumo, novas ideias e novas soluções para os problemas do povo paraense.

O Impacto – O PSD fez parte de apoio a candidatura do atual governador?

Helenilson – O PSD estava muito dividido aquela altura, mas formalmente a sigla caminhou com o governador. Outra parte considerável dos deputados caminhou com o candidato do governo Márcio Miranda, então havia uma disputa interna muito grande, por isso nós não apresentamos nem candidatura majoritária. E hoje o partido está com outra cara, mais unido, e há uma compreensão de que é preciso que o PSD ocupe uma posição de protagonismo. Na democracia nós precisamos apresentar as opções para que o povo desista de quem não quer mais e decida e aponte os futuros que ele deseja.

O Impacto – Agora o pensamento é uma candidatura própria a governador?

Helenilson – Sim, a nossa ideia é apresentar uma candidatura a governador e se possível a senador também. Estamos conversando com outros personagens que pensam como nós e que têm a possibilidade de se apresentarem no cenário político como novidade. Eu tenho andado pelo estado todo e percebo uma ansiedade das pessoas por gente diferente, que tenha a possibilidade de apresentar novas alternativas e caminhos ao estado do Pará.

O Impacto – É dessa ideia que vem a questão do Pará merece mais/melhor?

Helenilson – O Pará merece mais porque não vamos conseguir mudar a realidade do povo com as mesmas regras do jogo e nem com as mesmas pessoas. É preciso que a gente pense fora da caixinha, apresente novas soluções. Eu acredito que a questão fiscal, por exemplo, é seriíssima, pois o Pará tem um dos menores orçamentos por habitante do Brasil, e tem uma das mais altas taxas de ICMS sobre energia elétrica, além de prejuízos bilionários com a não tributação da mineração.

São questões muito graves e que impactam diretamente o povo. Você sabia que se tributássemos apenas a exportação de minério, nós poderíamos dispensar o ICMS de todos os paraenses e de todas as empresas paraenses? Nós pagamos 25% na energia elétrica quando poderíamos pagar zero se tivéssemos a tributação das mineradoras que daqui tiram bilhões de dólares todos os anos de minério. Além da revisão da tributação da energia que mandamos para o resto do Brasil, pois quem fica com o ICMS dessa energia é São Paulo, o Rio de Janeiro, os estados grandes e desenvolvidos. 

O paraense fica com a pobreza. Nós somos o 11º estado em PIB, mas em produto e renda somos o 3º pior. Então é isso o que eu quero discutir, como é que pode nós vivermos em um estado tão rico, com tanta riqueza natural, e termos o 3º povo mais pobre?

O Impacto – É verdade que um grupo, envolvendo Helenilson, Simão Jatene, Zequinha Marinho e outros, está se aglutinando para enfrentar a máquina do governo hoje?

Helenilson – Meu nome saiu nessas notícias, mas quero deixar claro que não faço parte de grupo nenhum. Eu sou presidente estadual do PSD e temos um projeto político partidário que não é exatamente o caminho que está sendo trilhado por essas lideranças. Cada uma delas tem os seus próprios objetivos e desejos, e nós estamos construindo algo independente no PSD. Eu tenho conversado com todos esses personagens, mas não há nenhum tipo de entendimento no sentido de fazer bloco ou formar grupo como alguns blogs e sites noticiaram.

Haiti pede que Estados Unidos mandem forças para estabilizar o país

Os temores de que o já frágil país mergulhe ainda mais em turbulência após o assassinato do presidente estão crescendo. 
Dois americanos presos na investigação afirmam ter sido apenas “tradutores” da operação, segundo um juiz que os entrevistou.

Funcionários do governo haitiano tomaram a medida extraordinária de solicitar que os Estados Unidos enviem tropas para proteger o porto, aeroporto, reservas de gasolina e outras infraestruturas do Haiti, enquanto o país sofre ameças de turbulência após o assassinato brutal do presidente Jovenel Moïse na manhã de quarta-feira .

O Haiti tem um histórico de intervenções militares americanas indesejadas. Mas tem crescido o temor de que a agitação nas ruas e a turbulência política após o ataque possam piorar o que já é a pior crise do país em anos. O Haiti é atormentado por intrigas políticas , violência de gangues , uma crise de saúde pública causada pela pandemia.

O ministro das eleições haitiano, Mathias Pierre, disse que o pedido foi feito porque o presidente Biden e o secretário de Estado Antony Blinken haviam prometido ajudar o Haiti.

