Clima reduz produtividade no campo em até 45% e terá impacto para o consumidor
Há dois meses um caminhão-tanque rega pés de laranja, tangerina, limão, macadâmias e abacateiros na Fazenda Lagoa, em Brotas (SP). É a primeira vez em 20 anos que as árvores adultas precisam ser molhadas para não morrerem com a seca. A partir de hoje, o caminhão vai circular durante a madrugada.
Com previsão de temperaturas perto de zero grau, o pomar será pulverizado com água para derreter a camada de gelo formada pela geada. Só assim é possível evitar que as plantas queimem com os primeiros raios de sol.
Nunca vi uma seca como essa. Ano a ano está mais seco e mais quente. E agora vieram as geadas. O clima está do avesso — diz Eder Marciano, gerente de 6 mil hectares em fazendas nas cidades de Botucatu, Bauru e Ocauçu, além de Brotas.
A consequência dos eventos climáticos extremos, como a seca ou geada, é o impacto nos preços dos alimentos. O economista Sérgio Vale, da MB Associados, afirma que o consumidor vai sentir primeiro o aumento nas hortaliças e frutas.
Segundo ele, em vários outros produtos, só será possível voltar ao equilíbrio na próxima safra:
— O cenário do segundo semestre é de aumento de preços, justamente no momento em que o país terá a população vacinada e um retorno mais intenso do consumo.
A inflação desse grupo de produtos vinha perdendo força este ano, depois de ter respondido por boa parte da inflação de 2020. As expectativas eram que os preços dos alimentos se estabilizassem. O que não está se confirmando.
Fonte: O Globo