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Nossa última foto, na Câmara |
Sidney Mota Cardoso, o Ney Gordo, morreu ao
raiar do dia 04 de agosto, quarta-feira. Eram 05:30 da manhã, quando ele partiu
prematuramente para a eternidade aos 48 anos de idade, no Hospital Regional do
Tapajós. Deixou três filhos, entre os quais, o repórter David Cardoso.
Portador de diabetes há muitos anos, o qual tinha muita dificuldade para controlar, já no decorrer do mês de julho começou
a sentir as consequências da doença. Inicialmente, perdeu completamente a visão
de um dos lados, enquanto o outro enfraqueceu muito rapidamente.
No dia 20 de julho, uma terça-feira, encontramo-nos
pela última na casa do prefeito Valmir Clímaco, onde eu tinha ido fazer uma
reportagem. Na oportunidade eu perguntei o que ele tinha, porque estava com a
aparência muito abatida. Ele me contou os problemas pelos quais estava
passando.
No sábado,
dia 24/07, Ney piorou e foi hospitalizado no HMI por conta das complicações do
diabetes. Lá foi constatado que ele estava com os rins muito comprometidos a
ponto de precisar fazer hemodiálise. O secretário de Saúde, Iamax Prado, tratou
de agilizar o TFD (Tratamento Fora de Domicílio), mas, esbarrou na falta de
leito no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém.
Quando surgiu o leito esperado, Ney testou positivo
para Covid-19, pois faz parte do procedimento para a ida de pacientes de outros
municípios para Santarém, fazer o reste. Dessa forma, precisou ser internado no
Hospital Regional do Tapajós, onde veio a falecer.
Tive oportunidade de conversar com ele pela última
vez, dois dias antes de ser transferido para o HRT. Quem atendeu a chamada foi
sua irmã Sandra, que me informou que ele já não estava mais enxergando nada, o
que ele me confirmou quando conversamos.
Mesmo diante de um quadro tão grave, no qual a
maioria das pessoas estaria extremamente abaladas, Ney falou comigo com voz
forte. Disse-me com todas as letras, que o médico havia lhe dito, que não sabia
como ele ainda estava vivo, porque seus rins estavam quase paralisados. Foi
isso.
Sidney Cardoso começou a trabalhar no rádio quando
era ainda muito jovem (16 anos), no começo de 1989, do mesmo modo que outro
saudoso profissional e amigo, Jr. Carvalho. Ambos, como sonoplastas ou
operadores de áudio, na Rádio Itaituba AM, hoje, Ita FM. Na ocasião, eu havia
assumido a direção da emissora.
Nas voltas que o mundo dá, em agosto de 2005
voltamos a ser parceiros, quando eu e a Marilene estávamos trabalhando para
lançar o Jornal do Comércio, sem dinheiro nenhum. Foi Ney quem me procurou para
perguntar se eu estava precisando de ajuda. Respondi que sim. Foi ele quem articulou
com o então prefeito Roselito Soares uma parceria com a Prefeitura de Itaituba,
que possibilitou a circulação das seis primeiras edições do JC.
Nos últimos tempos, continuamos nos encontrando,
pelo menos duas vezes por semana nas seções da Câmara Municipal, pois como eu,
raramente ele perdia uma. E foi lá que tiramos a última foto juntos, no final
do primeiro período legislativo da atual legislatura. Ele estava prestando
assessoria ao presidente Dirceu Biolchi.
Se não fosse um destacado integrante da Imprensa de
Itaituba, se vivesse em uma cidade grande, Sidney Cardoso poderia ter sido um grande
diplomata ou articulador político, porque diplomacia era que não lhe faltava,
pois, transitava com muita desenvoltura por todas as correntes políticas do
município.
Ney foi sempre uma pessoa de confiança do
ex-prefeito Roselito Soares, de cujo governo participou com destaque, dando-se
bem com todos, depois, trabalhou com a ex-prefeita Eliene Nunes, que tinha nele
um auxiliar confiável e bem articulado, e por último, aproximou-se do prefeito
Valmir Clímaco, cuja confiança conquistou sem precisar fazer muito esforço.
Difícil encontrar alguém que não gostasse dele.
Ano passado ele me convidou para montar uma chapa
para concorrer à presidência da Associação dos Profissionais de Imprensa de
Itaituba (API), no momento em que começavam as especulações a respeito da
eleição de uma nova diretoria. Respondi que agradecia pelo convite, mas, que
deixaria para os mais novos, com muito mais gás para queimar. Assim foi o nosso
caminhar. Agora, resta a saudade.
Jota Parente