A vice-porta-voz do Departamento de Estado, Jalina Porter, disse em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, que não poderia confirmar tal pedido. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os Estados Unidos enviariam altos funcionários do FBI e de segurança interna a Porto Príncipe “o mais rápido possível” para determinar como ajudar o Haiti.

As autoridades haitianas disseram que o assassinato envolveu forças “estrangeiras” e a polícia identificou mais de duas dezenas de pessoas envolvidas no assassinato do presidente, incluindo 26 colombianos e dois americanos de ascendência haitiana.

O presidente da Colômbia pediu a vários oficiais de inteligência do país e a um oficial do escritório central da Interpol na Colômbia para viajar ao Haiti para ajudar na investigação, disse o Departamento de Defesa da Colômbia na sexta-feira.

Pierre, o ministro das eleições haitiano, disse que o país já enfrenta um grande problema com “terroristas urbanos” que podem usar a oportunidade para atacar as principais infraestruturas do país enquanto a polícia está concentrada em sua caçada as assassinos que ainda não foram presos. Dezessete pessoas foram presas pela política haitiana acusas de participar do crime.

Entre os presos encontram-se militares da reserva da Colômbia, fato que levou o presidente Ivan Duque a determinar que a polícia colombiana mande uma equipe ao Haiti para ajudar nas buscas pelos culpados ainda livres e nas investigações. O presidente Duqui conversou com o primeiro ministro haitiano, ao qual prestou total apoio e pediu que os assassinos sejam exemplarmente punidos com todo rigor.

“O grupo que financiou os mercenários quer criar o caos no país”, disse ele. “Atacar as reservas de gás e o aeroporto pode fazer parte do plano.”

Robenson Geffrard, repórter do Le Nouvelliste , um dos principais jornais do país, disse que uma "sensação de incerteza" e uma "sombra de violência" pairavam sobre a capital, Porto Príncipe, levantando temores de que sexta-feira mais ou menos calma foi apenas passageira intervalo antes que a situação saia do controle novamente.

“Nos supermercados e mercados públicos, as pessoas estão se acotovelando” para estocar produtos básicos como arroz e macarrão, disse Geffrard, e há filas nos postos que vendem gás propano, geralmente usado para cozinhar.

O país está mergulhado em uma crise institucional, com um Parlamento que não funciona e reivindicações concorrentes de liderança. O primeiro-ministro interino do país caribenho, Claude Joseph, diz que assumiu o comando da polícia e do exército. Mas o presidente, dias antes de sua morte, indicou um novo primeiro-ministro, Ariel Henry. Henry disse a um jornal local após o assassinato que era o primeiro-ministro de direito.

A situação ficou ainda mais complicada pela pandemia. Embora existam muitas incertezas jurídicas, no passado esperava-se que a alta cúpula da justiça do país preenchesse os vácuos de liderança política. Mas o juiz René Sylvestre, que era um dos nomes respeitados para assumir morreu de Covid-19 em junho.

O Haiti, o único país das Américas sem uma campanha ativa de inoculação de Covid-19, praticamente não tem doses de vacina, e especialistas em saúde pública dizem que o coronavírus está muito mais disseminado lá do que o relatado publicamente .

Psaki disse que os Estados Unidos enviarão vacinas ao Haiti, possivelmente já na próxima semana.

Com a perspectiva de uma turbulência maior se aproximando, os observadores internacionais temem que uma crescente crise humanitária possa levar ao tipo de êxodo que se seguiu a desastres naturais, golpes de Estado e outros períodos de profunda instabilidade.

A Organização Pan-Americana da Saúde disse em um comunicado que a crise estava “criando uma tempestade perfeita, porque a população baixou a guarda, a infraestrutura dos leitos Covid-19 foi reduzida, a situação de segurança pode piorar ainda mais e a temporada de furacões começou . ”

The New York Times - Natalie Kitroeff , Catherine Porter e Michael Crowley
Tradução: Jota Parente

Podcast do Jota Parente: Magno Nascimento fala do Itapacurá Park & Residence, uma coisa de futuro, no presente

É preciso muita coragem e planejamento para se lançar em um empreendimento de tão grande magnitude como o ITAPACURÁ PARTE & RESIDENCE, que começou a sair do papel esta semana, pela iniciativa do contador e empresário Magno Nascimento.

Trata-se de um audacioso projeto, que vai mesclar residências em uma área que conta com dez quadras e 300 lotes, com entretenimento.

Neste podcast, Magno explicado em todos os detalhes, o que é o Itapacurá Park & Residence, na margem direita do Rio Itapacurá Grande.

Confira o mapa abaixo.

https://soundcloud.com/jparentedesousa/magno-nascimento-itapacura-park-residente#t=0:02



quarta-feira, julho 07, 2021

Haiti: A história violenta de um país que teve seu primeiro presidente esquartejado, há 200 anos


Em menos de cem anos, toda a população nativa havia sido escravizada ou morta, enquanto aquelas terras se tornavam um dos principais destinos de negros raptados da África para trabalhar sob tortura em lavouras de açúcar, cacau e café. A partir de 1791, uma revolução faria do Haiti o primeiro país das Américas a abolir a escravidão e o segundo a se declarar independente. Mas a insígnia da violência jamais zarpou daquele naco de terra no Caribe.

Jovenel Moïse: Presidente haitiano é assassinado dentro de casa

Em 1697, a parte ocidental da ilha, onde fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha, que manteve a porção Leste, onde hoje fica a República Dominicana. O Haiti se tornou, então, a mais próspera colônia francesa das Américas, apelidada de "Pérola das Antilhas". Mas tanta riqueza era gerada às custas de milhares de negros escravizados, vítimas de doenças como a febre amarela, abusos físicos e execuções (a expectativa de vida na região não passava de 21 anos de idade).


Influenciados pelos ideais de igualdade e liberdade da Revolução Francesa de 1789, os cativos começaram uma série de revoltas a partir de 1791, depredando engenhos e matando milhares de proprietários de terra. A rebelião se espalhou e, três anos mais tarde, os governantes franceses, pressionados, aboliram a escravidão.

Nascido na colônia caribenha, o escravizado Jean-Jacques Dessalines trabalhava em uma plantação de cana-de-açúcar até se tornar um dos líderes da Revolução Haitiana, comandada por outro ex-cativo chamado Toussaint L'Overture, hoje considerado o grande herói da libertação do Haiti.

Entenda: A crise política que culminou com morte do presidente haitiano

Para obter o fim da escravidão, L'Overture se aliou à França no esforço de repelir invasores britânicos e, mais tarde, foi nomeado general e governador da província. Entretanto, ele foi preso em 1802 e deportado para Paris, enquanto o estadista Napoleão Bonaparte tentava, traiçoeiramente, restaurar a escravidão na província caribenha. Foi quando Dessalines reuniu novamente as tropas de revoltosos e, após meses de batalhas, derrotou de uma vez por todas o exército colonial francês.

Em 1º de janeiro de 1804, Dessalines decretou a independência do Haiti e, em setembro do mesmo ano, declarou-se imperador do país. Entre os meses de fevereiro e março daquele ano, o governante exortara sua população a executar todos os brancos, e mesmo os filhos de franceses, que não tinham fugido. Acredita-se que mais de 3 mil pessoas tenham sido mortas naquele genocídio, entre elas muitas mulheres e crianças filhas de fazendeiros e militares. 
Ditadura: Os anos de terror no Haiti com Papa Doc e seu filho, Baby Doc

Na tentativa de resgatar uma economia devastada após a morte de mais de 200 mil haitianos durante as revoltas contra a França, Dessalines obrigou todos os homens a trabalhar como soldados ou em plantações destinadas à exportação. Seu governo era tão rígido ao exigir o cumprimento de suas ordens que muitos haitianos achavam que haviam sido escravizados mais uma vez.

O primeiro governante haitiano não viveu por muito mais tempo. Em outubro de 1806, Dessalines foi vítima de um motim apoiado por boa parte da população, que o via como um tirano. Relatos descrevem de formas diferentes a maneira como ele foi atacado e morto na capital, Port-au-Prince, mas é sabido que seu corpo teve membros e a cabeça arrancados e expostos em diferentes partes da cidade. O assassinato não amenizou a tensão, e o país mergulhou numa guerra civil.

Terremoto: A tragédia que destruiu a capital do Haiti, em 2010

Em 1825, nenhum governo havia reconhecido a independência do Haiti. Era uma retaliação das potências à matança de pessoas brancas. Para obter reconhecimento de seus antigos exploradores, o então presidente do país caribenho, Jean-Pierre Boyer, assinou com a França um acordo no qual o Haiti reduzia em 50% as tarifas de importações da França e uma indenização de 150 milhões de francos (mais de US$ 20 milhões em valores atuais), equivalente a um ano de receitas na ex-colônia. O país recorreu a empréstimos extorsivos e só terminou de pagar a dívida em 1947.

A história do Haiti continuou marcada por conflitos, miséria, tragédias naturais e instabilidade política. Desde sua independência, o país teve dezenas de governantes assassinados ou depostos, além de longos períodos de ditadura.

O Globo